A comunidade de empreendedores da capital paulista, a ZeroOnze, é uma das mais importantes do ecossistema de startups do país. A cidade figura na lista de melhores ecossistemas de inovação do mundo e é celeiro de grandes empresas e empreendedores de renome. Quando os fundadores de startups da cidade se uniram, nasceu um senso de parceria que foi replicado, com sucesso, por diversos ecossistemas pelo Brasil ainda em fase inicial. E um dos nomes responsáveis por isso é Danilo Picucci, atual Diretor do Ecossistema e Comunidades da Associação Brasileira de Startups.
Nascido e criado em São Paulo – na região de Santana, Zona Norte da cidade -, Danilo traz em sua trajetória uma série de experiências que moldaram sua paixão pelo empreendedorismo e o impulsionaram a desempenhar um papel fundamental no crescimento do ecossistema de startups no país, especialmente na cidade. Em conversa com o Startupi, ele contou sobre sua carreira, conquistas e planos para o futuro.
Paixão pela tecnologia vem desde cedo
Desde sempre Danilo mostrou uma inclinação para a tecnologia e o empreendedorismo. Seu primeiro contato com a tecnologia foi através de videogames, despertando sua curiosidade e levando-o a explorar o mundo digital. Vivendo a infância na década de 90, Danilo Picucci se apaixonou pela tecnologia na época em que a internet ainda era discada e o auge da personalização era baixar músicas e gravar em CDs virgens para os amigos.
“Meu pai foi funcionário da IBM, então ele teve contato com computadores e uma noção tecnológica boa”, lembra. Com a influência de seu pai, que tinha familiaridade com computadores, ele começou a se aprofundar na programação e design de sites, dando os primeiros passos em direção à sua futura jornada.
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Seus anos de formação foram marcados por desafios e descobertas. “Aos 15 anos, decidi que queria estudar no Colégio Bandeirantes, porque queria ser engenheiro aeronáutico. A escolha foi determinante para a minha jornada. Eu sofri, repeti um ano, mas foi essencial para mim”, diz. Posteriormente, Danilo Picucci ingressou na faculdade de administração. Sua dedicação o levou a se envolver em uma variedade de atividades extracurriculares, incluindo movimentos sociais, comissões estudantis e até engajamento político.
“Na época da faculdade, me envolvi muito com ativismo, movimentos feministas, movimentos negros, fui presidente de comissão de formatura, atlética, centro acadêmico, bateria… Tudo o que eu pudesse fazer para me envolver com pessoas”, conta. Foi durante esse período que Danilo teve um insight decisivo. O desejo de causar um impacto transformador no Brasil e de eliminar desigualdades o levou ao empreendedorismo.
Em 2014, ele tomou a decisão de dar esse passo e embarcar na jornada de criar sua própria startup. Os anos seguintes foram uma montanha-russa de aprendizado e conquistas, como ele define. Danilo mergulhou de cabeça na construção de sua startup e se envolveu ativamente na cena de empreendedorismo de São Paulo. Ele se tornou uma figura proeminente na organização e participação de eventos, incluindo o famoso Startup Weekend, evento que mudou sua perspectiva sobre o ecossistema de startups no Brasil.
Primeiros passos no empreendedorismo
“Foi em um Startup Weekend que eu comecei a empreender e me conectar, ajudando a organizar os eventos. Em dois meses, colocamos de pé um SW de educação, que foi o primeiro evento que aconteceu no Cubo. Depois, conheci o CASE, em 2015. O evento era pequeno, para umas 800 pessoas, na Fecomercio. Esse evento mudou completamente minha visão de mundo sobre Brasil e o mercado de startups. Percebi que era possível participar de um processo de mudança social muito forte através dessa galera que empreende e impacta a sociedade”, diz.
O foco de Danilo em construir comunidades e conectar pessoas mostrou-se vital para sua jornada. Ele liderou diversas iniciativas que reuniram fundadores, investidores e entusiastas, criando um ambiente rico de colaboração e troca de conhecimento. Esse espírito comunitário foi fundamental na criação da ZeroOnze, um movimento que uniu os fundadores de startups da cidade de São Paulo em uma das maiores comunidades do país.
