No coração da Amazônia transformação significativa está se desenrolando, moldando não apenas o futuro da região, mas também influenciando o panorama econômico e ambiental do Brasil. A capacitação das populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas para adentrarem o mundo da tecnologia e impulsionarem startups locais está emergindo como uma estratégia crucial para o desenvolvimento sustentável e a elevação econômica, especialmente no Amapá, um dos estados mais carentes e subdesenvolvidos do país.
Embora o Amapá seja o estado que mais preserva a floresta nativa, com 95% da cobertura vegetal primária intacta, tenha 73% do território de área protegida e tenha demarcado todos os seus territórios indígenas, mais de 40% da população da capital vive em situação de pobreza.
Pedro Fauro, gerente de educação e tecnologia do SENAI Amapá, participou do Startup20, evento realizado pela Abstartups em parceria com o Sebrae-AP e o Governo do Estado, para falar sobre como o futuro do trabalho está intrinsecamente ligado à evolução tecnológica e à necessidade de pensar de forma sustentável. “A tecnologia está remodelando as relações de trabalho, e é fundamental entendermos como adaptar nossas competências para esse novo cenário”, destaca Pedro. Ele ressalta a importância de superar desafios como a falta de acesso à internet em áreas remotas, garantindo que mesmo aqueles que vivem distantes dos centros urbanos tenham oportunidades iguais de capacitação.
“Como eu consigo desenvolver competências encarando a tecnologia não como um desafio, mas como uma oportunidade? Um bom exemplo disso é a inteligência artificial, que pode ser usada como um complemento dos conhecimentos que as pessoas já têm, ajudando-as a remoldar suas competências de forma contínua”, diz.
Ele reforça a importância das startups da região para desenvolverem economicamente áreas remotas do Brasil e transformarem a realidade de populações em situação de vulnerabilidade. “Principalmente na Amazônia, em que temos dificuldade de acesso à Internet e de acessibilidade. Como que eu faço com que um ribeirinho que está há 12 horas de distância de barco tenha um nível de conhecimento como o de quem está na capital? Precisamos de novos nichos de trabalho para desenvolver atividades complementares.”
Amapá atrai olhos para a região da Amazônia
Eitan Blanche, líder de investimento em startups e parcerias do Google, realça a importância da inteligência artificial (IA) como catalisadora de mudanças significativas. “A IA tem o potencial de construir uma sociedade melhor”, afirma, destacando a responsabilidade de inovar de forma ética e inclusiva. Ele destaca também a necessidade de promover a diversidade e a inclusão nas startups, reconhecendo que essas iniciativas não apenas fortalecem a economia, mas também impulsionam o desenvolvimento social.
Uma das principais iniciativas do Google para fomentar startups fundadas e lideradas por pela população subrepresentada é o Black Founders Fund, fundo de investimento focado em empresas fundadas por pessoas negras. O fundo aportou na Tributei, startup amapaense que usa inteligência artificial generativa para calcular ICMS. Com a tecnologia, a startup foi a primeira do Amapá a levantar um investimento – captou R$ 1.3 milhão em 2022 – e agora espera fechar 2024 com um faturamento de R$ 3 milhões.
A capacitação tecnológica das populações locais não é apenas uma questão de inclusão digital, mas sim uma estratégia fundamental para promover o desenvolvimento econômico e social da região. Ao equipar as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas com habilidades tecnológicas, não apenas se abre um novo leque de oportunidades de emprego e empreendedorismo, mas também se fortalece a capacidade dessas populações de preservar e proteger a Amazônia, garantindo um futuro mais próspero e sustentável para todos.
Para Clécio Luis, governador do Amapá, a iniciativa de realizar a primeira reunião do Startup20 do Brasil no Amapá representa uma oportunidade única de desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Ele ressalta a importância de incluir as pessoas no processo de preservação da Amazônia, reconhecendo que o desenvolvimento sustentável só é possível quando acompanhado pelo progresso social. “Um povo sem perspectiva não preserva floresta de pé, não preserva nada”, enfatiza.
* A jornalista viajou ao Amapá para a cobertura do Startup20 a convite da Abstartups
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