Há cerca de uns dois ou três anos, estávamos em tamanho êxtase aqui no Brasil que, para os mais jovens (de idade e alguns de inocência), parecia que o empreendedorismo tinha acabado de ser inventado. Cheguei a participar de eventos nos quais, ao contar que montei minha primeira empresa de web em 96, as pessoas me olhavam curiosas e algumas assustadas!
“Tinha web em 96? Tinha startup em 96?” – me indagavam! Repito pra quem não sabe: tinha sim! Yahoo é de 1995. Zaz (atual Terra) é de 96, UOL de 96. E, pasmem, o Google é de 98! Startups, empreendedorismo e a web não foram inventadas há 2 ou 3 anos, já existiam há tempos, mas penso que empreendedorismo a la startup, esse sim nasceu aqui no Brasil há uns 2, 3, 4 anos.
Meetups, Geeks on a Plane, Techcrunch, Lean Startup, MVP, aceleradoras, Startupi, etc, estes sim nasceram nos últimos anos. Já dava para ir praticamente toda noite em um encontro diferente de startups. Do bar ao grande evento, começou a ter todo dia um programa para quem quisesse se divertir e aprender. Por outro lado, quando você perguntava pra moçada quem era empreendedor, obtinha um quase 100% de mãos levantadas – mas quando perguntava quem tinha empresa, aí uns poucos gatos pingados se apresentavam. Cheguei a fazer um texto onde dizia que empreendedor é quem tem CNPJ – e fui avacalhado geral. Afinal, como eu não entendia que todo mundo estava empreendendo mesmo que tivesse um belo emprego numa multinacional?!
O tempo passou e hoje vivemos um momento diferente, mais vida real, menos auê e, consequentemente, muito mais empreendedor. Pode, para alguns, parecer o contrário. Mas penso que não. Hoje os eventos (e vejam que alguns não existem mais!) tem empreendedores de verdade, MVP passou a ser algo que se fez de fato e não apenas se colocou no powerpoint. Algumas empresas já anunciaram seu fim, há anúncios de novas rodadas de investimentos todos os dias, bem menos “vaporware” e muito mais suor por aí. Descobrimos também quem é empreendedor de blablabla e quem é de fato. E, claro, também tinha muito investidor de blablabla e outros de verdade, que estão aí pro long run.
Que bom que entramos nesta nova fase. Aquela foi importante, auê faz parte, mas dava um medo terrível que ficássemos só no auê. Que bom que não ficamos. Que bom que estamos no “modo vida real”, tanto com empresas fechando (e deve rolar mais…) quanto com outras nascendo, crescendo e acontecendo – mas tudo bastante vida real.
Foto: Mike Baird/Flickr