Na última semana tive a oportunidade de ir a um evento conhecer as novas startups da terceira turma de aceleração da Aceleratech. Lá estavam mentores, investidores, facilitadores e, claro, os novos empreendedores participando do processo.
Conversei com a maioria deles e pude conhecer as startups Shipify, 99biz, Nazar, Cuponeria e D-Wings. De todas as selecionadas, só não consegui falar com a Infoprice. Mas essas cinco foram mais do que suficiente para ter um panorama do programa e das características próprias dessa nova turma.
De cara, foi fácil notar como todas elas têm foco no B2B. A 99biz, por exemplo, é uma espécie de GetNinjas para empresas. A ideia dele é se tornar um marketplace de serviços, mas para companhias que precisam de serviços empresariais. “Para nós, a vantagem de trabalhar com esse modelo, é que os tickets são grandes (muitas vezes acima de R$ 1 mil), então estamos falando de empresas que têm grande potencial para trabalhar conosco”, explica Alexandre Pajola, fundador da startup.
Há outras ainda mais focadas, principalmente no mercado de TI, como é o caso da Nazar, uma ferramenta de análise de performance de aplicação em banco de dados. “Nosso foco é descobrir gargalos e sugerir melhorias em aplicações de bancos de dados. Nós analisamos o arquivo de log do banco e damos todas as métricas que interessam ao responsável técnico poder trabalhar com sua aplicação”, explica Antônio Inocêncio, co-fundador da empresa, que está metade em Recife, metade em São Paulo.
Outra característica comum às startups: todas elas já têm ao menos um MVP funcionando. Nada de “empresa de Power Point”, como dizem sobre as empresas que só têm as ideias no papel. Ao menos nessa turma, todos já colocaram algo de seus trabalhos em prática.
Algumas já têm até bastante tempo de mercado, como é o caso da Cuponeria, criada em outubro de 2011. A startup trabalha com redes de distribuição, pequenas empresas e a grande indústria para oferecer cupons de desconto em um hub centralizado. O consumidor pode imprimir ou baixar em seu celular um cupom, e utilizá-lo para comprar o produto com desconto. Desde que surgiram, no Rio de Janeiro, têm feito sucesso: faturam desde o primeiro dia, receberam R$ 50 mil de um investidor anjo, ganharam mais R$ 200 mil do Startup Brasil, além de uma negociação com valores fechados pela Aceleratech, e venderam 30% da empresa por R$ 300 mil ao Buscapé, depois de vencer o concurso “Sua Ideia Vale um Milhão”.
Outra que se deu bem no concurso do Buscapé, ficando entre os quatro finalistas, e também está em aceleração pela Aceleratech, é a Shipfy. A empresa oferece ao varejista online uma plataforma que permite o consumidor saber onde está o seu pedido de compra. Para isso, eles já fecharam parceria com mais de 300 transportadoras e trabalham para se globalizar. Michel Kommers, CEO da empresa (apesar de não gostar da nomenclatura), explica que, assim como alguns de seus colegas, o serviço chega ao consumidor final, mas seu modelo de negócios é todo voltado às empresas, seus verdadeiros clientes.
Outro aspecto interessante está nas empresas que, apesar de já estarem no mercado, entraram no processo de aceleração com um pivot ou um novo produto já em mente. É o caso da D-Wings, que cria aplicativos e publicações digitais. O CEO da startup, João Marcos, explica que eles estão validando uma ideia para poder escalar. Para isso, estão desenvolvendo uma plataforma chamada AppYourself, em que o próprio cliente poderá, de forma fácil e intuitiva, criar seu aplicativo. “Basta colocar as mídias e conteúdos que ele desejar, e nossa tecnologia transformará o pacote em um aplicativo”, diz. Para ilustrar, ele cita o caso de um empreendimento imobiliário – o cliente pode colocar as informações do apartamento, fotos e vídeos, e logo o catálogo que antes estava em um site ou folheto, se tornará um aplicativo interativo. Atualmente, a D-Wings presta esse serviço criando os aplicativos manualmente, mas até o fim da aceleração pretende lançar o modelo “self-service”.
Para todas essas mudanças acontecerem, os empreendedores contam com o trabalho da Aceleratech. Quando conversei com as startups, o programa havia começado há apenas duas semanas. Mas todos já estavam empolgados e pareciam satisfeitos com as aulas e mentorias que receberam da aceleradora, localizada no prédio da ESPM, em São Paulo. Agora é questão de tempo para ver o DemoDay deles e ver onde essas ideias e esforços deverão chegar.