Segundo estudo da Softex, cerca de 88% das empresas brasileiras já desenvolvem ações de inovação aberta, mas o que acontece com os outros 12%? Seria a dúvida no termo, o receio de implementar algo novo no negócio ou o desconhecimento sobre o assunto?
O Innovation Tour – evento promovido pela Beats Brasil e com apoio do Startupi, que leva empreendedores para conhecerem as empresas mais inovadoras do Brasil -, visitou a sede da Liga Ventures, e Raphael Augusto, Managing Director da rede, conversou com o Startupi sobre o que é preciso para fomentar um ecossistema de inovação.
O que é inovação aberta?
O ditado popular “duas cabeças pensam melhor que uma” é um ótimo exemplo do que é inovação aberta. É a junção de uma empresa, normalmente tradicional, já estruturada, com uma startup – que pode até estar iniciando – que traz soluções tecnológicas, colaborando para o mercado.
Para Augusto, é o momento que uma grande companhia reconhece que está na hora de abrir suas portas para interagir com o ambiente externo. É uma forma de inovação descentralizada e disruptiva, que soma diferentes partes, com experiências diversas e conhecimentos distintos, a fim de alcançar resultados em comum.
“As startups chamam atenção porque criam novos mercados de forma disruptiva. Eles pensam em mudar maneiras de fazer negócios já existentes no mercado. Como o Uber, que mudou a maneira de encarar a mobilidade ou as foodtechs, que mudaram a nossa relação com os alimentos. O mercado exige demandas e eles as resolvem, mas também criam novas oportunidades”, explica o Managing Director.
Em 2015, a Liga Ventures chegou ao mercado brasileiro trazendo o conceito de inovação aberta junto a programas de aceleração das empresas no país – iniciativas que buscam atender as demandas e as oportunidades que existem nas empresas através da inovação de startups.
“A Liga chega na empresa, entende seus desafios, até onde quer chegar e inovar, depois faz uma busca por startups que tenham melhores condições para atender aquela demanda. Também acompanhamos a condução do projeto até se tornar algo real”, explica Raphael sobre a empresa que hoje já conta com a Startup Scanner, tecnologia que mapeia startups por localização e área de atuação e já colaborou com mais de 120 grandes empresas.
Prepare a empresa para a inovação aberta
Para chegar à inovação aberta, a equipe ou pessoa à frente do negócio deve passar por três momentos, segundo Raphael Augusto. O primeiro grande momento é a formação e informação. “Quando você chega no mercado, é preciso entender o que acontece, as terminologias, as oportunidades que existem e como está a movimentação, principalmente pelo cenário estar em constante mudança e em fase de amadurecimento.”
Augusto lembra da importância de buscar informações de qualidade e com profundidade para entender sobre o mercado. Além de ter citado o Startupi como fonte, ele compartilha que a Liga Ventures tem um espaço com estudos e análises do ecossistema de inovação, conhecido como Liga Insights.
Outra atitude atrelada à formação e informação é tornar a inovação um hábito.”Se um empreendedor quer realmente internalizar o conceito de inovação e trazer isso para o seu negócio, é preciso transformar isso em um hábito. Fazer visitas em empresas e startups para conhecer novos negócios e conversar com quem já está no mercado, ler notícias, participar de eventos e estudar, só assim será possível aplicar inovação no dia a dia da empresa”, explica Augusto.
Depois de entender o que acontece no ecossistema, é hora de dar o próximo passo: o relacionamento, que demanda tempo e energia. É quando o empreendedor pesquisa as soluções de startups – que condizem com as suas dores, necessidades e objetivos – e tem uma troca de informações com quem as criou, conversam se há possibilidade de fazer um negócio juntos, testam a solução e podem até fazer adaptações.
“O pilar de relacionamento é o que a Liga mais atua. Colocamos os programas das empresas para funcionar, buscamos as startups e estabelecemos uma agenda com duração de 4 a 6 meses para que eles conversem semanalmente e desenvolvam um projeto juntos”, diz Raphael que compartilha um exemplo dessa junção.
A Brink’s, empresa de gerenciamento de transporte de dinheiro, ao perceber que a circulação de dinheiro está cada vez menor, queria desenvolver novas soluções. Ela se uniu a Drone Control, spin off brasileira que desenvolve sistemas de proteção contra drones não autorizados, e desenvolveram um serviço para a proteção do espaço aéreo. Hoje, essa junção já atende os maiores aeroportos do Brasil.
Por fim, o último passo é o casamento, que pode acontecer de várias maneiras. A junção pode ser através da aquisição da startup, do investimento nela, do desenvolvimento de um produto ou da aquisição por contratação – a compra do time de tecnologia desenvolvido da startup -, a escolha vai depender da estratégia de cada empresa. “O caminho mais sedimentado para encontrar a inovação da sua empresa é esse: se informar e formar, se relacionar e investir”, completa Raphael Augusto.