* Por Arthur Braga Nascimento
Assim como em muitos setores, não há dúvidas que o impacto causado pela covid-19 e a extensão do isolamento social fizeram com que o mercado de venture capital ficasse comprometido. O foco agora para grande parte dos fundos de investimento é apoiar as startups que já fazem parte de seus portfólios. Não há como negar que os processos estão mais lentos!
Segundo estudo do Distrito, empresa de inovação ligada ao ecossistema de startups nacional, apesar do financiamento do mercado de venture capital no primeiro trimestre de 2020 ter começado aquecido, com U$$317 milhões sendo investidos no Brasil, esse volume sofreu uma desaceleração significativa no primeiro mês da quarentena. Para se ter uma ideia, do capital que foi injetado durante este ano, apenas pouco mais de US$ 9 milhões, equivalentes a 3%, aconteceram em março.
Diante do cenário de grandes incertezas, inclusive no mercado de capital, é possível perceber que empreendedores se mostram mais apreensivos sobre suas chances de captação para o desenvolvimento de sua corporação. Em meio a uma grande crise econômica que o Brasil e o mundo enfrentam, é difícil imaginar o que fazer para chamar a atenção de um investidor para captar recursos suficientes e escalar um negócio.
Não é novidade que acontecimentos como esses, que envolvem uma pandemia mundial, classificados como inesperados, tendem a gerar grandes consequências tanto para uma sociedade quanto para negócios que dependem de investidores para sobreviverem, como é o caso de startups em early e seed stage que estão em estágio inicial.
Em vista grossa, a perspectiva que tenho é de que ainda no segundo semestre o mercado de venture capital terá pouca movimentação, já que o estudo do Distrito também revela que o volume de investimentos que serão gerados este ano, não irá superar o total de 2019 que foi de US$ 2,9 bilhões. A boa notícia é que muitas coisas podem e devem ser feitas antes de “entregar os pontos” e se desesperar.
Não existe uma fórmula secreta para que uma empresa tenha menor impacto financeiro neste período, mas algumas medidas podem ser aplicadas para que o negócio se mantenha de pé e tenha crescimento, mesmo diante da situação que o mundo vive.
O primeiro passo é fazer com que os colaboradores se mantenham engajados, sem deixá-los desmotivados, afinal, um time unido faz uma corporação girar. Em seguida, mesmo que o momento não seja de arriscar tanto, é importante criar um programa de Stock Options ou Vesting que envolvem um plano de opção de compra de ações empresariais com funcionários que são indispensáveis para o crescimento da empresa.
Outro passo a ser dado para manter uma empresa estável durante a crise sem esperar por investimentos vindos de fora é aproveitar o momento oportuno para investir na área jurídica e deixar a “casa em ordem” visando controlar processos judiciais, revisar contratos que geralmente são utilizados com clientes e fornecedores, sem deixar de lado as novas cláusulas que foram geradas durante a pandemia.
O caminho pode ser lento, mas se a empresa tiver foco, aproveitar o momento de crise para organizar seu modelo de negócio, estratégias e deixar o setor jurídico em dia, irá demonstrar num futuro próximo que quer conquistar um investidor e está pronta para receber qualquer tipo de aporte. Fique de olho nas possibilidades!
Arthur Braga Nascimento é CEO da Bonuz – Legal Services e sócio do BNZ. Presidente da Comissão de Startups da OAB/SP de 2017 a 2019 e coordenador do Legal Talks do IBMEC/SP.