No segundo DemoDay da Aceleratech, realizado nesta quinta-feira, 06, a aceleradora agradeceu às dezenas de mentores que participaram do programa. Três deles se destacaram e receberam um prêmio pela sua contribuição com o processo. Um deles foi Francisco Barguil, com quem conversamos para conhecer um pouco melhor sua visão sobre o mercado e o ecossistema. Barguil é CEO da empresa Opus Software, fundada por ele há mais de 27 anos.
Formado em computação na Unicamp, Barguil já empreendeu em diversas outras empresas, que foram vendidas ou ainda se tornaram independentes. Estudioso sobre empreendedorismo, ele também é professor de Gestão da Inovação na ESPM, onde acabou se aproximando da Aceleratech.
Em uma análise rápida sobre as startups que hoje apresentaram seus pitches, fechando um processo intenso iniciado há quatro meses com a Aceleratech, a avaliação de Barguil é um tanto quanto positiva. “A Aceleratech ganhou know how da primeira turma para segunda e agora procurou homogenizar o estágio de maturidade das empresas selecionadas, para que o processo de aceleração — que é coletivo — possa atingir essas empresas mais ou menos no momento certo que elas necessitam”, sugere.
“E essa turma em particular se caracteriza pelo fato de já estarem em movimento no mercado; não são startups powerpoint, com as ideias ainda no papel. Elas estão validando seu modelo de negócios no mercado e já estão próximas de encontrar um modelo escalável e sustentável, que é o que caracteriza boas startups”, explica.
Para ele, a Aceleratech conta com um importante selo de qualidade, que é a participação no programa federal Startup Brasi — que, por sua vez, também é visto por Barguil como uma iniciativa um tanto quanto válida. “O Startup Brasil também é um processo de aprendizado. Ele testou um modelo, e agora está sendo aperfeiçoado. O fato de eles não priorizarem as estruturas estatais, mas procurarem parceiros no mercado privado, como foi com a Aceleratech, já é uma prova de lucidez muito grande. Se é para investir no mercado é o próprio mecado que deve se regular. Este é o papel do CNPQ – não é de executar, mas sim fomentar execução”, comenta.
E é exatamente a esse princípio de fomentar o mercado que Barguil atribui a importância das mentorias. Ele explica que ao investir em startups nem sempre é uma boa tática espalhar o risco — muitas vezes é bom concentrar todo o capital de risco em uma iniciativa, e fazer o possível para ajudá-la. “Particularmente eu acredito muito neste modelo em que pessoas experientes aportam não só dinheiro, mas também seu know how para aumentar a probabilidade de retorno no investimento. Creio que no Brasil, onde temos uma cultura de relacionamentos, isso tende a acontecer de forma muito mais natural. Mesmo porque aqui o capital é muito mais caro”, avalia.
Por isso, ele conclui que é importante a cultura de startup estar se expandindo. “Essa cultura exige conhecimento e aceitação de dois lados — do investidor, e do consumidor. Há de se considerar que o Brasil dá muita importância para o que vem de fora. Nos EUA e na Europa eles valorizam muito mais uma empresa de lá,. E é isso que precisamos desenvolver aqui. Nosso empresários e compradores nao precisam ter medo de comprar um serviço de uma emrpesa nacional. Mas, com o tempo, os resultados vão consolidar essa mentilidade”, comenta otimista.