Quanto mais altas a exigência e a tecnologia, igualmente alta fica também a complexidade de uma plataforma. Foi pensando na subversão dessa lógica e no público novato ou com pouca aptidão para a internet que o pessoal da Badabum, startup de São Paulo, criou uma plataforma de arquitetura de sites que conseguiu angariar 500 usuários em menos de dois meses – e, prestem atenção, com um investimento de menos de R$ 2 mil em marketing.
A ignorância foi a pedra fundamental para constituição da startup, segundo me contou o cofundador André Barro. “Como a gente não manjava nada deste mundo de startups (somos 3 ex-publicitários) a gente acabou trilhando um caminho diferente das outras startups. Não fomos a anjos nem batemos na porta de aceleradoras, simplesmente começamos a buscar gente que tinha algum dinheiro sobrando pra investir”, segundo ele me contou.
Dentro dessa (falta de) pegada, o projeto da Badabum já tinha começado há três anos, mas só foi posto no ar oficialmente em outubro de 2013 – o desenvolvimento levou um ano. “Tínhamos uma ideia de criar o jeito mais fácil que existe pra alguém poder construir um site profissional pro seu negócio. Fizemos todo o wireframe e saímos pra buscar algum dinheiro pra colocar ela na rua”, narra.
“Parcelamos o custo do desenvolvimento porque não tínhamos o montante total do orçamento, e pensamos: ‘temos dinheiro pra pagar 4 parcelas, então temos 4 meses pra conseguir mais dinheiro’. E foi isso o que aconteceu”, conta ele. Nesse ínterim, um mutirão de designers foi convocado para criar os layouts padrão para venda. “Pagamos todos eles, tá?”, relata ele, aos risos.
Os resultados foram aqueles que mencionei no primeiro parágrafo – mas ainda falta muito. Por exemplo, monetizar todos esses 500 clientes que já usaram a Badabum para criar uma página profissional. “Agora estamos aprendendo a converter esta gente toda em vendas, que é o mais difícil”, declara Barro. “Ainda queremos implementar um monte de ferramentas novas. O que temos é um MVP polido, porque neste mercado tão competitivo a gente acredita que MVP não adianta muito. Os clientes são muito exigentes ainda mais levando em vista que existem players gigantes”, diz ele.
A ideia da plataforma fornecida pela Badabum se baseia num mote às vezes esquecido por desenvolvedores: a simplicidade. Enquanto as outras ferramentas do mercado são muito completas, o número de opções aumenta a complexidade pro usuário leigo. “Nossa ferramenta é super fácil. Tudo que a pessoa vê, ela clica e modifica. Isso tem um “downside”, que é a falta de ferramentas pra usuários mais avançados.”
Fora isso, segundo me contou Barro, vem a linguagem. “A gente costuma dizer que nosso idioma é o brasileiro. A maioria dos concorrentes apenas traduziu a plataforma deles para o português, continuam usando preços em dólar e jargões como “template”. A gente prefere dizer ‘a cara do seu site’”, declara ele.
“E, por último: nosso produto já foi imaginado desde o começo para que o usuário final tivesse uma versão do seu site para celulares, automaticamente. Os grandes concorrentes estão começando a fazer isso agora só.”
Se vai dar certo todo esse modelo de negócios feito na raça? Não dá para saber. O que dá para sacar é que eles sabem muito bem o que estão fazendo. “Não somos perfeitos, temos muito que melhorar e tem um mercado que a gente ainda não consegue atender. Mas temos uma visão muito sólida de como atuar no mercado e vamos lutar pelo nosso espaço”, diz Barro.
“Costumamos ligar para os clientes e outro dia nos surpreendemos quando uma mãe desconfiada atendeu o telefone e, depois de conversarmos um pouco, descobrimos que a filha dela de 9 anos de idade tinha criado um site para pets. Isso pra nós é a prova de que estamos no caminho certo.”
(Na foto, os sócios da Badabum; crédito divulgação)