Algumas pessoas entendem que bootstrap é uma forma de iniciar empresas e projetos sem dinheiro. Algumas, entendem que o conceito vem da Física e refere-se aos momentos ou locais com uma concentração de fatores acontecendo maior do que ao redor. Assim, emerge realidade.
Fiquei bastante tempo analisando e resolvi que educação bootstrap é uma boa forma de compartilhar como entendo a Hub Escola de Inverno, que iniciou ontem maravilhosamente em São Paulo e em Amsterdam (lá como Escola de Verão). Para mim, essas três semanas de dinâmicas participativas geradas pelos usuários funciona como protótipo perfeito (sic) de um negócio sustentável.
Refinando conceitos, “não existe colher”
Com sustentável, não me refiro às campanhas verdes corporativas, que há décadas ainda praticam o conceito como tendência. E tendência tanto no sentido de “seria melhor começarmos a ir para lá, pois um dia isso vai ser sério” como no sentido de tendenciosa, pois nos faz acreditar que separar o lixo, doar agasalho e plantar árvore já serve como a nossa contribuição para um mundo melhor.
Para mim e várias pessoas que eu leio e ouço (incluindo gigantes como Fritjof Capra, que eu já li, vi, ouvi, peguei autógrafo, passando por uma série de não menos talentosos e merecedores de menção), a sustentabilidade se apresenta como característica, não como ação. Creio que estudar nossa língua também possibilita compreender. Eu coloco a tag “sustentável” naquilo em que estão demonstradas condições de continuidade.
Algumas vezes em que fui convidado a falar em empresas, universidades e eventos, mostrei como podemos perceber a atividade de replicadores digitais que vivem na Internet e exercem efeito parecido com os replicadores culturais (memes) e biológicos (genes). Eles não se substituem, mas crescem, se multiplicam e se acoplam (misturam, combinam) por performance, desempenho: a seleção natural não é diferente da social, cultural, econômica, tecnológica, comunicacional, pois todas elas simplesmente acontecem, não necessariamente da forma como manipulamos.
Portanto, não há receita única nem pronta para o sucesso das nossas inovações ou fundamentos, mas sim uma série deprincípios norteadores. Se cito o filme The Matrix no intertítulo acima, concordo que foi nossa educação (enquanto conjunto de humanos) que moldou nossa realidade. E ninguém tem culpa, pois ninguém originou isso: foi tudo um processo, um aprendizado cumulativo.
Não ter colher nos faz dar mais atenção para a fome, para o alimento e para o comer – não para o instrumento. Agora, já enxergamos que formas de pensar e agir consideradas alternativas podem e devem fazer do mundo um lugar melhor – conforme bradado e brindado ontem na abertura da Escola de Inverno (o Luli Radfahrer bebeu uma cerveja enquanto defendeu unirmos o acesso à informação com o acesso ao critério).
(leia também a parte 2 – “Você é apenas um brinquedo”: o que as startups e a economia tem a ver com isso?)