Recentemente o Banco Central anunciou o novo nome do Real Digital, o Drex. A moeda virtual já está em fase de testes desde março e as primeiras operações estão previstas para setembro.
Com o Real Digital, o BC pretende ampliar as possibilidades de negócios e estimular a inclusão financeira para o digital. Além do interesse em saber o que significa, muitos consumidores têm dúvidas sobre o que é, como vai funcionar, quais as diferenças para o Pix e criptomoedas, entre outras questões.
Para saná-las, o Startupi compilou respostas às principais perguntas sobre o assunto com base em informações repassadas pelo Banco Central. Confira:
1. O que é o Drex?
O Drex, também chamado de Real Digital, é uma nova representação do real papel-moeda na versão virtual. “O Drex vai trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que fazemos hoje”, explica Maurício Moura, diretor de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta do Banco Central.
As regras e fundamentos que existem no uso do real serão mantidas e será possível fazer transações financeiras, transferências e pagamentos a partir da plataforma que está sendo criada para que o Drex circule.
O Drex é classificado como Central Bank Digital Currency (CBDC, Moeda Digital de Banco Central, na sigla em inglês) e a distribuição para o público será intermediada pelos bancos.
2. Qual a tecnologia do Real Digital?
O desenvolvimento do Drex ocorrerá em uma plataforma digital construída sobre a Tecnologia de Registro Distribuído (DLT), também conhecida como Distributed Ledger Technology. Esse sistema proporciona uma rede contábil descentralizada, permitindo que todos os participantes acessem o histórico de operações e realizem auditorias de forma transparente. O DLT é uma abordagem colaborativa que supera os limites dos bancos de dados tradicionais, garantindo uma segurança aprimorada.
No coração da Tecnologia de Registro Distribuído (DLT) está o blockchain, uma criação que emergiu com o advento do Bitcoin em 2008. O blockchain é projetado para armazenar e transmitir dados de maneira segura, rápida e transparente, além de ser considerado à prova de hackers.
A plataforma escolhida para desenvolver o Drex foi a Hyperledger Besu. Esta é uma rede blockchain que se baseia no ecossistema Ethereum, reconhecido por sua versatilidade e potencial de aplicação.
3. O que significa Drex?
Segundo o BC, cada letra do real digital equivale a uma característica da ferramenta.
o “D” representa a palavra digital;
o “R” representa o real;
o “E” representa a palavra eletrônica;
e o “X” passa a ideia de modernidade e de conexão, além de repetir a última letra do Pix, sistema de transferência instantânea criado em 2020.
4. O que é CBDC?
As CBDCs (Central Bank Digital Currency) são apresentações virtuais de moedas comuns e vêm sendo desenvolvidas por pelo menos 90 países, além do Brasil. Em 2023, mais de 20 países deram passos significativos para testar a CBDC, entre eles Austrália, Tailândia, Índia, Coreia do Sul e Rússia.
As CBDCs são uma moeda alternativa, com o mesmo valor do dinheiro tradicional, utilizado no dia a dia ou transacionado por meio de aplicativos. Em alguns países, governos poderão enviar dinheiro diretamente para o cidadão, sem intermediação de bancos, por exemplo.
“O Drex marca uma nova era nas transações financeiras, proporcionando uma autonomia única em relação ao sistema bancário tradicional. Essa transformação é impulsionada pelo poder do Blockchain, que garante a segurança das transações e ainda abre portas para uma infinidade de possibilidades na criação de contratos inteligentes e acordos flexíveis”, avalia Bruno Corano, economista-chefe da Corano Capital.
5. Qual a diferença entre Drex e o Real?
O Drex é o real em formato digital, ou seja cada R$ 1 equivalerá a 1 Drex. É como a nota de R$ 1 é o mesmo real que está na conta corrente no seu banco.
