Marco Poli é um dos maiores nomes do cenário de investimento-anjo do Brasil. Com um portfólio com dezenas de investimentos – inclusive um unicórnio -, Marco transformou sua trajetória profissional para transformar o ecossistema empreendedor do Brasil e do mundo.
“Sou engenheiro de formação, desde muito cedo sabia que era isso que eu queria fazer”, conta. Desde que se formou, pela Poli-USP, sempre empreendeu. “Depois da minha primeira empresa, abri mais outra, e depois mais outra… Essa veia empreendedora sempre esteve presente em mim”, diz.
E o gosto por liderar negócios não vem só da faculdade ou da inquietação de sua personalidade: Marco faz parte da terceira geração de uma família que empreende em mercados tradicionais. O gosto pela tecnologia também vem desde cedo. “Meu pai sempre foi um entusiasta da computação, então sempre tivemos em casa os primeiros computadores comercializados. Pelo interesse dele, comecei a me interessar também.”
Por ele, foram fundadas formalmente seis startups, mas há uma lista de dezenas de outros negócios que ele já criou ou ajudou a liderar ao longo dos anos. “Algumas ideias estão pausadas, outras na gaveta, mas a busca por novos modelos de negócio é incontável”.
O “fracasso retumbante” de Marco Poli
Obviamente, com tantas empresas tiradas do papel e tantas novas ideias a serem testadas, muito aprendizado viria ao longo do caminho. E uma dessas empreitadas Marco define como “um fracasso retumbante”, e conta as lições que aprendeu durante esse percurso.
“Escolhi o sócio errado, uma pessoa que não conseguia criar uma equipe, tentamos criar um produto analógico e o problema que estávamos nos propondo a resolver na época, os clientes ainda não estavam prontos para resolver.” A partir dali, a escolha de um cofundador, a definição do problema e a validação da solução se tornaram uma lição que Marco levou – com sucesso – para seus outros negócios.
Por ter conhecimento profundo dos desafios de empreender, Marco se tornou referência de mentor para os empreendedores nacionais: até hoje, mentorou mais de 3.500 startups. “Acredito fortemente em giveback. O ecossistema só se fortalece quando a gente se doa pra ele”, afirma.
Foi a partir de 2010 que Marco Poli, já experiente como fundador, começou a mentorar outros empreendedores e a investir em startups. Na época, as redes de investidores-anjo ainda eram incipientes, e as informações sobre o universo de startups ainda era grandemente pautado pelo que se fazia fora do país, especialmente no Vale do Silício.
E, ali, mais um aprendizado de ouro de sua trajetória: “meu primeiro investimento foi, com certeza, o pior que eu já fiz na minha vida”, conta. Com um mercado tão novo, em que todos os players ainda estavam aprendendo sobre como funcionava essa máquina de aporte em startup, as lições vieram cedo. “Estava tudo errado! O captable, o empreendedor, a equipe, o negócio, o fundo que queria investir na startup, o advogado que fez o contrato… Todo mundo estava errado, inclusive eu! Mas a gente não sabia disso ali na hora, foi ali que aprendemos”.
Transformando o ecossistema
Depois desse primeiro investimento, há mais de uma década, Marco Poli investiu em mais 52 startups, no Brasil e no exterior. Uma delas é a Brex, fintech fundada por brasileiros que se tornou unicórnio com menos de dois anos de atuação.
Sobre sua tese de investimentos, Marco conta que essa definição muda ano a ano, para que ela se adapte tanto ao mercado quanto às suas experiências. “Hoje eu foco em fintechs, insurtechs, SaaS e B2B”, diz. Mas existem mercados em que Marco Poli evita investir. “Se eu tenho um investimento de capital muito grande para muito risco de falha, eu costumo não investir. Geralmente é desse tipo de mercado que mais saem unicórnios, mas eu prefiro não aportar”.
Grande parte do portfólio do investidor é composto por startups brasileiras e estadunidenses, mas Marco olha com proximidade para os ecossistemas do Canadá e Europa, especialmente. O objetivo é, além de buscar oportunidades de investimentos, encontrar tendências e modelos de negócios que possam ser adaptados para outros setores em que atua.
Conhecendo as dores de milhares de empreendedores ao redor do mundo, Marco Poli conta quais são os “desafios padrão” de quem tem startup: “um erro absolutamente normal dos empreendedores que não têm uma área de tecnologia é saber como contratar tecnologia”, explica.
Outros desafios comuns são: não saber precificar o produto ou solução; não entender como funciona a tecnologia por trás do produto, e subvalorização do vendedor e/ou do processo de vendas. “São problemas super recorrentes, e mostra quão importante é a mentoria para a jornada de quem está começando”.
Todos esses esforços vão ao encontro de um grande objetivo: conseguir demonstrar o valor da inovação e do empreendedorismo condutor da geração de riqueza. “E isso passa por conseguir explicar a fundação da inovação para a humanidade. Entender a função disso para a sociedade, como um todo, é uma cruzada pessoal minha. Eu tento trazer esse conhecimento e sensibilizar as pessoas para não criarem políticas que atrapalhem a inovação porque, no final do dia, você está atrapalhando a evolução humana como um todo”, conclui.