Por Bruna Galati
Nascido em 1982, Amure Pinho se mudou com a família ainda novo para Macaé, município do Rio de Janeiro. “Macaé é uma cidade de petróleo, onde a Petrobras foi local de trabalho dos meus pais e lá eu fiquei dos meus 7 até quase 18 anos. Foi uma infância e adolescência de moleque de bairro, com muita diversão na rua, futebol e amigos, foi lá que começou a minha pegada com tecnologia.”
Com influência de seu padrasto, que sempre trazia inovações tecnológicas para casa, Amure se encantou pela área aos 10 anos, quando ganhou um computador 286 e – pasmem, pessoas que nasceram nos anos 2000 como eu! – esse computador não tinha mouse, mas segundo ele tinham joguinhos e aplicativos gráficos. Algum tempo depois, quando seus vizinhos começaram a ter computadores em casa, o aprendiz de geek já era craque em abri-los, o que garantiu a sua entrada para o mundo da manutenção.
“Eu fazia manutenção em computadores, limpava, trocava placas e formatava, coisa que ninguém sabia fazer na época, e fui ganhando uma graninha. Antes dos 12 anos, eu só brincava de empreender no colégio, fazia aluguel de videogame, de fita de jogo e do meu gameboy”, compartilha. O negócio se expandiu e teve um bom retorno financeiro, mas aos 18 anos levou um puxão de orelha da mãe para fazer faculdade – fez ESPM no Rio de Janeiro, onde estagiou em marketing com André Diamand, um nome marcante no ecossistema de startups.
Trajetória de Amure Pinho ao investimento-anjo
Em 2008, numa época em que as pessoas nem sonhavam com o iPhone, Pinho criou a Sync, empresa de desenvolvimento de aplicativos. Nos primeiros anos a companhia não teve muitos resultados, em consequência de não haver tantos clientes para desenvolver produtos. “Nós tínhamos uma projeção do futuro, acreditávamos que os smartphones estariam na vida das pessoas, mas quando fundamos ainda não tinha tido um evento grandioso. Até que Steve Jobs subiu no palco e apresentou o iPhone. Quando o mercado começou a ter atenção para isso, nós já estávamos posicionados, com um time preparado para desenvolver”, comenta o empresário, que diz que depois disso atenderam grandes clientes como Globo, HP e Governo Federal.
No mesmo ano do “boom” da empresa, Amure descobriu que aconteceria o evento Startup Weekend no Rio de Janeiro. “Os ingressos tinham esgotado e acabei participando como patrocinador, o que me permitiu abrir o evento. Estava no meio de nomes incríveis do mercado e não sabia nada sobre o ecossistema, foi assim que subi no palco e abri o evento, dizendo que não entendia nada sobre startups, mas entendia muito sobre tecnologia e estava lá para aprender”.
Pinho queria ficar perto de projetos incríveis para ajudar a fomentá-los, foi seu primeiro sentimento de investidor-anjo, sem saber o que era isso. Foi aí que empreendeu na startup que ficou em terceiro lugar da competição do evento. “Foi meu primeiro erro, investi em uma ideia de Startup Weekend que nunca foi entregue no final e esse foi meu começo como investidor-anjo. Eu pegava o dinheiro da Sync e investia em empreendedores.”
Depois da primeira investida, tiveram mais nove erros de investimento, uma vez que ele não tinha uma tese concreta. Aconteceram investidas em startups sem modelo de negócio, em ideias no papel, em soluções que não se monetizavam e até em modelos de negócio ilegais.
Reviravolta de sucesso
Depois dos tropeços, Amure não queria mais investir, até que foi apresentado para uma solução diferente do que já tinha visto no mercado. Um desenvolvedor tinha feito um motor para automatizar a parte de Google Adwords da empresa em que trabalhava – a Leader Magazine. As funções eram: pausar os anúncios quando o produto saía de estoque; alterar o preço no anúncio quando acontecia mudança no e-commerce; e reposicionar quanto era pago no anúncio.
Após sobreviver a um câncer no cérebro, o desenvolvedor quis sair da empresa para passar mais tempo com a família, mas para não deixar a Leader Magazine sem a solução que dava receita, optou por cobrar um valor mensal da empresa e fazer manutenção do software. Sem saber, ele deu início a uma startup que já tinha seu primeiro cliente.
“Ele bateu na minha porta e falou que achava que tinha um negócio com um primeiro cliente grande. Eu adorei a ideia e falei que investiria R$ 40 mil. O sócio dele ainda trabalhava em outra empresa, banquei seu salário para ficar full time aqui, investi em marketing, coloquei meu time de tecnologia para ajudar e fomos na rua vender a startup”, conta. Dois anos depois a startup chegou ao seu exit e foi comprada pela B2W por aproximadamente R$ 10 milhões.
Com 10% do negócio em suas mãos, Amure conseguiu pagar pelos seus erros de investimentos iniciais. “Coloquei grana no bolso e voltei a ficar corajoso. Nada melhor do que uma coisa sua ter dado certo e dinheiro para voltar a investir. Depois veio meu segundo exit, 20 startups investidas, a presidência na Abstartups e minhas viagens para conhecer e investir no ecossistema de startups pelo Brasil.”
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Criação do Investidores.vc
Em 2019, Pinho participou da Gestão 4.0 e ficou pensando que se esse curso ensinava negócios tradicionais a usar startups para evoluir, ele não poderia ensinar investidores tradicionais a usar startups para diversificar seu capital. “Foram dois meses de enrolação, porque eu achava que faltava muita coisa e meus amigos falando para eu lançar. Até que fui para Belo Horizonte e um empreendedor que eu já tinha investido algumas vezes falou que queria fazer meu curso e não desistiu da ideia até pagar duas inscrições para o curso.”
Amure montou a primeira turma com 10 pessoas e, ao final do evento, ele sabia que tinha criado o seu novo negócio, o Investidores.vc, uma plataforma para investimento-anjo. Baseada em uma rede de coinvestimento, a empresa atua em três principais frentes: imersão: durante dois dias de conteúdo, há a formação de novos investidores, com cases e situações práticas do mercado sobre o antes, o durante e o depois do investimento-anjo; pool de investidores: todos os membros formados na imersão ingressam na rede de investimento-anjo da empresa; e tecnologia: através de uma plataforma própria, a empresa gerencia todo o fluxo de análise de oportunidades, assim como fechamento de negócio, contratos e acompanhamento do pós investimento.
Hoje, o Investidores.vc tem mais de 46 startups investidas, 7 exists e mais de 320 investidores ativos que coinvestem em startups em early stage. Ainda fechou o ano com chave de ouro ganhando o Startup Awards na categoria melhor Venture Capital de 2022.
“Eu confesso que não estava esperando, mas meu time estava. Nós fomos muito ativos durante o ano, estamos com uma rede incrível de investidores, investimos em muitos empreendedores, construímos uma sede, tivemos diversos eventos, imersões fora de São Paulo e saímos da nossa zona de conforto para entregar conhecimento nível Brasil”, completa.
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