Daniel Dalarossa, que co-fundou a Cyclades com João Lima em uma garagem na Vila Olímpia em 1989 e, depois de muito trabalho e uma mudança para San Francisco, vendeu a empresa para a Avocent por US$ 90 milhões. Já publiquei um vídeo em que Daniel explica sua trajetória e aconselha empreendedores a usarem melhor sua intuição. Agora, ele explica sobre o que está falando – e vem ao Brasil dar um workshop sobre o estados criativos e intuitivos em São Paulo, paralelamente ao curso 360° para empreendedores que ele ministrará em Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.
100% da receita dos cursos é direcionada ao Instituto Cuore de São Paulo, que trata do desenvolvimento da autoestima de crianças em situação de vulnerabilidade social, ou seja, é o empreendedor que está em busca de atingir seus sonhos, ajudando diretamente crianças esquecidas pela sociedade a também atingirem seus sonhos que brotam em seus corações (fundamento da visão do Instituto Cuore).
Por que você resolveu dar esse tipo de treinamento?
Esse workshop de 5 horas nasceu do fato de eu incluir esse mesmo assunto (intuição e criatividade) no início do curso para Empreendedores. O que fizemos foi expandir o tópico que tratamos em 90 minutos no curso para Empreendedores, para 5 horas e cobrir com razoável nivel de detalhes todo o assunto.
É baseado diretamente em suas experiências?
Sim. Eu passei meus primeiros 10 anos como empreendedor sem poder entender como esses processos intuitivos e do inconsciente se manifestam e me considerava de uma certa forma um empreendedor até “inferior” por não ser intuitivo. Muita gente ainda tem a imagem errônea que ser intuitivo é como ser um profeta do Século 21, tendo visões claras do futuro com 100% de acerto. Muito disso vem de pessoas que se promovem como intuitivas.
Passei a estudar o assunto a partir de 1998 mais profundamente e descobri que eu sempre fui intuitivo, todos nós somos. A decisao de escolher a pessoa com quem casei, a decisão de sair e montar minha propria empresa, a decisão de abrir empresa no Silicon Valley sao exemplos de decisões em que o aspecto analítico ou intelectual é minimizado ou tem muito pouca influência. Tem algo “maior” que te move por trás de tudo, um sentimento de certeza inexplicável, inarticulável, que é exatamente a intuição. Nós desmistificamos esse assunto no workshop e ensinamos os caminhos para desenvolver a nossa capacidade intuitiva que todos nós possuímos.
Qual é a programação?
Dividimos o workshop em duas partes:
a) Na primeira parte falamos de como a ciência define e caracteriza criatividade, inovação e intuição. Falamos de modelos teoricos de criatividade (Wallas e Amabile). Trabalhamos em grupo questões ligadas ao favorecimento de criatividade na cultura de uma organização, nas habilidades do líder e no contexto dos colaboradores.
b) Na segunda parte do workshop trabalhamos os aspectos práticos. Ensinamos os caminhos para atingir estados criativos e intuitivos baseados em exercícios mentais. Temos também um capítulo ligado à neuroplasticidade e à revolucao que vem acontecendo nos últimos 10 anos. Mais detalhes aqui.
Qual é sua percepção sobre os empreendedores hoje, no Brasil e no mundo?
A grande maioria dos empreendedores, no Brasil ou fora, não sabe distinguir entre intuição e pressentimento, trabalham e agem no que eu chamo de “modo espontâneo”, ondes as coisas simplesmente ocorrem. A grande maioria acaba tomando decisões críticas em suas caminhadas atraves da intuição, porque isso faz parte da vida do empreendedor. Como empreendedor, você nem sempre vai ter todos os dados ou todo o tempo do mundo para tomar uma decisao. Ou você desenvolve esse talento, ou você se torna menos competitivo.
Empresas como a Google estao liderando o aspecto de promoverem a geracao de estados criativos e intuitivos com seus programas de treinamento. No caso da Google, eles criaram a “Google´s School of Personal Growth”, onde esses assuntos são tratados e é aberto a todos os funcionários.
Qual é sua percepção sobre o mercado hoje? está bom para empreender? quais são os diferenciais para quem quer se dar bem?
O ambiente está otimo para empreender, especialmente no Brasil, porque temos capital, temos recursos humanos e temos mentores que podem ajudar os que começam.