O Ceará tem se destacado no cenário nacional com o crescimento econômico que supera a média brasileira. Com uma população superior a 9 milhões de habitantes, o estado registrou 5,26% de crescimento no PIB no primeiro trimestre de 2024, dobrando a taxa nacional de 2,5%. No segundo trimestre, o crescimento acelerou para 7,21%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse avanço é resultado de um ecossistema de inovação fortalecido, impulsionado por instituições como o Sebrae, que apoiam o desenvolvimento de pequenas empresas e startups nas mais diversas regiões do estado.
O Sebrae tem investido em uma estratégia regionalizada para fomentar o empreendedorismo e a inovação no Ceará. A divisão do estado em 11 regiões — entre elas, a Região Metropolitana de Fortaleza, Cariri, e Ibiapaba — permite que as iniciativas sejam adaptadas às particularidades de cada localidade, promovendo uma abordagem personalizada e integrada.
Com mais de 400 startups mapeadas e R$ 2,3 bilhões em investimentos, o Sebrae Ceará contribui diretamente para o crescimento tecnológico e a criação de empregos, já ultrapassando 35 mil postos de trabalho gerados no setor de tecnologia e inovação. Durante o Siará Tech Summit, que aconteceu no final de outubro em Fortaleza, a força do potencial do empreendedorismo tecnológico se mostrou presente. De acordo com a Dealist, que mediou as rodadas de negócios do evento, 12 investidores estiveram presentes, para se conectarem com 61 startups. Durante os três dias de eventos, foram 87 reuniões e R$ 2,3 milhões em intenção de investimentos frutos destas conexões.
Em entrevista durante o STS, Gabriela Aquino, analista de inovação do Sebrae, conta que a estruturação do estado em macro-regiões possibilita uma atuação mais eficiente e direcionada. “A proposta é que a gente trabalhe a integração desses ecossistemas”, explica. Segundo ela, atualmente, 10 projetos estão em execução no interior do estado, enquanto Fortaleza e sua região metropolitana constituem o 11º polo de inovação. “Queremos permitir que municípios menores, com baixa densidade empresarial, também possam disseminar a cultura da inovação, mesmo sem centros de inovação ou universidades”, diz Gabriela. Dessa forma, o Sebrae busca fortalecer territórios que tradicionalmente não seriam considerados polos tecnológicos, oferecendo a eles uma infraestrutura que facilite a transformação digital e a inovação nos processos empresariais locais.
Gabriela reforça que, no Ceará, a inovação não se restringe à tecnologia avançada, mas abrange soluções práticas e acessíveis, inclusive no setor agrícola. “Às vezes, a inovação pode vir do mínimo”, afirma. Ela cita como exemplo um agricultor da região da Ibiapaba, que, ao desenvolver uma técnica de enxerto, conseguiu produzir várias tipologias de tomate em uma mesma planta, aumentando a eficiência e a produtividade sem grandes investimentos financeiros.
Ecossistema de inovação no Cariri: uma região em ascensão
A região do Cariri, localizada ao sul do estado, é um dos principais focos de desenvolvimento de startups e inovação no Ceará. Segundo Elizângela Andrade, gerente do Sebrae/CE na região do Cariri, a região já conta com diversos ambientes de inovação, como o FabLab — espaço para prototipagem e fabricação digital — e o Centro de Inovação Tecnológica, em parceria com a prefeitura de Juazeiro do Norte e instituições acadêmicas. “Estamos criando um ecossistema local de inovação com vários atores, desde universidades até empresas, todos contribuindo para o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções”, explica Elizângela.
No Cariri, o Sebrae também oferece programas específicos para jovens empreendedores e para empresas tradicionais. “Temos o Sebrae Live, onde trabalhamos com residentes de inovação, conectando-os com setores como turismo e agronegócio”, afirma Elizângela. Esse espaço promove mentorias e conexões que ajudam startups a desenvolverem soluções adaptadas às necessidades locais.
Embora a estrutura física do novo Centro de Inovação ainda não esteja finalizada, Elizângela destaca que as atividades e eventos já estão em andamento, ampliando a cultura empreendedora e a inovação na região. “Hoje, trabalhamos com aproximadamente 200 projetos por ano, impactando diretamente o ecossistema local. A transformação digital que estamos vendo no Cariri se deve muito a essa interação com os ambientes de inovação”, afirma.
O fomento de startups multiverticais
O ecossistema de startups do Ceará se caracteriza pela diversidade. Gabriela Aquino explica que, embora o Sebrae não priorize uma vertical específica, há uma concentração significativa de startups no setor de educação, com as edtechs, e no comércio, devido à forte demanda do varejo. “Os setores tradicionais acabam puxando muito dessa demanda, e isso se reflete no universo de startups”, comenta. A diversidade no ecossistema permite que as startups desenvolvam soluções para múltiplos setores, contribuindo para a resiliência e o crescimento econômico do estado.
O Sebrae também promove constantemente eventos como o próprio Siará Tech Summit, onde startups têm a oportunidade de se conectar com investidores e parceiros estratégicos. “Queremos que o Ceará seja reconhecido como um grande celeiro de oportunidades, onde as startups consigam acessar o mercado e expandir suas operações”, afirma Gabriela. A meta para 2025 é fortalecer ainda mais essa governança integrada, ampliando a conexão entre atores locais e impulsionando o estado para o protagonismo no cenário nacional de inovação.
Perspectivas para o futuro da inovação no Ceará
Apesar do crescimento acelerado, o ecossistema de inovação no Ceará ainda enfrenta desafios, especialmente em regiões com menor densidade populacional e empresarial. O Sebrae, ciente dessas barreiras, continua focado em criar oportunidades para que todos os setores, incluindo os mais tradicionais, adotem práticas inovadoras. Para Elizângela Andrade, o maior desafio é levar essa cultura de inovação para localidades menos urbanizadas, onde a gestão ainda é predominantemente analógica. “Estamos sempre conscientizando os empresários sobre a importância da inovação para a competitividade dos negócios”, diz.
A proposta de fortalecer as redes de inovação em todas as regiões do estado visa a criar um Ceará integrado, onde os setores público e privado, a academia e as startups colaborem para o desenvolvimento econômico e social. Gabriela Aquino ressalta que o foco do Sebrae é permitir que cada região do Ceará desenvolva seu potencial inovador. “Nossa missão é que o estado inteiro tenha essa integração e essa conexão, possibilitando que setores tradicionais adquiram produtos inovadores, melhorando processos e aumentando a competitividade”, conclui.
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