Por Bruna Galati
Em 2023, o Brasil testemunhou um aumento no número de afastamentos do trabalho, totalizando mais de 288 mil casos, o que representa um acréscimo de 38% em comparação ao ano anterior, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social. Por trás dessas estatísticas está a crescente preocupação com a saúde mental dos colaboradores, uma questão que muitas empresas ainda negligenciam. Essa falta de atenção e empatia em relação à saúde mental pode ter repercussões significativas na reputação da marca empregadora, um elemento fundamental para atrair novos talentos e consolidar a empresa como um ambiente de trabalho acolhedor e sustentável.
Na última edição do Vittude Summit, um painel de especialistas destacou a importância da saúde mental no contexto da marca empregadora, abordando estratégias e os impactos diretos na reputação das empresas. Os palestrantes trouxeram insights sobre como abordar esse tema sensível e essencial no ambiente corporativo.
Fabiana Galetol, People & Corporate Social Responsibility da Pluxee, enfatizou que a saúde mental não pode mais ser negligenciada nas discussões sobre organizações. Ela destacou que dados internos e externos são essenciais para avaliar o panorama geral da empresa e orientar a implementação de ações específicas voltadas para o bem-estar dos colaboradores. Caso as empresas não olhem para a saúde mental do time atual, será difícil atrair novos membros.
“É muito importante a gente ter um olhar sobre todo o ecossistema envolvido, porque ter um colaborador ali que está passando por algum problema de saúde mental não é só ela que sofre, mas todos os familiares envolvidos. Então, eu acredito que a empresa ter uma visão genuína sobre esse tema e trabalhar esse tema de forma proativa é sustentável para todos os elos da cadeia. Os funcionários vão se beneficiar com isso, a própria empresa que, por consequência, vai ter uma melhor produtividade e vai ter uma facilidade maior de atrair os talentos necessários para a organização”, explicou Fabiana.
Naamisis Campos, CHRO da RD Station, compartilhou que a empresa desenvolveu um programa que envolvia saúde mental e as organizações com seus colaboradores e para isso, eles foram para São Francisco avaliar como era a atuação de empresas que já faziam isso. O programa se baseou em três pilares: estrutura, habilidades e suporte.
“O primeiro tem que pensar em sistemas de controle, pensar em planejamento, organização, então como que a gente cria o que é necessário dentro dessa estrutura para a gente ter um ambiente saudável. O segundo são as habilidades, então como é que a gente desenvolve essas habilidades nas pessoas, autoconhecimento, autoconsciência, entender quais são seus gatilhos e o que te faz bem. E o terceiro é o suporte para os colaboradores em relação à saúde mental deles”, compartilhou.
Depois disso, os próprios colaboradores da empresa começaram a levar isso para fora e gerou um impacto na marca empregadora. Pensando nisso, a empresa começou a divulgar o movimento nas redes sociais e ao abrir um processo seletivo, houve um aumento de inscrições. “Trabalhar a marca empregadora funciona bem porque existe essa congruência de dentro para fora, uma importância de olhar para quem está dentro e resultando na atração de novos talentos”, complementou Naamisis sobre a RD Station.
Flexibilidade nos termos de trabalho
Outros casos de sucesso compartilhados durante o evento incluíram a implementação de políticas flexíveis de licença e benefícios adicionais para promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Essas iniciativas demonstraram um compromisso genuíno das empresas em cuidar de seus colaboradores e tiveram um impacto positivo na retenção de talentos e na satisfação no trabalho.
Fernando Sollak, Diretor de Recursos Humanos da TOTVS, abordou os desafios enfrentados pela empresa durante o auge da pandemia. “A TOTVS identificou uma mudança no comportamento dos colaboradores em consequência da necessidade de ficar dentro de casa. As pessoas começaram a valorizar cada vez mais o equilíbrio entre a vida pessoa e a vida profissional, então desenvolvemos iniciativas para entrar na onda dessa mudança.”
Sollak compartilhou os detalhes dos programas implementados pela TOTVS, destacando o “dia off” no aniversário como uma das iniciativas. Nesse programa, os colaboradores têm a liberdade de escolher a data em que desejam tirar folga, proporcionando flexibilidade e autonomia para gerenciar seu tempo de descanso. Além disso, ressaltou o reconhecimento da dedicação dos funcionários ao longo dos anos. A partir do quinto ano de serviço na empresa, os colaboradores são premiados com dias adicionais de descanso, complementando suas férias regulares. Por exemplo, após completar cinco anos na TOTVS, um colaborador tem direito a dois dias de descanso adicionais.
Além dessas iniciativas, para evoluir cada vez mais o ambiente que os colaboradores estão inseridos, a empresa faz um processo de escuta e avaliação do bem-estar. A TOTVS disponibiliza uma pesquisa com questões sobre planos de saúde, percepção sobre o ambiente de trabalho, se é saudável ou não, o que os colaboradores estão achando de seus líderes, como eles podem melhorar, como trazer mais equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, entre outras questões.
Por meio dessas perguntas, a TOTVS é capaz de obter insights tanto quantitativos quanto qualitativos sobre o estado do bem-estar dos colaboradores. Esses dados são utilizados para direcionar os esforços da empresa no desenvolvimento de ações e iniciativas voltadas ao cuidado com a saúde mental e ao bem-estar no ambiente de trabalho. Além disso, Sollak completou dizendo sobre a importância do engajamento das lideranças no processo, destacando que são elas os principais catalisadores de um ambiente de trabalho saudável. Nesse sentido, a empresa investe em capacitação e desenvolvimento para todas as camadas de liderança.
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