* Por Elaine Mazzon e Roberto Rocha
O empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais espaço no mercado de trabalho. As mulheres estão no mercado financeiro, tecnológico, comercial e ⎼ não seria diferente ⎼ no empreendedorismo. Ao passo que a sociedade tem evoluído, maior tem sido também a representatividade feminina em áreas antes ocupados apenas por homens.
Essa ânsia por empreender pode ser explicada pela necessidade que as mulheres adquiriram para ganhar o próprio dinheiro. Hoje, elas trabalham fora, têm seu próprio negócio e muitas acabam fazendo do seu empreendimento a renda da família.
Tanto que, nos últimos dois anos, a proporção de mulheres empreendedoras que são “chefes do lar” passou de 38% para 45% das famílias.
Quais as vantagens e desafios de empreender?
Começar a empreender pode chamar a atenção pela possibilidade de fazer seu próprio horário ou até ganhar mais dinheiro que sendo funcionária. Mas a verdade é que muitas mulheres acabam indo para o próprio negócio devido à dificuldade de encontrar um emprego, principalmente depois da chegada dos filhos.
Dessa maneira, o ato de seguir em carreira solo, muitas vezes vem da necessidade de ter algo que dê dinheiro. Por isso, nem sempre as mulheres possuem a experiência adequada para estar à frente de um negócio, e somente 3,9 a cada 10 empreendedoras brasileiras chegam lá – no cenário masculino, o número de proprietários de algum negócio sobe para 6,5 a cada 10 homens empreendedores.
Mas, ainda assim, os benefícios de ter o negócio próprio podem ser inúmeros. Além dos já citados acima, há a possibilidade de passar mais tempo com os filhos e trabalhar de casa, por exemplo.
Mas como é ser empreendedora no Brasil?
Criatividade é o que não falta na hora de empreender. Tudo pode começar como um pequeno negócio, no fundo de casa, ou dividindo um espaço com as amigas. O importante é que elas não têm medo de se jogar em uma nova carreira.
Essa afirmação é atestada pelo próprios números: só em 2018, o Brasil tinha a 7ª maior proporção de mulheres ocupando a posição de empreendedores iniciais, que são aqueles indivíduos que estão no comando de empreendimentos com menos de 42 meses de existência. À frente, inclusive, de países como Canadá e Estados Unidos.
Apesar de muitos números positivos, no Brasil ainda há uma série de desafios enfrentados por aquelas que desejam sair à frente de um negócio, como o preconceito sofrido no mercado de trabalho, a discriminação em relação aos homens e a dupla jornada.
Dados em destaque no cenário de mulheres que empreendem no Brasil, segundo o Sebrae:
– Donas do própria negócio, sejam formais ou informais, as mulheres que empreendem costumam ser mais jovens que os homens. Elas, em média, têm 43,8 anos, contra 45,3 anos para o sexo masculino;
– Apesar de possuírem maior escolaridade (16% a mais), ainda ganham, em média, 22% a menos que homens que ocupam a mesma posição no mercado;
– A preferência por trabalhar em casa é expressiva: 25% das mulheres exercem seus negócios em casa e, no caso das ocupantes MEI, a porcentagem sobe para 55%;
– Menos endividadas! As empresárias brasileiras, além de tomar menos empréstimos, emprestam valores, em média, R$ 13.071,00 menor que os empresários homens;
– Taxas mais altas: elas até podem emprestar menos, mas as taxas de juros que pagam são 3,5% acima do que os donos de pequenos negócios pagam ao ano;
– Ponto para elas: a taxa de inadimplência das empresárias também é inferior ao percentual masculino: 3,7% para elas contra os 4,2% dos empresários;
– Dentro da lei: 48% dos registro de MEI do país é formado por mulheres;
Presença das empreendedoras em tecnologia e startups
A presença de mulheres à frente de negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos no Brasil ainda enfrenta inúmeros desafios, mas esse número vem crescendo significativamente nos últimos anos. Segundo dados do 100 Open Startups, em 2018, 15% das startups que se cadastraram na plataforma tinham mulheres como principais fundadoras e, em 2019, esse número aumentou para 18%.
Soft skills
Algumas habilidades são destacadas nas mulheres e tornam-se diferenciais competitivos, como a atenção ao detalhe, o cuidado com as pessoas, a capacidade de gestão e a de resolver problemas.
O momento é da humanização nos relacionamentos e a comunicação é a grande chave. As empresas e colaboradores precisam se conectar por meio de histórias reais, criar conexões emocionais. Organizações emocionalmente inteligentes vão se destacar e as soft skills são importantes nesse processo.
Elaine Mazzon é Head de CS e Roberto Rocha é CMO na Leadlovers, plataforma de automação em marketing digital.