6. Como o consumidor vai usar o Drex?
Previsto para chegar ao consumidor no fim de 2024 ou início de 2025, o Drex só funcionará como uma moeda de atacado, trocada entre instituições financeiras. O cliente fará operações com a moeda digital, mas não terá acesso direto a ela, operando por meio de carteiras virtuais.
O processo ocorrerá da seguinte forma: o cliente deverá depositar em reais a quantia desejada numa carteira virtual, que converterá a moeda física em Drex, na taxa de R$ 1 para 1 Drex.
Essas carteiras serão operadas por bancos, fintechs, cooperativas, corretoras e demais instituições financeiras, sob a supervisão do BC. Após a tokenização (conversão de ativo real em ativo digital), o cliente poderá transferir a moeda digital, por meio da tecnologia blockchain. Caberá ao receptor converter os Drex em reais e fazer a retirada.
E é possível que o uso do Drex tenha custos ao consumidor. O BC explica que é esperado que tenha custos porque o Drex sempre estará associado a serviços financeiros e prestadores de serviços que cobrarão pelos serviços prestados. Apesar disso, ainda não está claro como vai funcionar esse mecanismo de cobrança.
“Eventual custo associado ao Drex estará relacionado ao serviço financeiro que for prestado pela instituição ofertante. Caberá à instituição definir o custo para o serviço ofertado, seguindo a regulação e considerando o ambiente competitivo, podendo mesmo ser gratuito ou significativamente inferior ao custo de serviço similar anterior à adoção do Drex”, afirmou o BC.
7. O Drex é uma criptomoeda?
O Drex não é uma criptomoeda. As criptomedas não têm fiscalização ou regulamentação no Brasil, já o Brex terá a regulamentação feita pelo BC, além de ser emitido exatamente da mesma forma que o real convencional.
No mercado financeiro, as criptomoedas são tratadas como um investimento. Como o Real Digital é uma moeda nacional, o cidadão poderá realizar qualquer tipo de compra ou transação financeira, o que não ocorre com as criptomoedas.
8. Qual a diferença entre Drex e o Pix?
Embora sejam parecidos, pelo Drex também permitir transações instantâneas entre instituições financeiras diferentes, ele funcionará de maneira distinta, via DLT (blockchain) e será desenvolvido em uma plataforma que vai permitir que mais inovações surjam no futuro a partir de iniciativas privadas e dentro desse ambiente integrado, regulado e digital.
9. Vai existir mais de um ativo?
Sim. Inicialmente, o BC faria o registro de três categorias de ativos na plataforma do Drex:
- Real Digital (Drex): para o atacado ou interbancário; moeda do Banco Central, que hoje os análogos são as reservas bancárias ou as contas de liquidação;
- Real Tokenizado (Drex Tokenizado): para o varejo; versões tokenizadas do depósito bancário; que é o dinheiro em sua versão digital;
- Títulos do Tesouro Direto: possibilidade de compra e venda de títulos públicos federais (TPF) no mercado primário e secundário.
10. Quando a população terá acesso?
O Drex será testado no fim de 2024 pela população, se o projeto-piloto registrar êxito. Apesar disso, ainda não há mais detalhes e não está claro como esses testes podem funcionar, qual parte da população poderia ter acesso, quais ativos estariam disponíveis para os testes, etc.
11. Quais serviços serão executados?
Os serviços que serão executados com o Drex são serviços financeiros em geral, como transferências, pagamentos e até compra de títulos públicos. Além do pagamento instantâneo de parcelas da casa própria, de veículos e até de benefícios sociais. Todo o processo passará a ser feito instantaneamente, por meio de um contrato automatizado, reduzindo o custo com burocracias, intermediários e acelerando as operações.
12. Como empresas devem se preparar?
Os negócios não deverão precisar de grandes mudanças tecnológicas para o uso diário do Drex. Os bancos, entretanto, deverão se conectar ao sistema de blockchain do BC e traduzi-las para o consumidor final. No entanto, apenas com o uso prático da ferramenta, serão avaliadas de fato as dores dos empreendedores com a tecnologia.
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