Durante a quinta edição do Brazil at Silicon Valley, evento realizado por estudantes de Stanford e Berkeley, que visa melhorar a competitividade do Brasil por meio da inovação e tecnologia, representantes de alguns dos maiores fundos do mundo falaram sobre as particularidades de se investir em venture capital na América Latina, especialmente no Brasil.
Mercedes Bent, partner da Lightspeed Ventures e participante do painel, contou sobre sua trajetória de carreira e como saiu do Goldman Sachs para se dedicar a trabalhos voluntários em startups. Sete anos depois de estar no mundo das startups, percebeu que gosta de ajudar organizações a crescer e que pessoas como ela não estavam sendo financiadas no ecossistema de startups. “Ninguém com quem eu trabalhei se parecia comigo. Então pensei que poderia entrar no mundo do venture capital, tentar a minha sorte, já que sou melhor em ajudar as organizações a crescer”, comenta. Então, Mercedes decidiu entrar no mundo do venture capital para tentar ajudar empresas a crescer e acabou se tornando uma partner da Lightspeed Ventures.
Mercedes observa que as decisões de investimento na América Latina envolvem a identificação de novos casos de uso e aplicativos que serão habilitados pela evolução do mercado. Ela destaca o exemplo do setor de pagamentos no Brasil e como o venture capital investe em negócios de consumo impulsionados por ventos de cauda de mercado. Ela também destaca a importância de olhar para o que já aconteceu em outros países, como na Índia e Europa, e aplicar esse conhecimento para esticar o aprendizado globalmente.
Confira aqui o Mídia Kit do Startupi!
A executiva destaca ainda que o dinheiro é uma commodity e o que muitas vezes falta aos fundadores é opção. Ela também enfatiza que, no mercado de venture capital, é necessário vender-se, pensar no que a torna diferente e adaptar a estratégia para abordar o mercado. “Algumas pessoas no capital de risco são como super Networkers, sempre em contato com as pessoas. Eles têm 100 mensagens de texto em seu telefone e WhatsApp a qualquer momento. E todo mundo pensa que é o melhor amigo deles”, diz. Mercedes também menciona que ela é mais introvertida e passa muito tempo aprendendo através da escrita e se desafiando a se aprofundar rapidamente em novos tópicos. Ela enfatiza que o foco é ganhar o negócio muito antes de decidir o que fazer, reconhecendo um tópico e aprofundando nele. No entanto, ela reconhece que essa abordagem pode não ser para todos.
Brazil at Silicon Valley: desafios regulatórios no investimento na região
Antoine Colaço, managing partner do Valor Capital, também participou do painel e relatou que demorou meses para tomar a decisão de investir na América Latina. Ele começou sua carreira no Google em 2005, trabalhando em Cingapura, onde descobriu sua paixão por empreendedorismo. Quando a oportunidade de investir na América Latina surgiu, ele e seu parceiro Scott, que era embaixador do Google para quem pensava em começar um negócio de empreendimento, viram uma oportunidade em um mercado em crescimento. “Se você olhasse para o ecossistema de empreendimento, era muito pequeno. Era muito incipiente, comparado ao número de empresas de empreendimento que existem nos EUA, e havia uma oportunidade para nós começarmos algo em um mercado que achávamos que ia crescer”, diz. Enquanto o ecossistema de empreendedorismo na região ainda era pequeno, Colaço viu um potencial enorme e optou por estar na vanguarda da mudança, em vez de ser apenas mais um investidor em mercados mais saturados. Ele enfatizou que queria estar em várias fronteiras e explorar oportunidades em outras regiões do mundo também.
Antoine acredita que há particularidades em se investir em diferentes mercados de capital de risco, como questões regulatórias e estruturais específicas de cada país. Ele enfatiza a importância de avaliar o que é realista e faz sentido para cada mercado em particular, mesmo que haja lições a serem aprendidas em outros lugares. Além disso, Antoine destaca a importância de avaliar o retorno relativo de um investimento, mesmo que não tenha o mesmo nível de valor de outro investimento em um mercado diferente. Para ele, existem lições a serem aprendidas em todo o mundo e não apenas no Vale do Silício.
Alex Clavel, CEO do Softbank, também comentou sua trajetória. Ele era um banqueiro de investimentos de Morgan Stanley há quase 20 anos, quando decidiu se juntar à Softbank no Japão para ver se essa organização gostaria dele e se ele gostaria da Softbank. O Softbank estava interessado no conceito de crescimento e risco, enquanto o mundo corporativo japonês geralmente não favorece o risco. Para Alex, o Softbank foi uma entrada para o Vale do Silício, que tem uma maneira diferente de olhar para o mundo em comparação com Nova York, onde ele cresceu e trabalhou em lugares conservadores. “Já se passaram oito anos e a melhor coisa, na verdade, é que a Softbank foi uma entrada para o Vale do Silício”, lembra. Em Nova York, as pessoas planejam seus passos com antecedência, enquanto na Califórnia, as pessoas descobrem as coisas tentando e errando. Para Alex, essa abordagem é semelhante à maneira como as pessoas trabalham com software, tentando algo e, se não funcionar, voltando para o plano B.
Clavel destaca que a América Latina apresenta desafios regulatórios e estruturais que podem dificultar o sucesso de um modelo de negócio. Além disso, há a presença de grandes conglomerados com monopólio nos mercados, o que torna a competição mais difícil. No entanto, Clavel destaca que os fundadores na região são aguerridos e resilientes, o que é essencial para enfrentar os desafios do ambiente de negócios. Ele também observa que as empresas na América Latina estão em estágios iniciais em relação às economias mais desenvolvidas, mas que a humildade e a perseverança dos fundadores são fatores importantes para o sucesso.
Acesse aqui e saiba como você e o Startupi podem se tornar parceiros para impulsionar seus esforços de comunicação. Startupi – Jornalismo para quem lidera a inovação.