Desde 1990, a AME atua para favorecer a inclusão de pessoas com deficiência cognitivas, sensoriais físicas ou motoras em ambientes corporativos e sociais. A organização sem fins lucrativos começou atuando com colaboradores da Companhia do Metrô de São Paulo com o objetivo de engajar a comunidade metroviária em ações solidárias de apoio à inclusão social de pessoas com deficiência e prestar assistência aos seus familiares.
De acordo com José Araújo Neto, psicólogo, empreendedor e fundador da AME, quando a ONG surgiu, o conceito de inclusão estava longe de ser tão difundido quanto é hoje. “Nós não tínhamos esse conceito da inclusão. As pessoas com deficiência podiam até ser contratadas nas empresas, mas permaneciam isoladas em estruturas que replicavam processos segregados.”
Durante grande parte de sua trajetória, a organização se dedicou a fornecer suporte a empresas e ao governo para tornar esse processo de inclusão mais eficaz. “Nossa expertise foi colocada a serviço da sociedade, concentrando-se no suporte, consultoria e assessoria das empresas, na contratação de PcDs e na prestação de serviços inclusivos para a sociedade.”
No entanto, recentemente, a AME percebeu que o suporte e consultoria estava perdendo espaço. Empresas se tornaram capazes de contratar e integrar seus colaboradores com deficiência, além de adaptar ambientes e processos por conta própria. “Nosso papel não se esgotou, mas já não tem a mesma importância que teve no início. Então revisitamos nossa missão e identificamos uma oportunidade de criar produtos e soluções para promover a independência de pessoas com deficiência”, reconhece Araújo.
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Nova fase da AME com inovação
Em 2019, a AME fundou oficialmente o AME Lab, um projeto que vinha sendo construído desde 2014. Unindo tecnologia, os mais de 30 anos de experiência nas ações de inclusão e acessibilidade, e os próprios recursos financeiros, o laboratório de pesquisa da AME trabalha de forma colaborativa para projetar e desenvolver produtos e aperfeiçoar serviços focados na independência de PcDs e outros grupos, como idosos.
O AME Lab é um dos parceiros do inovabra, hub de inovação do Bradesco, e já desenvolveu projetos como o ICOM, que está em uma fase mais madura, com 140 parceiros utilizando a solução, incluindo a companhia aérea LATAM, tanto do setor privado quanto do público, o Vivap e o Anglis, que estão em fase piloto.
A ICOM é uma plataforma de intermediação de comunicação da pessoa com deficiência auditiva com as empresas. Araújo afirma que as empresas enfrentam o desafio de atender aos cidadãos surdos de acordo com a legislação que exige comunicação em língua brasileira de sinais (Libras). O ICOM age como um intermediário 24 horas por dia, onde faz a tradução simultânea de Libras das empresas para os clientes com deficiência auditiva.
“Quando estamos negociando com os clientes, entendemos a demanda e suas necessidades, oferecendo o modelo de acessibilidade mais adequado para o seu perfil”, afirma a empresa. A conexão ocorre de maneira simples e direta por uma videochamada de qualquer dispositivo eletrônico – celular, computador ou tablet. A conversa entre a pessoa surda e o ouvinte é intermediada por um dos diversos intérpretes fluentes em Libras através da tecnologia assistiva da AME.
Em 2022, a Central de Intermediação em Libras (CIL) – serviço gratuito da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (Smped) em parceria com o ICOM – foi reconhecida pelo Zero Project, premiação global promovida pela Essl Foundation, da Áustria. O prêmio destaca práticas e políticas no campo da acessibilidade que contribuem para diminuir as barreiras para as pessoas com deficiência.
Além disso, a AME desenvolveu uma solução chamada Anglis, um sistema de monitoramento residencial com foco nos idosos. O sistema de alerta monitora as atividades e o bem-estar das pessoas e pode identificar situações de risco, como quedas, e disparar um alerta para uma central de serviços ou para a família. Utilizando tecnologia autônoma, o sistema ajuda a garantir que essas pessoas possam permanecer em suas casas com segurança – sem precisarem ir para uma Instituição de Longa Permanência e sem perder a privacidade.
“Além da visão computadorizada, essa tecnologia de sensores tem inteligência artificial que aprende o hábito do usuário e qualquer quebra de padrão que possa implicar um risco, ele aciona a central para que uma providência possa ser tomada. Também tem sensores diferentes para cada tipo de cômodo. No banheiro, por exemplo, o sensor precisa aguentar a umidade do local”, explica Julio Gonzalez, engenheiro elétrico da AME.
Por fim, a AME criou o Vivap, um conceito de casa compartilhada que oferece assistência e suporte para pessoas que precisam de cuidados para uma vida independente. Esse conceito de casa, segundo a empresa, tem como objetivo estimular o convívio social, facilitar a troca de experiências e as novas amizades. A configuração dessas casas privadas, com áreas comuns e múltiplos serviços compartilhados, varia de acordo com a necessidade dos moradores. Pode oferecer funcionalidades tecnológicas e assistência de cuidadores 24 horas ou não.
O ambiente é concebido para que os próprios moradores participem da definição das regras e do funcionamento da casa, promovendo um sentimento de pertencimento e autonomia. Embora a implementação tenha sido suspensa devido à pandemia, a AME planeja retomar o projeto no próximo ano.
Próximos passos da AME
O objetivo principal da AME é promover a inclusão e independência de PcDs e aqueles que precisam de algum tipo de assistência e pensando nisso, o próximo passo que a empresa quer dar é automatizar a comunicação entre empresas e pessoas com deficiência auditiva.
“Ainda é um processo longo, porque implementar tecnologia na comunicação depende de mais tempo e um investimento maior. Precisamos ensinar a inteligência artificial, criar avatares que reconheçam LIBRAS e fazer com que as pessoas se adaptem ao novo formato. É uma tendência inevitável, até para baratear ainda mais o serviço, uma vez que não dependeria da intervenção humana do intérprete”, completa José sobre o futuro da AME.
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