Essa semana o SEED divulgou os selecionados para a segunda turma do programa, que tem como principal objetivo criar um ecossistema empreendedor em Minas Gerais. Entre os 1.435 inscritos, de 35 países, foram selecionadas 40, que receberão apoio e incentivos do programa.
Tanto em nossa área de comentários como nas redes sociais, algumas pessoas passaram a questionar a seleção do programa — algo que acontece naturalmente em vários processos seletivos. Por isso, conversamos com Leandro Campos, gerente do SEED, para entender um pouco melhor os valores que norteiam o programa, qual o objetivo deles, o que esperam da segunda turma, e como fazem seu processo seletivo. Tudo isso você confere logo abaixo:
Quais são as expectativas para o SEED neste ano?
Nossa meta é simples: transformar Minas Gerais no berço do empreendedorismo tecnológico da América Latina! Neste sentido, estamos nos esforçando ao máximo para que um percentual significativo das startups apoiadas consiga se provar e queira se estabelecer ou manter operação no estado, gerando riquezas e empregos de qualidade, posicionando internacionalmente o nosso ecossistema, o San Pedro Valley, e fortalecendo a nossa cultura de empreendedorismo e inovação.
Isso tudo requer, sem dúvida, nossa dedicação para promover o investimento anjo e a indústria de venture capital em Minas – pautas prioritárias para 2014. Com efeito, segundo os próprios empreendedores do SEED, o acesso a investidores é um dos principais fatores para a permanência no estado.
Quais foram os principais resultados deixados pela primeira turma de startups do SEED? Já podemos ver diferenças concretas no ecossistema mineiro?
Como estamos próximos da metade do período de participação da primeira turma, ainda é cedo para uma avaliação segura dos resultados do programa. Mas podemos destacar:
- As mais de 200 atividades de difusão realizadas no período, por meio das quais os empreendedores participantes compartilharam experiências, conhecimentos e melhores práticas;
- A promoção do nosso ecossistema de startups nacionalmente e internacionalmente;
- Os negócios que já foram gerados;
- E a atenção que o programa e as startups atraíram do poder público nas diferentes esferas, de investidores individuais e institucionais, de bancos e outras instituições de fomento, de empresas de todos os portes, e de estudantes, professores e pesquisadores.
Quais foram os principais critérios utilizados no processo de seleção? O processo de seleção mudou em algum aspecto (objetivo ou subjetivo) de um ano para o outro?
Os requisitos de participação e os critérios de julgamento dos projetos para a segunda rodada são aqueles definidos no edital de seleção disponível aqui: http://goo.gl/ivFXdD. Os requisitos de participação, utilizados para definir se um determinado projeto pode concorrer a uma vaga no SEED, consistem nas exigências do projeto ser caracterizado como uma startup, conforme definição dada no próprio edital, e da sua equipe participante ter dois ou três empreendedores, por exemplo.
Os critérios de julgamento, utilizados para pontuação e classificação dos projetos, são a equipe (que tem peso de 40% no cálculo da nota final), o negócio (20%), a tecnologia (20%) e o potencial de impacto (20%).
Em comparação com o primeiro processo de seleção, este não exigiu como requisito que o projeto tivesse menos de dois anos de execução. Além disso, substituiu rede por potencial de impacto como um critério de julgamento. O potencial de impacto considera não apenas o quanto a startup pode contribuir para o desenvolvimento do ecossistema local, mas também se o seu estágio atual de desenvolvimento e de financiamento é coerente com os objetivos do programa.
Nesse ponto é importante ressaltar que o SEED foi concebido com foco nos talentos que precisam de apoio para tirar suas ideias do papel, mas que as portas não foram fechadas às startups em estágio mais avançado que podem impactar o ambiente empreendedor local.
Inclusive, constatamos na primeira rodada que, dado a quantidade de interações e o nível de colaboração entre os empreendedores participantes, as startups em estágio mais avançado contribuem bastante para elevar o nível de qualidade e de desempenho daquelas mais em estágio inicial – seja pelo exemplo, seja pelo compartilhamento de experiências, conhecimentos e melhores práticas. Este é um dos motivos que nos fazem considerar a diversidade importante, seja ela de estágio, de setor ou de origem; e o programa precisa estar adequadamente preparado para lidar bem com ela.
Por que vocês escolheram tantas startups estrangeiras? Não faltou certo protecionismo? Não há um risco dessas startups virem, consumirem dinheiro nacional e voltarem para seus países sem ter, de fato, colaborado com o ecossistema local? O que elas mais têm a acrescentar?
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que não há um limite mínimo ou máximo para a participação de startups mineiras, nacionais ou estrangeiras no programa. E que foram selecionados os projetos que atenderam a todos os requisitos de participação e que alcançaram as maiores pontuações no julgamento, realizado com base nos critérios estabelecidos no edital e por uma equipe formada por mais de 80 avaliadores, entre mentores, empresários e investidores.
Desta forma, o estado ou o país de origem de uma startup não a favoreceu nem a penalizou no processo de seleção.
Outro ponto a destacar é que nós acreditamos que, para construir um ecossistema de grande relevância, é preciso diversidade! De ideias, costumes e experiências. Por isso tornamos possível a participação de estrangeiros no SEED. Para nos ajudar a inspirar as próximas gerações de empreendedores mineiros a valorizar casos de sucesso e de fracasso, a compartilhar ideias, a assumir riscos e a pensar globalmente, bem como a aproximá-las dos principais polos mundiais de inovação tecnológica, a habilitá-las para operar internacionalmente e a conectar Minas ao restante do mundo.
Por fim, uma vez atraído para o estado um conjunto inicial de pessoas altamente inovadoras e empreendedoras (independente do seu local de origem) o nosso ambiente de negócios se transformará de modo a se tornar cada vez mais atrativo para novos talentos. Este círculo virtuoso nos ajudará a diversificar ainda mais nossa economia e a promover a transformação de conhecimento em negócios de maior valor e conteúdo tecnológico.
Vocês saberiam traçar uma característica principal para diferenciar o primeiro e o segundo grupo de startups?
A diversidade de setores de atuação das startups selecionadas para a segunda rodada. Na primeira, o número de startups que atuam nos setores de TI, de tecnologia móvel e sem fio e de comércio eletrônico é de 22 em 40. E na segunda rodada este número reduziu para 15 em 40.
Em compensação, o número de startups que atuam no setor de energia e tecnologia limpa aumentou de 1 para 3; de saúde e biotecnologia, aumentou de 2 para 4; e de recursos naturais (mineração, agricultura, etc.), aumentou de 0 para 1. Estes três setores são considerados de grandes importância para a economia do estado.
O que vocês esperam do segundo grupo de startups?
Esperamos que esta oportunidade oferecida pelo Governo de Minas seja valorizada e muito bem aproveitada por este grupo, quer pela dedicação contínua e incondicional de seus empreendedores na construção de negócios de crescimento rápido e sustentável, quer pelo compromisso deles com o desenvolvimento do ecossistema local de startups. E para não perder a oportunidade de fazer um pouco de pressão saudável, nós não poderíamos deixar de dizer que a expectativa sobre a segunda turma é ainda maior do que em relação a primeira, que a apesar de ser a turma piloto e de “tomar vento na cara”, tem sido excepcional!