Cassio Spina começou empreendendo e hoje é um conhecido investidor-anjo, fundador da Anjos do Brasil. Tanta experiência precisava ser registrada e depois de lançar seu primeiro livro, o Investidor Anjo – Como conseguir investimento para seu negócio, ele agora lança o segundo, Dicas e segredos para empreendedores, que tem trecho publicado pelo próprio Spina aqui no Startupi. Veja abaixo a entrevista com o autor sobre o livro e o que ainda falta no empreendedor brasileiro para agradar 100% dos investidores.
No mundo de startups, o pessoal tem feito bons pitches e aprendido com seu livro?
Evoluiu muito, só que ainda tem muita gente que não sabe quais são os pontos principais de um pitch, qual é o seu negócio e cliente potencial. Tem que treinar mais para conseguir aumentar o volume de empreendedores preparados.
Você fala de áreas promissoras no Dicas e segredos para empreendedores. Existem áreas realmente promissoras ou apenas tendências?
Áreas promissoras e tendências são sinônimos nesse caso. Existem setores que realmente têm oportunidades que não foram tão exploradas e tem espaço pra novos players. Internet, web e parte mobile ainda tem muito espaço. Aplicativos com uso de cloud. A melhor oportunidade está no mercado em que você tem mais conhecimento. Ali que você tem que focar seus esforços. Não adianta focar no setor que você não conhece porque ali o desafio é maior.
Tem alguma área que você considera saturada?
Aplicativo para taxi acho que é um sistema bem saturado. Aplicações de web para agendamento e plataformas equity de crowdfunding. Já vi muitos projetos de equity desse tipo e nenhum consegue colocar no ar, mas mesmo assim tem muita gente querendo fazer isso. Existe um modelo de sucesso nos Estados Unidos, mas ninguém ainda adaptou bem para cá.
Você também fala de barreiras para cópias de startups. Você acha que no Brasil existem muitas cópias?
Brasil tem muita cópia, sim, mas isso não é necessariamente ruim. É natural, você aprende a fazer alguma coisa primeiro copiando e depois vai ser criativo e inovador. O que não pode é ser uma cópia literal sem nenhum tipo de adequação. No exemplo anterior do equity, o Brasil é um mercado diferente, não dá para fazer exatamente o que está lá fora. O segredo é não fazer uma cópia xerox.
Para você, qual é o principal erro que o empreendedor brasileiro comete ao abrir uma startup?
Focar muito no produto e pouco no mercado. O empreendedor às vezes olha muito para o produto, para a ideia que ele teve, as características específicas e esquece que tem que ter uma demanda, uma necessidade.
Ele não vê que às vezes é melhor focar na estratégia de comunicação, mas claro, sem esquecer que não adianta comunicar algo que não tem demanda. Isso é desperdício de dinheiro. Tem que ver primeiro como atender de uma forma que interesse o cliente e depois focar na estratégia de comunicação. O produto muito bom não garante a escalada. Ele é um elemento importante, mas sozinho não faz nada.
Quais são os erros que as startups sempre cometem?
O problema não é cometer erro. O problema é não aprender com os erros que você cometeu. Tem empreendedores que pegam tudo na hora, captam as mensagens [de investidores e mercado].
O que investidor mais faz é errar, mas tem que evoluir. E o empreendedor tem que observar que está fora.
Isso não vale só para o investidor, vale para o mercado. Se você vê que o mercado não aceitou, você tem que mudar.
É um bom momento para empreender no Brasil?
É um bom momento para ser empreendedor apesar do mau momento da macroeconomia. Tem espaço e quem é inovador sempre vai crescer. Um exemplo que eu sempre cito: na Europa, ano passado, o país que teve maior investimento-anjo foi a Grécia, apesar da crise. O momento abriu muitas oportunidades por lá.