As fraudes por deepfakes, produto da manipulação de imagens e vídeos reais por meio de Inteligência Artificial para a criação de produtos falsos, cresceram 830% no Brasil no último ano, segundo um relatório da Sumsub, plataforma de verificação de identidade. Esse número representa quase metade dos ataques na América Latina neste período.
O estudo ainda revela que a carteira de motorista brasileira é um dos documentos menos falsificados do mundo e que o setor de crypto é o que mais sofre com tentativas de golpe via deepfake, representando 87,7% em comparação com outras indústrias.
Fabrício Carraro, Program Manager da Alura, ecossistema de educação em tecnologia, destaca que apesar do uso principal da IA ser a eficiência de tarefas, ela também tem sido utilizada de forma maliciosa, enganando pessoas com vídeos e áudios com conteúdos manipulados.
Segundo o especialista, deepfakes permitem a sobreposição de rostos e vozes em produções audiovisuais, sincronizando os movimentos dos lábios e expressões faciais de maneira realista. A técnica dificulta a distinção do vídeo falso para o original e engana muitas pessoas, tornando-as vítimas de golpes financeiros ou disseminando desinformação, como as fake news.
“Quem nunca viu um vídeo de um candidato político ou uma personalidade agindo de forma negativa? Esse tipo de conteúdo pode ser deepfake. Por isso, é crucial exercer sempre um nível saudável de ceticismo e saber identificar essas falsificações, para que menos pessoas sejam enganadas e repercutam informações equivocadas”, ressalta Carraro.
Apesar do aperfeiçoamento das técnicas desse tipo de conteúdo, é possível identificar vídeos, fotos e áudios manipulados. O executivo ressalta alguns pontos que podem ser observados para diminuir as chances de cair em um golpe dessa natureza.
Cheque a origem das informações
Pesquisar de onde vem uma informação antes de compartilhá-la ou acreditar nela é o primeiro passo para não cair em golpes. Para o especialista, é importante utilizar fontes confiáveis no momento de se informar, como sites de notícias conhecidos e organizações respeitáveis.
“Procurar evidências que corroborem aquele assunto em mais de um canal e comparar esses conteúdos, com certeza será essencial para certificar que se trata de algo real”, complementa.
Preste atenção no conteúdo
Examinar cuidadosamente o vídeo ou a imagem em questão é outra forma de encontrar manipulações. Muitos conteúdos manipulados possuem distorções visuais, dissincronia no movimento dos lábios, cortes abruptos e falhas de áudio.
Para Carraro, os detalhes são a chave para essa análise. “Deepfakes podem ter pequenas falhas que são detectadas com uma observação minuciosa. Fique atento desde as expressões faciais e movimentos corporais das pessoas dos vídeos até contextos do cenário”, pontua.
Use tecnologias para identificar deepfakes
Muitas ferramentas podem impulsionar a supervisão humana para aumentar a precisão na detecção de conteúdos manipulados. Carraro afirma que há algoritmos em outras tecnologias capazes de identificar sinais de manipulação, complementando a revisão dos humanos sobre as suspeitas.
“A análise forense de vídeos, assinaturas digitais e marcas d’água são apenas alguns dos recursos que podem ajudar a verificar a autenticidade de materiais digitais e ser grandes aliados na luta contra o uso incorreto da IA”, enfatiza o especialista.
Fale sobre esse tema com especialistas
Com o aumento do uso da IA, mais pessoas buscam se aprofundar em assuntos relacionados. Conversas podem oferecer insights e análises técnicas para ajudar a determinar se o conteúdo é genuíno ou um deepfake.
“Se estiver em dúvida sobre a autenticidade de uma informação, não hesite em consultar especialistas em análise de mídia ou segurança cibernética”, aconselha.
Educação digital é essencial
Educar-se sobre o assunto é um passo importante, não só para que a pessoa não acredite em vídeos manipulados, mas também ajude a conscientizar outros sobre o tema. Familiarizar-se, pelo menos com as técnicas comuns de manipulação de mídia, já é uma ótima iniciativa nesse sentido.
Carraro ressalta que, embora os deepfakes sejam associados à desinformação e manipulação, eles podem ser usados de forma positiva em diversas atividades laborais, como dublagens de notícias e podcasts, efeitos visuais em filmes ou peças de publicidade, além de poder tornar a experiência do usuário mais personalizada junto a empresas. Entretanto, é crucial regular e mitigar os riscos associados a essa técnica. “Há agentes mal-intencionados que buscam desinformar a população e minar a confiança do público sobre diferentes temas. Discutir o assunto e aprender a identificar essas manipulações são as melhores formas de evitar os perigos dos deepfakes, especialmente em um mundo digital cada vez mais complexo”, conclui Carraro.
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