Por Bruna Galati
O primeiro dia do Vamos Latam Summit, evento da Latitud, ecossistema para startups da América Latina, acontece nesta quinta-feira (28). A proposta é promover conhecimento e networking entre toda comunidade de inovação e tecnologia do mundo, de investidores-anjo a fundos, startups a empresas globais, para ajudar a construir uma nova geração de startups icônicas.
Pensando nisso, uma das primeiras palestras do dia foi sobre como conquistar os caminhos para a rodada Séries A, com a presença de Marcos Toledo, cofundador da Canary; Antoine Colaço, Managing Partner da Valor Capital Group, e Carlos Alonso-Torras, Partner na FinTech Collective.
Para começar o painel, o mediador Tomas Roggio, Head de Ventures da Latitud, perguntou sobre as perspectivas dos palestrantes em relação às séries A na América Latina. Antoine deu um panorama global. Ele explica que estamos vivendo um momento de grande interesse e complexidade no cenário global. “Há influências macroeconômicas significativas em jogo, com sinais positivos nos EUA e iniciativas encorajadoras, como a redução das taxas de juros no Brasil. No entanto, a Europa enfrenta desafios consideráveis. No contexto das startups, observamos um aumento recente na atividade com oportunidades de crescimento. No entanto, o foco atual das startups está em atingir a lucratividade, após medidas de contenção de custos em 2021. Agora, a questão-chave é como impulsionar o crescimento. Nos Estados Unidos, vemos algumas atividades de saída por meio de IPOs.”
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Avaliando startups para investir Séries A
Os palestrantes foram questionados sobre o que eles avaliam em uma startup antes de iniciar uma rodada Series A e Marcos Toledo explica que nessa fase o foco principal é mitigar riscos. Avaliar a receita é uma métrica importante, mas não é a única. Ele também considera a base de clientes, sua diversificação e se a receita é recorrente ou única.
“Embora a avaliação seja única para cada startup, no início, buscamos a execução real em relação às promessas iniciais, indo além das apresentações em PowerPoint. Queremos ver um crescimento significativo e exponencial quando investimos, vemos a estratégia de mercado, a equipe fundadora e a qualidade da economia subjacente. Series A ainda se concentra em avaliar os fundadores e sua visão”, afirma.
Carlos Alonso também enfatiza que não existe uma única avaliação que pode ser aplicada para avaliar cada startup, tudo depende do modelo de negócios, margens, crescimento, receita e outros fatores. “Porém, analisamos a equipe de fundadores e os colaboradores que podem gerenciar operações em rápido crescimento. A capacidade de estabelecer vantagens de distribuição também é fundamental, assim como garantir a diversificação dos clientes, especialmente para modelos de negócios B2B ou B2C.”
Os especialistas ainda complementam que os fundadores de startups precisam entender que, quando estão no caminho certo, os próprios investidores demonstram interesse em investir no negócio. Se há uma constante busca por investimento, pode ser um sinal de que os investidores não estão convencidos sobre a startup.
Além disso, é importante que os fundadores compreendam o que impulsiona seu negócio. Isso é essencial para conseguir investidores, pois eles precisam explicar claramente as métricas-chave que estão impulsionando seu sucesso. Também tenham a capacidade de arrecadar fundos não apenas na rodada atual, mas também na próxima. Essa visão de longo prazo é crucial para os investidores da Series A.
Outra sinalização feita pelos palestrantes foi a questão de gastos dos investimentos com marketing. É claro que separar um determinado valor para o marketing é importante para o negócio, mas eles estão preocupados com modelos de negócios que crescem principalmente devido ao aumento nos gastos com marketing, o que pode ser problemático, porque a startup fica dependente de continuar gastando muito para atrair clientes. É importante que os clientes venham até a startup de forma natural.
Próximos passos dos investidores
Questionado sobre os próximos passos do mercado de investimento, Carlos Alonso sinaliza que há fatores macroeconômicos importantes a serem considerados. Muitos investimentos têm ido para a China, mas as tensões políticas globais entre os EUA e a China estão impactando esse mercado, e a situação não parece melhorar em breve. Isso está levando alguns investidores a olhar para outras partes do mundo, como a Índia e o Brasil. “Acredito que haverá um aumento no financiamento para a América Latina, mas será um processo gradual e cauteloso, diferente do que vimos em 2021”, explica.
Antoine Colaço brinca que quando a Valor Capital Group foi fundada em 2011 era preciso convencer as pessoas de que o Brasil era um mercado promissor para investimentos em tecnologia. Hoje, o Brasil está no mapa e é percebido como um mercado com oportunidades. “Nos próximos cinco a dez anos, veremos um foco maior na América Latina e no Brasil, com mais investimento chegando à região, mas de forma mais moderada do que em 2021, o que considero positivo tanto para os empreendedores quanto para o mercado.”
Para completar, Marcos Toledo diz que o mercado de investimento nos próximos anos terá um aumento significativo no número de fundos disponíveis para startups levantarem capital, embora o valor em dólares possa variar. “Antes eu costumava ir aos EUA para falar sobre o ecossistema brasileiro, mas agora estamos vendo fundos internacionais mostrando interesse na nossa região. Isso indica um crescente interesse em nosso ecossistema.”
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