No último dia do Congresso ABVCap 2023, executivos de alguns dos mais relevantes fundos de Venture Capital se reuniram no painel intitulado “VCs: Erros, Acertos e o Futuro da Indústria”. O debate proporcionou uma visão profunda sobre os desafios enfrentados pelos investidores, as lições aprendidas ao longo dos anos e as perspectivas para o futuro deste setor em crescimento.
Segundo um estudo divulgado pela ABVCap, a indústria de Private Equity e Venture Capital movimentou impressionantes R$ 3,64 bilhões no Brasil entre julho e agosto de 2023, em 46 operações. Os números refletem a tendência de recuperação dos investimentos, já observada no relatório do segundo trimestre.
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Paulo Tomazela, CEO da Bossa Invest, ao fazer uma reflexão sobre os primeiros dias do mercado de VC no Brasil, enfatizou a avaliação da capacidade do empreendedor como fator primordial. Ele compartilhou a lição aprendida de que, por vezes, bons negócios foram prejudicados por empreendedores com capacidade de execução insuficiente. “Fizemos bons negócios com empreendedores ruins, o que foi prejudicial para os fundos. A gente ficou de fora de muitos deals por causa da capacidade de execução de um empreendedor. Se ele precisa pegar muitos rounds em um curto período de tempo, por exemplo. Na Bossa, tudo é superlativo. O nosso método de avaliação é robusto, mas a nossa régua, como a do mercado, tende a subir cada vez mais”, afirma.
E a régua subir significa que cada vez mais bons empreendedores e negócios promissores estarão na mira dos fundos. No acumulado dos oito primeiros meses de 2023, os investimentos em Private Equity atingiram R$ 11,4 bilhões, um aumento de 12% em relação ao mesmo período de 2022. No entanto, o Venture Capital registrou uma queda de 70% nos valores investidos, totalizando R$ 4,2 bilhões até o momento em 2023.
Novos olhares do VC para os empreendedores
Fernando Silva, Managing Partner da Crescera Capital, destacou o período de euforia que a indústria vivenciou nos últimos anos, comparando-o ao “Woodstock do VC”. A globalização, a expansão das redes de alta velocidade e a proliferação de dispositivos adequados impulsionaram a digitalização global, resultando em um influxo massivo de capital. Fernando enfatizou que, apesar dos altos e baixos, a natureza dinâmica do VC permite uma rápida adaptação e aprendizado. “A beleza do universo de VC é que somos uma das indústrias mais dinâmicas. A gente erra, aprende rápido e acertamos mais rápido ainda. No futuro vamos cometer outros erros, mas nunca mais os mesmos.”
Edson Rigonatti, Partner da Astella, trouxe à tona a importância de educar os empreendedores para o que o cenário de VC busca. Ele compartilhou sua experiência ao longo de três ciclos distintos, cujo primeiro foi ainda nos anos 1990, evidenciando que, no final, os resultados tendem a convergir para a média histórica. “Os LPs (investidores de VCs) vivem de safra, e temos que aproveitar a atual, que será uma das melhores safras que vimos nos últimos anos”, garante.
Sobre a excelente safra que está por vir, Carlos Costa, Partner do Valor Capital Group, ressaltou a importância de discernir entre empreendedores com habilidades excepcionais de venda e aqueles que verdadeiramente contribuem para a saúde do negócio. “É importante o VC entender quem é o empreendedor que sabe vender o peixe dele e o que é, de fato, relevante para a saúde do negócio. Tem que separar esses perfis para que os investimentos aconteçam de maneira consistente”, diz.
Especificamente no Venture Capital, foram aportados R$ 1,08 bilhão em 41 operações nos últimos dois meses, enquanto o Private Equity totalizou R$ 2,56 bilhões em cinco operações no mesmo período. No segundo trimestre consolidado, o valor investido em Private Equity chegou a R$ 4,8 bilhões em 17 investidas.
Agora, Pedro Melzer, founding partner da Igah Ventures e vice-presidente da ABVCap, garante que, mais do que nunca, é importante a vitalidade da diligência na tomada de decisões de investimento. Cada fundo deve compreender sua própria identidade e estratégia, pois existem diversas abordagens para o venture capital. Ele salientou que, apesar das incertezas inerentes, a convicção nos investimentos é crucial. Ignorar a perspectiva de saída ou subestimar a saúde dos dados apresentados pode resultar em impasses. “Se a gente não entende a perspectiva de saída daquele investimento ou a saúde dos dados apresentados, a gente não tem como avançar em um investimento. Existem diversas formas de ‘apostar’, cada VC tem suas métricas, mas não é possível pular a etapa da diligência. Quem pulou, agora está tendo que revisitar as estratégias de investimento”, completa.
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