O acesso ao crédito está mudando. Marcado pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic, o último ano registrou impacto na disponibilidade de capital e no número de investimentos mais arriscados, além de layoffs, down rounds e diminuição nas operações de M&As. Para executivos que atuam no mercado financeiro brasileiro, o cenário será diferente em 2024, com iniciativas como a manutenção da taxa Selic e a aprovação da reforma tributária beneficiando a agenda econômica do país, assim como o surgimento de novas soluções e a adoção de Inteligência Artificial (IA) contribuindo para a circulação de crédito.
Segundo André Bravo, cofundador e COO da Bankme, fintech dque oferece solução de mini bancos para quem deseja empreender no setor de crédito, o contexto atual do mercado proporciona maior democratização dos recursos financeiros, o que alavanca o desenvolvimento do país. “Com a inflação sob controle e a taxa Selic em queda, e ainda com projeção de novas quedas até o final do ano, o acesso ao crédito se torna menos custoso e, por consequência, propulsiona o desenvolvimento econômico nacional. Com tudo isso aliado à aprovação do Marco Legal das Garantias, a expectativa é que o crédito chegue cada vez mais longe e de forma mais justa”, destaca.
Daniel Magalhães, fundador e CEO da Virgo, fintech de serviços e soluções financeiras para o mercado de capitais, corrobora a tese de que a melhora no cenário de juros traz alívio e estimula o mercado. “Isso ocorre em duas frentes. Primeiro, auxilia na originação, que deve encontrar demanda mais saudável por crédito e observar uma melhora na qualidade das carteiras, que possivelmente terão um menor ciclo de inadimplência. Depois, impulsiona a retomada do interesse dos investidores por estruturas de mercado que financiam essas carteiras [Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios – FIDIC, Certificado de Recebíveis – CR e Debêntures Financeiras]”, avalia.
Surgimento de novas soluções de crédito
O otimismo também chega ao ambiente de negócios. Isso porque, com mais crédito disponível em 2024, soluções que simplificam o acesso a ele tendem a acelerar e se popularizar. Na visão de André Bravo, produtos de trava de agendas de cartão de crédito estarão em alta.
“Estamos percebendo um alto interesse por essa solução, que pretendemos lançar em breve. Esse tipo de recurso permite que os clientes atendam comércios e serviços que vendem majoritariamente com cartão de crédito, o que atualmente é difícil de atingir. Assim, mesmo que o cliente use máquinas de cartão de crédito do seu banco ou de um grande adquirente, ele poderá negociar com outros operadores de crédito do mercado, buscando taxas e condições que façam mais sentido ao seu modelo de negócio”, afirma o COO da Bankme.
“Hoje o crédito continua muito concentrado, por isso, a iniciativa da Bankme é colocar mais players no mercado, proporcionando suporte tecnológico, regulatório e operacional, ajudando o crédito a chegar a quem precisa”, complementa.
O fundador da Virgo, Daniel Magalhães, também enxerga esse movimento e ainda destaca a criação de novos produtos dedicados à infraestrutura da cadeia de crédito, banking e do mercado de capitais como uma estratégia assertiva para maior escalabilidade e menos risco para as negociações do setor.
“Nosso setor está repleto de oportunidades e os negócios podem aproveitar a ineficiência do mercado para entregar soluções inovadoras. É o que estamos fazendo na Virgo, construindo um sistema operacional de crédito privado, desde a análise até o monitoramento, democratizando ferramentas de tecnologia e automatização de processos para que mais empresas e projetos possam acessar capital junto a investidores institucionais”, comenta.
Atualmente, a Virgo monitora e participa de 480 operações de crédito privado, que somam R$ 77 bilhões e, mesmo com a queda dos investimentos de forma geral no setor nos últimos doze meses, a fintech obteve em 2023 o melhor ano de sua história: atingiu o faturamento de R$ 50 milhões e colocou em prática um plano de expansão para escalar a receita e atingir R$ 350 milhões em cinco anos.
Abraçando a IA
De acordo com pesquisa da consultoria Gartner realizada com 133 líderes financeiros globais, 39% das empresas financeiras já usam Inteligência Artificial. Walter Cavalcante, fundador e CEO da Sinapse Finance, fintech voltada para finanças corporativas em pequenas e médias empresas, é um dos que aposta que aplicações de IA serão um dos maiores avanços para o setor em 2024, mas é preciso priorizar a qualidade dos dados.
“Muitas companhias buscam criar modelos e agentes de Inteligência Artificial para acelerar processos, porém esse desenvolvimento esbarra na qualidade dos dados. Na Sinapse Finance, por exemplo, estamos buscando justamente controlar os dados na entrada, garantindo qualidade, disponibilidade e enriquecimento das informações, viabilizando o uso de IAs”, explica.
O uso de Inteligência Artificial, seja generativa ou não, por negócios do mercado de crédito também é pertinente para Daniel Bergman, vice-presidente do BULLLA, fintech que atua no segmento de crédito e benefícios flexíveis. Ele observa que muitas fintechs surgiram dessa abordagem e depois muitos bancos passaram a adotá-la. Para Bergman, a hipersegmentação na base de usuários precisa continuar avançando.
“Com a maioria da população brasileira já possuindo conta bancária, especialmente após os auxílios governamentais durante a pandemia de COVID-19, além de mais empresas em busca de recursos, é importante proporcionar acesso a serviços financeiros, crédito e assistência, além de simplesmente ter uma conta. A hipersegmentação e hiperpersonalização por meio de IA são ferramentas para expandir a base atendida e melhorar a qualidade dos serviços financeiros”, finaliza.
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