“Somos uma empresa que tem muito dinheiro e que se doa bastante – a começar pelo nosso fundador, a pessoa que mais doa no mundo -, passando por diversas iniciativas já conhecidas e incluindo agora a nossa rede global de aceleradoras e venture capital”.
Este é o tom do que Rahul Sood, Sócio e Diretor Gestor Global da Microsoft Ventures, falou para uma plateia qualificada em um evento que a Abvcap e a ApexBrasil promoveram nesta quinta-feira em San Francisco.
Ligeiramente despojado e certamente sem comprometimento como status quo, o empreendedor comentou sobre sua crise depressiva depois que vendeu sua empresa VoodooPC para a HP, onde trabalhou antes de ir trabalhar na Microsoft. Contou como sentiu-se cercado por inúmeros chefes, sem sentido, precisando encontrar uma forma de gerar e entregar valor para a empresa.
Achou um norte: além dos programas de suporte a universitários e a desenvolvedores (aqui vale lembrar do BizSpark), Sood poderia ajudar a Microsoft a espalhar e aprofundar suas raízes na reserva global de inovação, que são as startups. Este caminho, pavimentado tanto com uma rede de aceleradoras (como as que a Microsoft vem construindo no nosso país, com o nome de Acelera Brasil e integração com o programa Start-Up Brasil, do MCTI), como um fundo de capital semente, com dinheiro da própria MS mas também de anjos e gestores de capital. Raízes para captar nutrientes, se alimentar do frescor emergente dos empreendedores, e também para se enroscar não mais apenas em rocha firme, mas também nos pontos móveis de uma rede de empreendedores cujo movimento constitui os centros de gravidade destes nossos dias de terreno balançante.
E não se pode ignorar a importância da boas condições de trabalho que o dinheiro proporciona – e aí também, além das aceleradoras, que a Microsoft vai entrar. Enquanto a ideia da aceleradora é nem pegar equity, a ideia da MS Ventures é fazer co-investimento e só pegar o direito de converter em participação no futuro (um fair enough misto de agilidade, precaução e desapego).
Mais duas portas abertas para quem quer se beneficiar dos ativos tecnológicos, financeiros, do conhecimento, do relacionamento, dos produtos e das parcerias de mercado da Microsoft. Faz sentido pensar que startups que se associarem a este posicionamento da corporação podem ver mais longe e ir mais fácil, como anões em ombros de gigantes. E faz sentido pensar também que, de certa forma, é a gigante Microsoft quem pode pegar carona nos ombros dos anões startups, em uma relação simbiótica. Way to go.