A partir de 2019, o investimento em startups na América Latina, especialmente no Brasil, deu um super salto. Naquele ano foram mais de US$ 3 bilhões investidos em empresas no Brasil, de acordo com o Distrito, um recorde naquela época.
Um dos fundos que ajudou a liderar esse movimento de transformação na América Latina foi o Softbank, um dos maiores fundos de investimentos do mundo. Naquele ano, foi lançado o Latin America Fund, o maior fundo de tecnologia focado no mercado latino-americano de todos os tempos.
“Até então, todos os investimentos de venture capital da região, somados, não chegavam a US$ 600 milhões”, afirma Eduardo Vieira, Líder de comunicação, marca e assuntos corporativos do Softbank para a América Latina. Em 2019, o Softbank chegou à região com US$ 5 bilhões em caixa. Além do aporte financeiro, o Softbank também trouxe para a região um hub local focado em empreendedores latino-americanos, com escritórios em Miami, São Paulo e Cidade do México, além de um time de operações à disposição dos fundadores. E o investimento deu certo.
“Acredito que o Softbank enxergou antes da concorrência o potencial de inovação da região, as oportunidades de usar a tecnologia para ajudar a enfrentar os desafios locais e melhorar a vida de milhões de pessoas. A grande maioria da população nos países da região é mal atendida em quase todas as categorias de consumo. Há muito o que construir para tantas pessoas e empresas”, afirma Eduardo. “Há muita inovação ocorrendo na região e as oportunidades de negócios nunca foram tão fortes”, diz.
Por dentro do Softbank
Para transformar os ecossistemas de tecnologia e inovação na América Latina é preciso uma estrutura robusta, mas menor do que se imagina: entre os escritórios de São Paulo, Miami e México, são cerca de 50 pessoas trabalhando, lideradas pelos managing partners Alex Szapiro e Juan Franck.
Essas equipes são responsáveis por uma metodologia proprietária e confidencial, que define os processos de decisão de quais empresas receberão investimentos do Softbank na região. E os investimentos não são poucos: desde 2019 o Softbank já alocou US$ 7,6 bilhões na América Latina, por meio de dois fundos. De acordo com Eduardo Vieira, ainda há cerca de US$ 2,4 bilhões disponíveis para investir na região.
“De forma genérica, costumamos observar o nível de tecnologia utilizado pelas empresas, sua capacidade de disrupção, seu potencial de escala global, o tamanho do mercado em que a empresa está inserida, sua saúde financeira e, é claro, o time – com destaque especial para os fundadores”, conta Eduardo.
O fundo tem ainda um comitê executivo de investimentos próprio para os projetos da América Latina, com participação das lideranças locais e globais. “Nossas diligências costumam levar bastante tempo e são bem minuciosas”, explica.
Embora o Softbank – e todos os outros VCs – tenha anunciado em 2022 um freio nos investimentos, o grupo está só começando por aqui. “O setor [de tecnologia] é relevante, atraente e vai continuar crescendo, especialmente na América Latina”, garante Eduardo.
Enquanto o cenário não muda, o Softbank está dando um passo além: em parceria com o Distrito, o VC quer construir o maior levantamento sobre startups já feito na América Latina, a partir de um mapeamento de todos os segmentos que compõem o ecossistema de inovação na região. O objetivo, diz Eduardo, é entender a fundo quem são os empreendedores latinos, quantos são, onde estão e o que eles precisam para seguir transformando a realidade econômica e social da região por meio da tecnologia.
“Ainda estamos na fase inicial do ciclo de investimentos – e já contamos com a grande maioria dos unicórnios da região. Tivemos um cenário de oportunidades que foi bem aproveitado, e, agora, passamos por um freio de arrumação do mercado como um todo. O momento global é de restrição de liquidez, para todos os fundos, do venture capital ao private equity. Mas a partir do momento em que a conjuntura internacional for mais favorável, e a inflação global estiver sob controle, não tenho dúvidas de que voltaremos a ver grandes investimentos”, conclui.