Por Bruna Galati
Nesta sexta-feira, 9 de fevereiro, comemora-se o Dia Mundial do Combate ao Câncer. A data é significativa para dar voz àqueles que passaram e ainda passam por essa batalha, além de destacar as inovações que buscam transformar a abordagem convencional no diagnóstico e tratamento da doença oncológica. Isso se torna ainda mais relevante, uma vez que os números de casos no Brasil continuam a aumentar. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que até 2025 o país terá mais de 2 milhões de diagnósticos, totalizando uma média de 725 mil casos por ano.
Nesse contexto, a startup brasileira Huna se sobressai utilizando inteligência artificial e análise de dados para revolucionar o diagnóstico precoce de câncer, com foco inicial no câncer de mama. O CEO e cofundador Vinicius Ribeiro destaca que a startup desenvolveu uma ferramenta para acelerar o processo de diagnóstico do câncer de mama usando o exame de sangue de rotina.
A jornada da Huna teve início com a união de três cofundadores: Vinicius, Daniela Castro, e Marco Kohara. O trio compartilhava experiências profissionais na empresa brasileira de inteligência artificial chamada Kunumi. Com isso, eles começaram avaliar a possibilidade de aplicar IA em diagnósticos médicos, especialmente em doenças crônicas. A fundação da Huna, em 2021, foi resultado de uma spin-off da empresa com foco específico em saúde.
Diagnóstico de câncer de mama
A ferramenta desenvolvida pela Huna utiliza analitos (componentes de amostra de sangue) para auxiliar no diagnóstico de doenças, como Alzheimer e Covid-19. O especialista exemplifica com um exame de colesterol e glicose: “se o nosso colesterol está acima de 200, sabemos que há um aumento no risco de problemas cardíacos. Se a glicose está acima de 100, há um princípio de diabetes, mas doenças como Alzheimer e câncer possuem processos biológicos complexos, que não deixam marcas lineares no sangue. Com o auxílio da IA será possível olhar essas relações não lineares e identificar outros padrões de doença.”
A solução não foi desenvolvida para substituir os exames convencionais, mas para criar um indicador de risco para o câncer de mama que seja capaz de realizar uma “triagem” entre as mulheres, tornando o rastreamento da doença mais seletivo. E assim, diminuir a quantidade de mulheres que fazem mamografia sem necessidade e direcionar aquelas que podem estar com câncer para o tratamento adequado de forma mais rápida.
Quase 80% das mulheres brasileiras não têm acesso à mamografia, exame crucial para o diagnóstico precoce do câncer de mama, responsável por uma taxa de cura de 99%. Com a solução, os fundadores pretendem priorizar mulheres mais expostas aos riscos, ajudando a otimizar a fila para a mamografia.
No desenvolvimento do trabalho, foram analisados bancos de dados de instituições como o Hospital de Amor, em Barretos (SP), e o Grupo Fleury, rede de laboratórios com atuação em São Paulo, que reúne resultados de exames como mamografias, exames de sangue e biópsias usadas para diagnosticar o câncer de mama, tanto positivos quanto negativos. “Nosso modelo, construído com base nesses dados, tem uma taxa de acerto de cerca de 70%, chegando a quase 90% quando inclui outros dados, como históricos clínicos e laudos de outros exames”, afirma o CEO.
A Huna avança no desenvolvimento de soluções específicas para o diagnóstico precoce de câncer de mama. A diferença entre diagnosticar a doença em estágio inicial e avançado é significativa, tanto em termos de chances de sobrevida quanto no tipo de tratamento necessário. Ribeiro destaca: “Quanto mais cedo você diagnostica, maior é a chance de sobrevida da paciente e menos invasivo é o tratamento.”
Além dos benefícios clínicos, a abordagem da Huna gera economias substanciais para o sistema de saúde. Estudos indicam uma economia de até R$ 200 mil por vida diagnosticada em estágio inicial, comparado ao diagnóstico em estágios mais avançados.
Modelo de negócios e futuro da Huna
Quanto ao modelo de negócios, a Huna está testando um modelo de assinatura, com faixas de preços variadas de acordo com a quantidade de vidas monitoradas pelas operadoras de saúde. “Nossa ferramenta CancerSmart será um plugin nos dados de exames que já são feitos pelas operadoras de saúde e consegue identificar os pacientes que precisam ser encaminhados para o tratamento o mais rápido possível”, explica o CEO.
A startup já testou a solução com algumas operadoras pequenas e com a Unimed – que teve resultados bastante promissores. O CancerSmart se integra aos dados de exames de sangue das operadoras de saúde e já está em teste para aplicar no setor público.
Em relação aos próximos passos, Ribeiro compartilhou que a Huna planeja finalizar os pilotos em andamento nos próximos meses para iniciar a comercialização em larga escala em 2024. Além disso, a empresa pretende ampliar sua atuação, explorando o diagnóstico precoce de outros tipos de câncer, como coloretal e de pulmão.
Em termos institucionais, a Huna planeja uma nova rodada de captação de investimentos para dar suporte à escalada operacional e à expansão do portfólio de produtos. A startup, que iniciou suas operações efetivas em julho de 2022, projeta um faturamento de meio milhão de reais até o final de 2024.
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