Ontem e hoje, diferentes discussões no Disrupt acabaram passando pelas tecnologias de socialização: comunicação, interatividade, colaboração e coisas em geral que as pessoas fazem juntas.
Michael Arrington (fundador do Techcrunch demitido há 1 ano de sua própria companhia, atualmente líder no seu CrunchFund, fundo que conta inclusive com investidores brasileiros – depois volto à questão) perguntou para Reid Hoffman (fundador do LinkedIn e investidor pela Greylock Partners, com investimentos em Zynga, Facebook, Flickr, Digg, Ping e Last.fm, por exemplo) por que ele ainda estava apostando na tendência do social, que teve um ápice nos dois últimos anos mas já perdeu um pouco o charme.
Fiz bem em guardar a resposta dele, que nem foi assim tão especial, e esperar outros comentários. Os de Kevin Rose (da Google Ventures) também foram minimalistas, mas em direção que pode ser considerada oposta. Os comentários dos empreendedores de b2b (produtos para empresas) foram bastante úteis – veja onde estão as oportunidades.
Hoffmann, filósofo antes de empreendedor, defendeu ontem que o lado social é inerente ao ser humano e isso não veio com a internet social nem foi embora com a mudança de foco dos investimentos. Por isso, mantém-se firme nisso e, mesmo forçado por Arrington a admitir que foi uma porcaria implementar o Twitter dentro do Linkedin, foi criterioso dizendo que houve apenas algumas pequenas coisas não muito felizes, mas está satisfeito.
Rose, em uma entrevista hoje, não discordou sobre o aspecto social das pessoas, mas disse que as tecnologias de socialização são apenas uma camada que se coloca em cima de outros aplicativos – deixando entender que considera os outros aplicativos como verdadeiros produtos, não funcionalidades.
Um tanto depois, aconteceu um painel com empreendedores de b2b sobre “como enterprise software tornou-se sexy” (no sentido de atrativo para o usuário, como produto, e para empresas, como negócio). Participaram Kirk Dunn (Cloudera), Aaron Levie (Box), Todd MkKinnon (Okta), Justin Rosenstein (Asana) e Leena Rao (moderadora do Techcrunch). Não dei conta de anotar quem falou exatamente cada coisa, mas seguem alguns tópicos que acredito darem um caminho para oportunidades!
- a oportunidade de produtos corporativos é que as pessoas juntam-se para trabalharem juntas e ajudá-las a fazerem isso de forma mais eficiente é ótimo. Não é mais apenas a visão dos diretores que define o que as pessoas na empresa e fora dela vão usar, mas agora também é o que as pessoas da empresa e os clientes usam que ajuda a definir as decisões tecnológicas dos diretores;
- algumas corporações ainda contam com software de 2007, feito em 2005 para resolver seus problemas de 2012 mas hoje em dia não se trata mais de apenas ligar para o fornecedor e pedir uma versão mais nova. Isto é uma oportunidade para startups, pois agora as empresas já fazem pequenos testes adotando tecnologia nova de forma incremental, não com base em longos estudos estratégicos;
- tecnologia empresarial sempre foi e continua sendo interessante, só que houve um momento em que se investiu em outras áreas que de repente chamaram atenção, e agora que a emoção passou as pessoas voltam a ver que é interessante fazer b2b. Para nós, tudo são dados (data), não tem essa dados estruturados versus não estruturados, ou ainda big data – coisa que empresas como as de cartão já vem fazendo há pelo menos vinte anos!
- quando se fala em tecnologia para o usuário final, é fácil ver o impacto na vida da pessoa; quando se fala em tecnologia para empresas, deve-se ver o impacto que esta tecnologia vai ter não apenas na empresa, mas também no impacto que esta empresa tem no mercado;
- uma companhia do Vale do Silício não deve pensar como uma companhia do Vale do Silício, mas como uma companhia de um setor específico, seja transportes ou telefonia, por exemplo;
- a hibridização entre o que as companhias estão fazendo internamente e o que acontece na nuvem é muito ativadora (enabling) e atrativa!