As startups latino-americanas captaram US$ 274 milhões em 42 rodadas de investimento durante o mês de setembro, segundo o relatório de Venture Capital divulgado pela plataforma Distrito, especializada em inteligência de mercado e implementação de inteligência artificial para corporações na América Latina.
O montante representa uma queda de 17,8% em comparação ao mesmo mês de 2023, quando foram arrecadados US$ 333 milhões em 65 rodadas. O número de rodadas também diminuiu, sinalizando uma desaceleração no setor.
O mercado brasileiro se destacou, com US$ 183,3 milhões captados, o equivalente a 66% de todo o volume arrecadado na região. Embora tenha sido o maior volume entre os países latino-americanos, o Brasil também registrou uma queda de 17,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as startups brasileiras levantaram US$ 223 milhões. O número de rodadas no Brasil também caiu, de 42 em setembro de 2023 para 28 no mesmo mês deste ano.
As fintechs lideraram as captações em setembro, arrecadando US$ 167,2 milhões, o que representa o maior volume entre todos os setores analisados. Logo atrás, as retailtechs e foodtechs dividiram a segunda posição, com cada uma captando US$ 53,1 milhões. Esses setores refletem as áreas de maior interesse dos investidores, que têm buscado soluções voltadas para inovação financeira, varejo e alimentação.
Duas startups brasileiras chamaram a atenção pelas maiores rodadas de investimento do mês: a Cayena, marketplace voltado para a compra de insumos alimentícios por atacado, e a Rock, que oferece soluções de CRM (Customer Relationship Management). Ambas as empresas levantaram US$ 55 milhões cada.
No caso da Cayena, os recursos foram obtidos em uma rodada liderada pelo fundo Bicycle Capital. Já a Rock recebeu o aporte do fundo Hindiana, que permitiu a aquisição da Bnex, uma empresa de tecnologia voltada para gestão de clientes.
Embora o mês de setembro tenha apresentado uma desaceleração nas captações em comparação ao ano anterior, há sinais de recuperação no mercado de investimentos para startups em estágio mais avançado, o chamado late stage.
Segundo Gustavo Gierun, cofundador e CEO do Distrito, esse é um movimento lento, mas gradual. Ele destaca que o mercado brasileiro, que vinha perdendo espaço para outros países latino-americanos, como Colômbia e México, começou a retomar sua posição de liderança.
Gustavo também ressalta que o mercado de late stage, que havia sido mais afetado pela retração global nos investimentos, está mostrando sinais de melhora, com startups mais maduras voltando a captar recursos relevantes. “O mercado de late stage começa a demonstrar sinais de recuperação. É um movimento lento, mas gradual”, afirma Gustavo.
Fusões e Aquisições Estáveis
O número de fusões e aquisições (M&As) no ecossistema de startups na América Latina se manteve estável em setembro, com 11 operações registradas, o mesmo volume do ano anterior. No entanto, o total ficou abaixo da média mensal de 16 operações observada ao longo de 2024, sinalizando que o mercado de M&As também enfrenta uma leve retração. Esse cenário reflete um mercado ainda cauteloso, mas que continua ativo na consolidação de startups.
A aquisição da Bnex pela Rock foi um dos principais exemplos dessa movimentação. A compra foi financiada pela rodada de US$ 55 milhões recebida pela Rock, e marca uma estratégia de consolidação no setor de CRM no Brasil, com a integração de novas tecnologias e serviços voltados para a gestão de clientes.
Apesar das quedas observadas no volume de captações e no número de rodadas, o mercado de startups latino-americanas continua sendo um setor dinâmico e com grande potencial de crescimento. A desaceleração observada em setembro reflete um cenário global de maior cautela nos investimentos em tecnologia, em parte devido às incertezas econômicas e à menor liquidez no mercado financeiro.
No entanto, o relatório do Distrito aponta para uma recuperação gradual, especialmente no segmento de startups mais maduras, que estão conseguindo atrair investidores com modelos de negócios mais estabelecidos e previsibilidade de receita.
O Brasil, em particular, apesar da queda no volume captado em relação ao ano anterior, permanece como o principal destino de investimentos na América Latina, com 66% dos recursos levantados em setembro. Esse dado reflete o tamanho do mercado brasileiro e a presença de startups que estão conseguindo se destacar em segmentos estratégicos.
O cenário de investimentos em startups na América Latina, embora tenha mostrado sinais de desaceleração em setembro, ainda apresenta oportunidades significativas para crescimento, especialmente no Brasil. O mercado de late stage começa a dar sinais de recuperação, e setores como fintech e retailtech continuam sendo atrativos para os investidores.
O foco agora está em acompanhar a retomada gradual do setor, que pode se intensificar nos próximos meses, à medida que a confiança dos investidores se restabelece e novas oportunidades surgem em toda a região.
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