Por Bruna Galati
O ano de 2022 trouxe mudanças importantes na dinâmica de Venture Capital. O aumento das taxas de juros no mundo todo impactaram a liquidez dos mercados de ações (públicos e privados) de forma relevante. O Nasdaq abriu 2022 com aproximadamente 15,6k pontos e acumula queda de pouco mais de 30% até o momento e as empresas que mais sofreram foram, em sua maioria, as que demonstraram as maiores taxas de crescimento de receita no ano anterior (2021).
Segundo Laura Constantini, cofundadora e sócia da Astella Investimentos, isso aconteceu porque a maioria das economias do mundo vinham reduzindo suas taxas de juros desde 2016-2017. “Ou seja, nós passamos por um período longo onde investidores trocaram ativos de renda fixa para renda variável com o intuito de buscar retornos maiores”, explica. Com a pandemia, a redução dos juros no primeiro trimestre de 2020 foi ainda maior e esses patamares baixos foram mantidos até o final de 2021, quando as economias começaram a sentir sinais de aumento da inflação.
O aumento da taxa de juros, a alta da inflação e conflitos geopolíticos fazem com que o comportamento dos investidores mude, de acordo com Laura. Eles ficam receosos a tomar riscos, dado que a renda fixa traz uma remuneração maior. Por isso que o Venture Capital vive um período de extrema liquidez.
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Como isso afeta as startups?
Para Laura, com os acontecimentos recentes no mundo, os investidores vão buscar novas posturas das startups como a adoção de estratégias mais cautelosas, olhando para os curtos e principalmente aqueles relacionados ao crescimento. “Vão exigir cautela nos gastos com custo de aquisição de clientes. Implicitamente, os investidores estão falando que preferem um crescimento menor atrelado a um risco menor.”
O número de capital disponível estará reduzido nas Venture Capital, o que significa que os investidores serão mais seletivos e passarão a olhar para outros indicadores de eficiência, além do crescimento do número de clientes e receita.
“Os dois pontos anteriores trazem um risco maior para as próximas rodadas das startups. A chance de captação diminui sensivelmente. Isso significa que o empreendedor tem que pensar sua estratégia e considerar atingir o breakeven como única alternativa de sobrevivência”, explica Laura sobre o momento de breakevar uma startup.
O que fazer para breakevar em tempos difíceis?
Eficiência de capital
A cofundadora da Astella cita que se antes era possível projetar o uso dos recursos de uma rodada de investimentos para turbinar crescimento, agora, o empreendedor tem que pensar que, para sobreviver não dá apenas para almejar um nível de faturamento e crescimento elevado, tem que garantir que sobreviverá se não conseguir captar quando os recursos da rodada acabarem.
“Eficiência de capital passa a ser extremamente relevante. As empresas que tiverem custo de crescimento menores e operações mais enxutas vão aumentar suas chances de sobrevivência e de captação”, explica.
Dificuldade de captação, o que fazer?
Para os empreendedores que já estão enfrentando dificuldade em captação, Laura explica que rever a estratégia e as operações são fundamentais – nem que isso signifique redução do quadro de funcionários e cancelamento de novas contratações.
Negociar com colaboradores e trocar parte da remuneração por stock option – permite que os funcionários comprem ações da empresa a um preço predeterminado – é uma opção mencionada por Constantini. “Todo mundo está ciente do momento que estamos vivendo e provavelmente vai preferir colaborar para que a empresa sobreviva e seu emprego seja preservado.”
Olhar para as operações e identificar processos que podem ser mais eficientes para que a empresa mantenha capacidade de crescimento sem depender de mais contratações também é muito importante. “Como vivemos um período de abundância de capital, muitas startups deixaram de olhar eficiência para focar só no crescimento e oferecem hoje oportunidades grandes de melhoria de margens e produtividade.”
Para Laura, buscar estratégias de geração de demanda mais baratas é fundamental. É importante olhar para as iniciativas atuais, entender quais são mais eficientes e focar.
Por fim, a cofundadora cita que manter o relacionamento e conversas periódicas com os fundos é necessário. Não só porque os gestores podem ajudar a refinar a estratégia e trazer sugestões e ideias de oportunidades a serem avaliadas, mas também, para que eles possam avaliar a jornada e considerar novos investimentos.
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