Nascida em Joinville, Santa Catarina, Ana Uriarte é recifense de coração e de sotaque. Aos 28 anos, Ana é cofundadora da Happen, edtech de desenvolvimento de soft skills, e uma das principais lideranças da Manguezal, a comunidade de startups da capital pernambucana.
A aproximação de Ana com o mundo dos negócios veio desde muito cedo, especialmente inspirada por sua mãe, uma mulher empreendedora. “Minha mãe sempre teve empresas, e eu a via, desde cedo, ‘dando nó em pingo d’água’. Essa relação com os negócios se tornou uma grande referência para mim”, conta.
Sempre estudiosa, Ana estava decidida a se formar em uma universidade pública: a escolhida foi a Universidade de Pernambuco; e o curso, engenharia civil. No período inicial de sua formação acadêmica, entretanto, ela ainda estava distante do universo empreendedor. “O ambiente da engenharia ainda é um ambiente muito machista e masculino”, diz. E foi dentro da Empresa Júnior da faculdade, participando de eventos e se conectando com outros jovens empreendedores, que Ana conheceu um universo que a encantou: o da inovação.
Conhecendo de perto o Manguezal
Ana está inserida em uma das mais antigas e importantes comunidades de empreendedores do Brasil: a Manguezal. Recife é berço de startups como Even3, In Loco, Eventick, buscarpeças e Klopr. A cidade também é onde está o Porto Digital, um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação da América Latina. Além disso, a cidade sedia o Mangue.bit, principal evento de inovação e tecnologia da região nordeste, evento que Ana hoje ajuda a produzir, e que a levou de vez para o ecossistema de startups.
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“Eu me lembro de uma vez, em um evento, ver Emília Chagas, ex-CEO da Contentools, dando uma palestra. Ela estava com a filha pequena dela, e a criança começou a chorar. No meio da palestra, ela pegou a criança no colo e continuou aquela apresentação incrível. Ali eu vi que o ecossistema de startups é um ambiente muito mais acolhedor do que o que eu encontraria dentro da engenharia.”
A partir daí, Ana passou a frequentar o Porto Digital, participar de Startup Weekends, Hackathons, meetups e todas as atividades de conexão do ecossistema da região. “Eu tinha sede de aprender como aquilo funcionava”, lembra. Bebendo da fonte do empreendedorismo e inovação, Ana saiu da Empresa Júnior da universidade e passou a empreender também. Nascia ali o que hoje é a Happen, escola de soft e digital skills.
O impacto da pandemia no ecossistema local
Em 2020, já com grandes contas como clientes da startup, Ana e seu sócio decidiram que era tempo de pedir demissão de seus empregos e se lançarem de cabeça no sonho do empreendedorismo. E aí a pandemia chegou. “Foi um turbilhão nas nossas vidas. E, exatamente nesse momento, todas as atividades da Manguezal ficaram paralisadas. Foi um período muito difícil para nós, como comunidade.”
É impossível dizer que algo de bom saiu do período de pandemia, já que quase 700 mil brasileiros perderam a vida em decorrência da doença. Mas o mundo não podia parar, e as pessoas precisaram se adaptar. Com a comunidade da Manguezal, não foi diferente. “Como temos o nosso polo tecnológico aqui, as atividades presenciais sempre foram muito fortes. Com a covid-19, precisamos nos reinventar e criar formas de manter todo mundo motivado, ao mesmo tempo em que precisávamos estar seguros”, explica.
Para ela, o período de pandemia forçou a comunidade a amadurecer, especialmente fortalecendo os laços dos empreendedores e players locais com outras comunidades pelo país. “Antes, éramos muito mais fechados na nossa bolha. Por aqui, temos instituições muito fortes, como a Softex e o Porto Digital, e a comunidade dependia muito mais dos programas desses players do que agora. Hoje, temos mais relações com o resto do Brasil, além de termos começado a participar de programas de inovação online dos quatro cantos do país”.
Para manter a Manguezal em atividade, mesmo em época de isolamento social, a comunidade criou o Café do Mangue: um café da manhã virtual, em que os empreendedores se encontram para trocar experiências e se apoiarem. No mesmo ano, aconteceu a primeira edição virtual do Mangue.bit, que continou online também em 2021.
O evento, como Ana mesmo recorda, é um dos pilares do cenário recifense de tecnologia, e um marco para seu papel como líder de comunidade. “Foi um evento criado com o pensamento de trazer olhos para o nordeste, porque até então, 100% dos eventos desse mercado eram sediados no sul e sudeste”. O Mangue.bit acontece desde 2016, e cresce a cada ano. Em 2022, Ana fez parte do time de líderes que organizaram o evento, que recebeu mais de 1.000 participantes de 24 estados brasileiros.
“A gente tem muito carinho pelo Mangue.bit porque a comunidade toda colhe bons frutos com o evento. Aqui, a gente costuma dizer que ‘quando a maré sobe, ela sobe para todo mundo’. O que significa que quando o ecossistema se desenvolve, todo mundo se beneficia”, diz.
Além do Mangue.bit, Ana já ajudou a organizar mais de 100 eventos da comunidade, e mentorou outras dezenas de startups e empreendedores locais. Para os próximos passos – como boa fundadora de edtech -, Ana quer tirar o ecossistema de inovação e tecnologia “da bolha”, democratizando o acesso à educação empreendedora para o Brasil: “a educação é uma ferramenta de transformação social gigante, e não há nada mais gratificante que ajudar a transformar a vida e o negócio de outras pessoas”.
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