Venho apontando em vários posts o número de fundos e angels que vem ao Brasil ou ao menos contatam para saber como as coisas andam. Recentemente, conversei inclusive com um profissional de uma importante instituição financeira do Vale do Silício, que veio “reconhecer o terreno”.
Em meio a alguns investimentos realizados por estrangeiros e uma série de expectativas animadas, sabe-se que Dave McClure (da aceleradora/incubadora/investidora 500 Startups) está organizando uma excursão para a América Latina com o projeto Geeks On A Plane (GOAP) entre 29 de abril e 8 de maio, com visitas marcadas em São Paulo, no Rio de Janeiro, Buenos Aires e Santiago. Vamos ver! Aliás, eles vão ver. Certo?
Tomara que sim. Afinal, há um bom tempo várias iniciativas vem fazendo com que empreendedores se acostumem a fazer pitches para investidores. Finalmente, os brasileiros passam a ter um maior número deles, nacionais e estrangeiros, para quem apresentar os pitches.
Para o empreendedor e investidor brasileiro Pierre Shurmann, o momento brasileiro é parecido com o que o foi postado no Telegraph sobre o venture capital na Europa, em comparação com os Estados Unidos: enquanto na terra do Tio Sam o empreendedor é cultuado, na Europa e no Brasil o investidor está “no topo da cadeia alimentar” e o empreendedor tem que esforçar para conseguir um pouco de investimento. O autor não mencionou no artigo, mas aponta-se que o motivo é a abundância de investimento nos Estados Unidos, em contraste a outros mercados. Mas parece que isso está mudando.
Depois de uma diversificada trajetória, Pierre atualmente apoia uma série de startups – e tuíta empolgado sobre uma reunião pra lá de interessante. É de Bay Area, direto do evento Inbox Love (co-promovido pelo McClure) que ele compartilha sua empolgação. O evento é sobre o futuro do email, mas este post é sobre o futuro dos investimentos em startups brasileiras. E falando em McClure: ele andou pelo Launch; será que o Bob Wollheim encontrou com ele?
Empreendedor feliz garante quantidade e qualidade no número de deals a médio e longo prazo. E como se faz empreendedor feliz? Com investidor anjo capacitado, que inova tanto quanto o empreendedor e o tecnologista. Com investidor que não apenas fica “no calo” cobrando, ou dizendo “assim não vai dar”.
Afinal, como não temos condições de clonar nem criar empreendedores, apenas proliferar instrumentos e comportamentos, devemos ao menos tratar de não matar, aos poucos, a atitude empreendedora de crianças, hiperativos, alternativos, visionários e inconformados em geral. Quem mata o espírito empreendedor é quem tem medo, reforça medo, espalha medo. Tudo por causa da falta de referências e perspectivas, e isso é sintoma de atitudes mal exercitadas.
Se queremos aproveitar o momento em que o mundo olha para o Brasil, devemos adotar novos modelos do que é bom. Novos personagens, novos enredos. E nada melhor do que um Pierre que se construiu aventureiro, empreende negócios de alto padrão, multiplica as oportunidades de acesso à viabilização de projetos, busca, compartilha e multiplica conhecimentos.
Pra nossa sorte, temos outros tantos como Pierre por aí. Vários ainda “abaixo do radar”, mas, como sempre acontece com as energias fortes: percebe-se movimento, mesmo que sutil. Este é mais um fragmento de um manifesto para uma nova história brasileira. Não se trata de oba-oba, mas de exercitar as combinações entre pessoas, problemas, soluções, tecnologias, oportunidades e negócios.
Falando em apresentação, Pedro Sorrentino já alertava que o nível de exigência de qualidade para as novas startups está aumentando. E ontem, Bob Wollheim teve uma catarse de senso crítico e postou sobre o quanto é chocante a diferença entre o nível das apresentações brasileiras (em geral, ok? não se ofendam) em comparação às do Launch.
E você? O que está fazendo no mercado? O que está fazendo pelo mercado? Quais são suas turmas? Quais são seus papéis nas turmas? Estamos atraindo investidores estrangeiros para verem o que? Isso é tudo apenas “para inglês ver” ou vamos realmente fazer acontecer nesta década o que o Vale do Silício fez em três?