Lançado ontem, 6, o manifesto “De Startups para Startups” é uma iniciativa de empreendedores, investidores-anjo, executivos e mentores de diversas partes do Brasil para reacender o sentimento de colaboração entre todos os pilares do mundo das startups.
Com mais de 70 assinaturas até agora, “o movimento surgiu da insatisfação de diversos atores do ecossistema de startups, principalmente de pessoas empreendedoras, e que não se sentem atendidos ou mesmo ouvidos pelas entidades representativas do setor e que buscam voltar a ser reconhecidos e representados de forma coerente”, explica Laura Gurgel, consultora de Inovação, investidora-anjo e uma das idealizadoras do manifesto.
Em carta aberta ao mercado, o manifesto diz: “Uma entidade que se propõe a representar startups precisa, inequivocamente, pensar nas startups e em todo o contexto que as cerca. E, diferente de uma empresa, não em sua estrutura. Não é olhando no espelho que se enxerga a latente necessidade de alcance e resultados das startups brasileiras. O espelho apenas nos mostra o que já sabemos, não a completa realidade. Uma entidade que não encarna personalismos, que entende que seus representantes têm a mentalidade de “entidade acima”, ou seja, trabalham por ela e não por si.”
Objetivo do manifesto De Startups Para Startups
Laura comenta que o manifesto é uma resposta, entre outras coisas, ao descontentamento de algumas pessoas com a atual gestão da Abstartups. “Entendemos que é uma resposta ao silêncio e a falta de transparência que a Associação Brasileira de Startups tem demonstrado na sua história recente. Como noticiado há algum tempo, houve escândalos de desvios financeiros, falta de visibilidade de ações tomadas pela entidade, a passividade com temas importantes como a questão do assédio no ecossistema, questões relacionadas a má gestão como no caso das demissões de quase 40% dos funcionários e a perda de contratos relevantes com parceiros no ecossistema como o caso do Sebrae e o evento NEon no final do ano passado”, diz. Por isso, a expectativa é de que participantes do manifesto integrem uma chapa para concorrer às próximas eleições da Associação Brasileira de Startups.
Na época do fim do contrato com a Abstartups, em maio do ano passado, o Sebrae enviou ao Startupi um comunicado que dizia que “as instituições entenderam que o formato [do convênio] estava impedindo o andamento das ações propostas. O objetivo do convênio era de fomentar ações de inovação nos pequenos negócios e apoiar a realização de eventos voltados para startups”. A Abstartups, por sua vez, disse que “em relação a saída do NeON, a Abstartups reitera que a parceria institucional do evento com o Sebrae está mantida, com objetivo de promover, divulgar e apoiar essa iniciativa tão importante e inédita para o ecossistema de inovação do Nordeste e do Brasil”.
Para Laura e alguns que aderiram ao movimento, entretanto, o posicionamento oferecido não trouxe luz aos fatos, tampouco apresentou transparência sobre processos e até mesmo sobre a real situação da entidade. “Situações como essa causam um sentimento de angústia entre associados, mas principalmente entre as comunidades de startups por todo o Brasil, que historicamente apoiaram todas as ações da associação e por muitos anos foram base para diversos movimentos”, diz.
Um dos pilares para a criação do movimento foi também o que Laura define como um “certo inconformismo com a inércia que tomou conta do ecossistema em um cenário pós pandêmico”. Ela comenta que um dos objetivos do De Startups Para Startups é “construir pontes e contribuir para um fortalecimento de redes de apoio entre atores e empreendedores do ecossistema, além de ampliar o engajamento e disseminação de boas práticas de inovação”.
Por enquanto, o objetivo do movimento, segundo os idealizadores, é abrir canais de diálogo com as comunidades de todo o país e, através dessa escuta, entender melhor como organizar ações que possam recuperar a identidade e o senso de pertencimento desses atores em todas as regiões do Brasil. “Precisamos descentralizar as decisões, devolvendo, de fato, a autonomia dos atores, empoderando-os e respeitando suas particularidades. Além disso, entendemos ser importante retirar o interesse de pequenos grupos no papel da associação para que ela possa recuperar o seu lugar de referência e entregar impacto positivo pelo país inteiro e não apenas para as startups grandes que estão nos grandes centros. Essa escuta e colaboração certamente servirá de base para criação de uma plataforma com propostas pragmáticas, De Startups Para Startups, para uma renovação real da associação”, completa.
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