A centenária norueguesa Yara, líder em nutrição de plantas que produz, distribui e vende fertilizantes minerais à base de nitrogênio e produtos industriais relacionados, realizou nesta semana um Innovation Tour, evento produzido pela Beats em parceria com o Startupi.
Na ocasião, executivos da companhia puderam visitar às sedes de gigantes no Brasil, como Microsoft e Ambev, com o objetivo de trocar informações e fomentar as iniciativas de inovação da empresa no país, impulsionando os esforços da Yara para continuar como uma das lideranças no cenário de transformação do agronegócio e a descarbonização da cadeia do alimento.
Chantal Ghannam, Diretora de Soluções Digitais da Yara Brasil, fala sobre a importância da companhia de olhar para o que outras gigantes estão fazendo, especialmente em outros setores, para identificarem o que pode ser aplicado também para o agro. “Queremos olhar fora da caixa e gerarmos insights com outros segmentos, porque inovação é algo global”, diz.
Primeira parada: colaboração e diversidade
O Tour da Yara, com 27 representantes de diversas áreas da companhia, desembarcou primeiro na sede da Microsoft em São Paulo para um papo com Franklin Luzes, COO da Microsoft Participações, pilar da companhia focado no fomento à inovação.
Durante a conversa, Franklin reforçou o papel da colaboração para iniciativas bem-sucedidas de Inovação Aberta: “todas as áreas devem estar olhando para um objetivo comum. Se a gente buscar desenvolver apenas um departamento, sem incluir o todo nessa movimentação de inovação, a gente não consegue escalar iniciativas ou transformar a cultura da empresa”, conta.
Ele enfatizou a importância da diversidade e apoio a iniciativas lideradas por mulheres e apresentou aos participantes a iniciativa WE, da Microsoft, fundo que realiza aportes de R$ 500 mil a R$ 5 milhões em negócios liderados por mulheres.
“O plano é gerar um impacto de longo prazo que provavelmente reverberará para as gerações futuras. À medida que um número maior de startups lideradas por mulheres ganharem mais experiência, elas irão estimular outras mulheres a fundarem, realizar mentoria ou financiar novos empreendimentos”, afirma.
Para Rafael Tabasnik, Gerente de Incubação da Yara Américas, conhecer esse tipo de iniciativa de outras grandes corporações é fundamental para o desenvolvimento da companhia. “Temos a nobre missão de alimentar o mundo com responsabilidade e proteger o planeta. Para isso, precisamos colaborar com outros parceiros que tenham o mesmo objetivo que nós, especialmente startups, outras empresas e universidades”, conta.
Próxima parada: modelos de negócios disruptivos
“Hoje somos, disparados, a maior produtora de eventos do Brasil”. Quem diz é Bruno Stefani, Diretor Global de Inovação da Ambev. Durante o papo com o time da Yara, Bruno destaca a importância de uma cultura centrada no cliente. “É importante ouvir o consumidor para entender as dores dele, entender o que os dados mostram para que, de fato, a gente possa resolver a dor do cliente, independente se isso vai ao encontro do que a companhia já realiza hoje”, diz.
Além do Startup Awards na categoria “Corporate”, a Ambev também é campeã do Ranking 100 Open Corps 2022, sendo reconhecida pelo terceiro ano consecutivo como uma das companhias que mais investe em negócios com startups no Brasil. E isso se dá, segundo Bruno, pela cultura que a Ambev criou ao longo dos anos de olhar para novos e diferentes modelos de negócios, deixando de ser uma produtora de cerveja para se transformar, essencialmente, em uma empresa de inovação.
“Um dos maiores desafios é que a criação de novos negócios ataca a margem da empresa em curto e médio prazo. Por isso, é tão difícil inovar em companhias gigantes e também por isso as startups estão chegando e tomando espaço no mercado de empresas tradicionais”, comenta. Para ele, criar um ecossistema de inovação ao redor, com startups e outros players, é o que fará com que grandes corporações de todos os segmentos tenham fôlego para se reinventarem e se manterem competitivas.
Renata Taube, Especialista em Produtos Digitais da Yara, comenta: “O principal insight que nós da Yara podemos tirar é sobre quanto o trabalho precisa ser colaborativo e a inovação tem que ser top-down. Eu acredito que as pessoas saem [da imersão] muito inspiradas daqui no sentido de começar a olhar para o mercado e auxiliar a Yara em uma questão de troca, ver o mercado como um parceiro. Isso está muito ligado à inovação aberta. É uma cultura que tem que ser desenvolvida de base dentro das áreas do digital, já que estamos sendo disruptivos com um mercado altamente tradicional, como o agro.”
Última parada: Intermediação da Inovação
A última visita do Innovation Tour foi no State, centro de inovação construído no galpão de uma tradicional metalúrgica paulista dos anos 40. O espaço abriga diversas iniciativas de grandes corporações, startups, cientistas e criadores que realizam ou apoiam projetos voltados ao empreendedorismo e inovação nos campos de ciências, cidades e indústrias criativas.
Uma dessas iniciativas é a Emerge, empresa one stop shop especializada na integração de tecnologias e soluções deep techs. “Nosso objetivo é reduzir a assimetria entre indústria, mercado e tecnologia, para construirmos resultados que integrem as big techs e o consumidor”, explica Daniel Pimentel, diretor e cofundador da Emerge. A empresa já mapeou para seus clientes mais de 1200 tecnologias e gerando, em média, 4 vezes o valor de projetos convertidos em investimento em tecnologias.
Quem também faz parte do State é o Cazoolo, projeto da Braskem para acelerar e desenvolver novas tecnologias para a criação de embalagens mais sustentáveis e circulares. “Queremos trazer consciência coletiva para o desenvolvimento de embalagens, já que 80% do impacto ambiental de um produto é definido já na fase de concepção. Então, se queremos um futuro mais sustentável, é no design que a gente tem que atuar para transformar essa realidade”, comenta Yuri Tomina Carvalho, Head do Cazoolo.
Jaqueline Soares, Especialista em Pesquisa e Inovação da Yara Américas, comenta a experiência: “para nós, trazer profissionais de diversas as áreas para ambientes que respiram inovação é essencial para buscar conhecimento e entender de que forma outros setores da economia podem ajudar o impulsionamento da Yara nessa jornada de inovação aberta. Esse aprendizado deve ser constante e em conexão com parceiros, para que possamos olhar para frente o tempo todo e desbravar novas formas de transformarmos nosso setor”, finaliza.