Por Bruna Galati
Todos os anos, o Swiss Re Institute divulga uma pesquisa sobre riscos emergentes, auxiliando as indústrias de segurança e seus clientes na construção da resiliência. Nesta 11ª edição, o foco está nas mudanças tecnológicas, geopolíticas e sociais que ocorrem no mundo atual. Entre as ameaças estão os ciberataques, o desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial, os conflitos relacionados às novas rotas comerciais no Ártico e os perigos associados ao uso da tecnologia para resfriar a Terra.
Inteligência artificial
Embora a inteligência artificial seja um dos assuntos mais comentados atualmente e esteja revolucionando todos os setores do mercado, o uso e as capacidades crescentes dos sistemas de aprendizado de máquina (Machine Learning) trazem consigo novas vulnerabilidades. A falta de conscientização e governança contribuirá para o aumento do número de serviços vulneráveis a novos ataques cibernéticos.
Álvaro Machado Dias, professor da Unifesp e especialista em neurociência e futuro do Brasil, avalia os possíveis cibercrimes que hackers podem cometer ao utilizar ferramentas como a IA. O primeiro seria a criação de “viroses polimórficas” – viroses digitais. “Um hacker black hat cria um vírus e, em seguida, o submete ao programa generativo, solicitando que este crie uma segunda versão, funcionalmente idêntica, mas com alterações no código. Então, o hacker pega esse resultado, testa e repete o procedimento. E assim por diante. Isso leva à multiplicação de viroses que, por serem diferentes, não podem ser combatidas com um único antídoto.”
O segundo seria a possibilidade de solicitar que o programa generativo analise softwares de mercado e encontre vulnerabilidades, o que resultaria na identificação de áreas suscetíveis a ataques. De acordo com o estudo, isso pode gerar vazamento de dados, roubo de modelos de propriedade intelectual, ou até mesmo acesso à equipamentos que usam IA, como os carros autônomos ou aparelhos médicos – gerando acidentes e diagnósticos médicos equivocados.
O terceiro seria a criação de deepfakes de natureza generativa, algo que já está ocorrendo. “O estelionatário clona a voz de uma pessoa e programa IAs generativas para ligarem para seus conhecidos (imagine uma pessoa cujo celular foi roubado) pedindo dinheiro ou algo do gênero.”
Álvaro explica que para combater os crimes que utilizam IA como ferramenta, o principal é instruir as pessoas a evitarem golpes baseados em engenharia social, atentando para o fato de que mesmo que as solicitações sejam feitas por pessoas conhecidas, precisam ser vistas como ressalvas, já que podem estar sendo produzidas por uma IA, além de ter leis reguladoras, como o PL da Inteligência Artificial. “Mas não é possível chegar ao cerne do problema, exceto com investigações bem conduzidas, o que exige verba e não apenas boa vontade, e educação digital em escala nacional.”
Caroline Capitani, VP de design digital e inovação da ilegra, empresa global de design, inovação e software, compartilhou que a empresa, reconhecendo a importância da educação e do conhecimento sobre Inteligência Artificial para seus clientes, desenvolveu um programa de treinamento intitulado “Trilogia da Inteligência Artificial”.
Esse workshop abrange três etapas fundamentais: a primeira consiste em fornecer um amplo entendimento sobre a IA, apresentando exemplos, explorando questões regulatórias e fornecendo embasamento teórico. Em seguida, os participantes têm a oportunidade de colocar a teoria em prática, identificando casos de uso específicos para suas áreas de atuação e explorando ferramentas e exemplos práticos de aplicação da IA. Por fim, a terceira etapa do treinamento, chamada de ativação, ensina como implementar e colocar em funcionamento os conhecimentos adquiridos sobre IA, proporcionando aos clientes as habilidades necessárias para utilizar essa tecnologia de forma eficiente e evitar possíveis erros decorrentes do desconhecimento.
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Resfriamento da Terra
Outra ameaça – que parece estar longe dos dias atuais – levantada pelo relatório é a tecnologia de gerenciamento de radiação solar (SRM), que poderia ser utilizada para resfriar a Terra e reduzir as temperaturas globais. No entanto, o uso de técnicas como a injeção de partículas altamente reflexivas na atmosfera, com o objetivo de refletir a luz solar de volta ao espaço, pode acarretar um conjunto de novos riscos ambientais e potenciais conflitos internacionais:
- A manipulação do clima via SRM pode levar a eventos climáticos extremos, incluindo inundações, secas e furações.
- A liberação de compostos na atmosfera impacta muitos países. A nação que implanta SRM pode não ser aquela que sofre efeitos colaterais prejudiciais.
- A engenharia do clima atmosférico pode mudar as zonas de doenças transmissíveis, estresse térmico e eventos climáticos extremos, que podem desencadear novos padrões de mortalidade e morbidade.
Novas rotas comerciais no Ártico
A pesquisa também destaca um importante risco conhecido como “abertura do Ártico”. À medida que o Oceano Ártico e as áreas vizinhas aquecem duas a três vezes mais rápido do que o restante do planeta, o gelo está derretendo e novas rotas de navegação estão se formando. No entanto, essa região se tornou um ponto de tensão geopolítica, levantando preocupações sobre o controle das atividades econômicas e dos riscos associados na área.
Confira o estudo completo que avalia outros 17 novos riscos e tendência nas áreas tecnológicas, econômica, social e ambiental.
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