Tem uma frase que diz: “aquilo que nos une significa mais do que aquilo que nos separa”. Mas, em se tratando de Brasil e China, há controvérsias.
Letras vizinhas no alfabeto, os países “de ponta” do bloco de países emergentes BRIC ainda apresentam realidades bem distantes uma da outra. Com licença poética: há praticamente uma Rússia e uma Índia entre o Brasil e a China.
Um certo pessimismo
Em artigo na editoria de negócios no site da revista Time, o líder para mercados emergentes da Gestora de Investimentos Morgan Stanley, Ruchir Sharma, escreve que o Brasil é a não-China, por apresentar sinais de desbalanço econômico. Ele argumenta que restaurantes em São Paulo são mais caros do que em Paris e que apartamentos no Leblon, no Rio de Janeiro, são mais caros do que na Quinta Avenida, em Nova York, com vista para o Central Park.
Sharma defende que, mesmo o volume de capital entrando no Brasil este ano seja muito maior do que no ano passado – que já foi recorde, graças aos commodities – e independentemente de o governo ficar aumentando as taxas de juros, o crescimento do país talvez não passe dos 4%, bem menos do que os 7% do ano passado. Para ele, isso faz com que estejamos no meio da nossa própria bolha de dinheiro quente. E bolha, como sabemos, é aquilo que pode estourar. Junto a uma série de outros elementos e argumentos, ele diz que somos o inverso da China, onde a moeda é barata. Leia o original na íntegra aqui.
Perguntas ao leitor
Como você acredita que isso está relacionado ao mundo da tecnologia e do venture capital/private equity? Por que acredita que áreas de menor valor agregado, como commodities, venham atraindo maior interesse de investidores internacionais? Acredita que isso tem a ver com uma postura de exploração, como de colonizadores? Por que acredita que eles não gostavam de investir em tecnologia aqui quando havia muito risco, e agora que não há tanto risco investem em coisas mais tradicionais?
Um certo otimismo
Por outro lado, Ka Wai Ho, analista do grupo de pesquisa financeira no Instituto Milken (um think tank que dá consultoria em inovação financeira para mudar o mundo), publicou na editoria “Ideias Correntes” do site da entidade um texto em que lembra: o maior investidor externo do Brasil no ano passado foi a China! Para ele, além da dúvida se os chineses vão se interessar por áreas de maior valor agregado, como tecnologia, a questão seria se os chineses vão – depois de se convencerem de nosso potencial tecnológico – deixar espaço para investidores de outros países.
Wai Ho, que é mestre em engenharia, economia e gestão pela Universidade de Oxford, acredita ainda que um dos maiores problemas do Brasil é que os investidores locais não estão cientes do potencial das inovações que já costumamos produzir. Leia na íntegra aqui.
Mais perguntas ao leitor
O que isso tudo significa? Como podemos melhorar toda essa situação, convertê-la em favorável? Como convencer os gestores de capital que estão especulando commodities reinvestir em vantagem competitiva sustentável, com uso intensivo de conhecimento e alto valor agregado? O que falta? O que sobre? O que muda?