* Por Renato Alves
Com a economia operando 30% abaixo do patamar de 2013 e 2014, conforme avaliam especialistas do setor, a economia brasileira está passando por momentos de indefinição. O desemprego, que já atinge 14,3 milhões de pessoas e a necessidade de explorar novos mercados, faz com que os empreendedores recorram à internacionalização para aprimorar o desempenho dos negócios e diversificar a atuação geográfica das startups. A estratégia é uma alternativa bem conhecida, principalmente quando o mercado nacional passa por alguma instabilidade.
Um levantamento realizado no ano passado pela Pearson, grupo britânico de educação, mostrou que 76% dos brasileiros estão repensando suas trajetórias profissionais, considerando, inclusive, seguir carreira no exterior. Se em 2018 foram emitidos 4.300 vistos de imigração para cidadãos do Brasil morarem nos Estados Unidos (Green Card) – aumento de 74% em relação a 2015, segundo dados do Departamento de Estado Americano – a expectativa que faço para os próximos anos é de que haverá um salto ainda maior.
Com o avanço da tecnologia, qualquer empresa, independentemente se é média, pequena ou grande, consegue exportar seus produtos e serviços. Ao contrário do que se possa imaginar, não existe um momento certo ou ideal para colocar a companhia em um patamar mais avançado: a partir do momento que o negócio está bem estabelecido e com as finanças em ordem, é a hora de pensar em ampliar os horizontes e estabelecer novas metas. Vale dizer que mesmo com as viagens restritas, é possível abrir empresas no exterior sem sair do Brasil, uma vez que os processos são realizados de maneira 100% digital.
Para quem deseja empreender em outro país, alguns passos precisam ser seguidos. Primeiro, é importante considerar a questão cultural. Quando esta se assemelha ao país de onde procede a empresa, maior a chance de sucesso no processo de internacionalização. Neste quesito, a Flórida, nos Estados Unidos, ganha pontos expressivos e abrir uma companhia na região é bem simples, sendo necessário um passaporte válido e um comprovante de residência brasileiro. Também é interessante levantar o valor que será investido e fazer um plano de negócios, estimulando prazos para os resultados serem alcançados.
O segundo ponto está relacionado à contratação de um advogado especializado na legislação dos dois países. A intenção é que ele mostre as particularidades da região pretendida, fazendo uma análise geral do novo mercado, ou seja, apresente os hábitos de consumo, as diferenças tributárias, os fornecedores e o contrato societário. O profissional também indicará os documentos que não podem faltar para a expansão do negócio e dará auxílio durante o registro da marca ou patente. Entidades como a Amcham Brasil podem indicar opções confiáveis de empresas que já estão habituadas com estes procedimentos.
Começar algo do zero, vê-lo nascer, desenvolver, concretizar e conquistar clientes mundo afora é algo fascinante e desafiador. Assim como outras áreas da nossa vida, desistir no primeiro obstáculo não pode ser uma possibilidade. Tenha em mente que qualquer empreendimento leva tempo para ser reconhecido e até por isso é indispensável investir e procurar os melhores parceiros, ainda mais em uma cultura que não é sua. Erros podem ser fatais! Se atente aos detalhes, se programe e organize para tirar os planos do papel. Já estamos no segundo trimestre de 2021. O tempo está passando rápido e não há por que desperdiçá-lo.
Renato Alves é Diretor de Expansão da Bicalho Consultoria Legal, empresa especializada em migração, internacionalização de negócios e franquias.