Por Bruna Galati
Mais de 11 mil startups estavam ativas no Brasil em 2022, segundo um levantamento da Cortex. Suas estratégias fizeram com que o vale da morte fosse driblado e para que isso fosse possível, eles também tiveram que olhar para o setor contábil – infelizmente, muitas empresas iniciam suas atividades sem dar atenção para esse setor e não conseguem se manter no mercado.
Segundo Vitor Torres, CEO e fundador da Contabilizei, a saúde financeira de uma startup, de forma geral, é como em outras empresas: existem as obrigações contábeis, fiscais e legais, tanto com investidores quanto com os governos municipais, estaduais e federal.
“A gestão financeira é essencial para a sustentabilidade de qualquer negócio para que haja um crescimento sadio e contínuo, onde é necessário adotar ferramentas de controle, pagamento, recebimento e garantia das obrigações sempre em dia”, explica Vitor para o quadro “How to…”.
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Como é feito o serviço contábil em startup?
Vitor explica que quando uma empresa é pequena, normalmente ela terceiriza a frente de contabilidade. “É o caso dos nossos clientes, que são os micros e pequenos empreendedores brasileiros, somos responsáveis pela contabilidade deles dentro do regime Simples Nacional ou Lucro”.
Uma startup começa pequena e, geralmente, ainda está aprendendo a cuidar da própria gestão financeira, por isso é indicado ter uma auditoria externa, que valide os controles internos, os processos e os números da startup para ajudar a identificar pontos de melhoria.
À medida que uma empresa vai crescendo, ela adota o Lucro Real – o que significa que já está faturando o suficiente para começar a internalizar a área contábil.
O CEO da Contabilizei indica construir um departamento estruturado que cuidará da contabilidade da startup. Por exemplo, na Contabilizei, existe uma estrutura própria e interna que está dedicada a gestão financeira corporativa – a vice-presidência administrativa e financeira que cuida das frentes contábeis, tributárias, ficais, controladoria e área jurídica. Porém, a empresa também trabalha com uma consultoria externa para auditar seus processos e mostrar a lisura dos balanços. “Receber um parecer sem nenhuma ressalva traz uma tranquilidade grande porque ressalta a nossa maturidade”, explica.
Por que gestão financeira é importante?
O empreendedor explica que ter uma gestão financeira é importante para assegurar a saúde de uma organização e garantir a sua sustentabilidade a curto, médio e longo prazo. Com a gestão financeira adequada, eficiente, transparente e idônea, a startup consegue cuidar do fluxo de caixa de maneira apropriada, honrar os pagamentos dos fornecedores conforme o acordado e manter os salários dos colaboradores em dia.
“Para que uma empresa tenha sucesso e perenidade, é preciso que o planejamento financeiro esteja bem definido, com suas projeções de custos, investimentos e receitas confiáveis, trazendo ao empresário uma visão fidedigna de sua startup, com metas e expectativas tangíveis e possíveis.”
Sem o olhar apropriado para a área, a startup não consegue a confiança de investidores e perde a credibilidade no mercado, uma vez que a falta de sustentabilidade financeira da organização é uma questão de má gestão. Na diligência ou em qualquer auditoria externa, o CNPJ é verificado se existem processos judiciais, trabalhistas, tributários e cíveis. Tudo isso mostrará o estilo de gestão da companhia e se existir alguma irregularidade comprometerá a reputação da startup.
“Tanto os investidores como os clientes analisam a imagem de uma empresa por meio de canais de reclamação, na procura em mecanismos de buscas, na repercussão na mídia ou em redes sociais, tudo isso junto a verificação dos dados privados, que atende a auditoria externa”, explica Vitor.
Dicas para ter uma boa gestão financeira
Uma das principais dicas para uma organização fazer e cuidar da sua gestão financeira é estruturar a área e segregar as funções, afirma Vitor. “Temos visto movimentos de demissão no mercado em razão da falta de planejamento, da não adoção de processos claros e em uma época em que os investimentos eram abundantes. Tudo isso pode ser desencadeado em razão da falta de gestão financeira”.
As startups precisam sustentar o crescimento fazendo projeções realistas e com mais criticidade – determinadas crises não são previstas, mas é preciso estar preparado para elas. E segundo o CEO, a gestão do fluxo de caixa de uma companhia é essencial para suportar o crescimento ao longo prazo.
Planejamento fiscal e contábil X startup
É preciso ter o gerenciamento documental das movimentações, registrando todas as entradas e saídas da empresa, uma vez que para a tomada de decisão é preciso informações escrituradas e aptas para auxiliar o empresário a identificar a situação econômica e financeira da empresa.
Planejamento tributário X startup
A adequação tributária é necessária para que a startup esteja enquadrada em um regime adequado, evitando o recolhimento de impostos maior do que realmente é necessário. A legislação tributária brasileira tem aspectos complexos, o que dificulta o entendimento e a aplicação das leis da melhor forma possível. Assim, devido a essa complexidade, é necessário o auxílio do contador para identificar qual o melhor regime tributário para a startup.
Conformidade tributária e trabalhista X startup
Além de atender à legislação para a abertura da empresa e gerenciar os documentos, é preciso atender à legislação tributária, observando quais as obrigações legais que a empresa deve respeitar para não ter o CNPJ baixado ou suspenso, ou mesmo não conseguir emitir a certidão negativa. Estas obrigações legais podem ser divididas em esferas: estadual, municipal, federal, trabalhista e previdenciária. Abaixo algumas dessas obrigações legais:
- Emissão de notas fiscais de serviços ou vendas;
- DIRF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte);
- Folha de Pagamentos;
- Escrituração Contábil;
- Sped fiscal;
- DEFIS (Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais);
- e-Social.
“Tudo isso pode alterar conforme o regime tributário da empresa ou até mesmo pelo faturamento. Nesse sentido, vale checar quais são as obrigações legais em que a empresa está enquadrada e entregar as mesmas dentro dos prazos estabelecidos pela legislação vigente”, explica Vitor.
Por fim, Vitor explica quais são os principais sinais de uma gestão financeira saudável
- Planejamento e gestão do fluxo de caixa, que é o principal item para uma startup conseguir manter a sua sustentabilidade e honrar seus compromissos;
- Ter a mentalidade de estruturar bem os departamentos internos corporativos e segregar as funções das áreas para sustentar o apoio ao negócio e o crescimento da companhia;
- Atrair e reter talentos de acordo com os valores da startup, selecionando pessoas com diversas experiências para agregar no time;
- Implantar um sistema integrado de ERP para trazer uma melhoria contínua dos processos e demonstrar maturidade;
- Contratar uma auditoria externa de renome para validar de forma isenta os balanços e demonstrativos financeiros da startup.
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