Entre os anos de 2016 e 2018, Danilo Picucci fez parte do time do Google Campus, experiência que afirma ter ajudado a expandir seus horizontes. Viajando pelo mundo e interagindo com empreendedores globais, Danilo aprofundou sua compreensão sobre como os ecossistemas de startups funcionam em diferentes partes do planeta. Ele também ganhou insights valiosos sobre como as grandes empresas e investidores podem interagir de maneira mais eficaz com startups em crescimento. “Foi o momento em que eu fui mais idealista, e foi o momento em que eu entendi que não dá para ser tão idealista. Não dá pra mudar o mundo em pouco tempo, nem sozinho.”
A virada de chave
Em 2018 o Brasil viu nascer seu primeiro unicórnio: no dia 2 de janeiro daquele ano, a chinesa Didi Chuxing, rival da Uber na China, assumiu o controle da 99, avaliando a startup brasileira em US$ 1 bilhão. Danilo diz que ali, tudo mudou. “O mundo inteiro passou a olhar para as startups brasileiras de outra forma. Os próprios empreendedores nacionais começaram a ter uma visão diferente de como esse mercado funciona. Gente que nunca tinha ouvido falar de startup, de repente passou a conhecer. Foi um período de muito aprendizado e de muita conexão.”
No ano seguinte, Danilo migrou para o CUBO como gerente de comunidades – uma das primeiras pessoas no país a ter o cargo. “Minha experiência por lá me trouxe uma nova visão, porque eu comecei a me conectar com grandes empresas e fundos de investimentos, conhecendo a fundo o mundo de VC, como eles olhavam para o desenvolvimento do ecossistema e como as empresas veem inovação aberta”, explica.
A transição para o papel de Diretor do Ecossistema e Comunidades na Abstartups trouxe novos desafios e oportunidades. Danilo Picucci agora é o elo entre comunidades de startups em todo o Brasil, buscando fortalecer os laços e impulsionar o desenvolvimento sustentável do ecossistema. Seu compromisso em promover a colaboração e a confiança dentro da comunidade continua sendo a base de sua abordagem.
Time da Abstartups durante realização da Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo (CASE)
Depois de passar por diversas áreas em alguns dos mais relevantes players do ecossistema brasileiro de startups, Danilo defende o poder da conexão. “No final do dia, a principal tese da comunidade é a base de confiança. Nossa primeira comunidade é a família, nossos vizinhos, depois são as pessoas da nossa escola, faculdade. Essas são as nossas primeiras comunidades, e elas só existem porque a gente confia nessas pessoas. As melhores comunidades de startups do Brasil se formaram por ciclos de empreendedores que, além de grandes fundadores, eram muito bons amigos”.
Danilo Picucci fala sobre a importância das boas conexões
A experiência provou que o que melhor funciona para fortalecer uma comunidade são eventos de conexão simples e puros, focados em fundadores, para estimular que esses fundadores virem amigos e virem, de fato, uma comunidade. “Isso é o que acontece nos bons ecossistemas. Se você é um líder de uma comunidade sozinho, em uma comunidade pequena, é isso que você tem que fazer: juntar essas pessoas”, garante.
Olhando para o futuro, Danilo Picucci sonha com um ecossistema de startups brasileiro vibrante e inclusivo, onde oportunidades sejam acessíveis a todos e onde a tecnologia seja um catalisador para mudanças positivas na sociedade. Para continuar sua jornada nesse sentido, ele se tornou recentemente também Membro do Conselho Consultivo de Startups do SXSW, um dos maiores festivais de tecnologia, inovação e cultura do mundo.
“Meu maior sonho é que a gente se torne um ecossistema pujante o suficiente para ter oportunidade para todo mundo. Desde os meus 18 anos, eu busco um lugar onde eu pudesse causar um impacto para fazer o Brasil se transformar em uma potência, para eliminar desigualdade. Eu parei de buscar quando encontrei o empreendedorismo, porque aqui tem um caminho para que mais pessoas possam enriquecer, ter oportunidades de emprego e influenciar o desenvolvimento da nação através da tecnologia”, completa.
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