Muitos estranharam a presença de Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, como um dos magistrais da Campus Party. Afinal de contas, qual é a relação do músico com o universo campuseiro, tecnológico e empreendedor? É enorme.
Além de ser cantor, Dickinson também é piloto de avião, historiador, esgrimista, investidor-anjo, e dono de uma companhia aérea e de uma escola de aviação Além disso, ao lado de Steve Harris, ele comanda não só uma das maiores bandas de heavy metal do mundo, como também uma marca, um legado, uma religião chamada Iron Maiden, com milhares de discípulos.
E foi exatamente com este tema que ele começou a sua palestra hoje aqui na Campus Party. Segundo ele, há uma grande diferença entre clientes e fãs.
A princípio, todos são clientes, com poder de escolha e de comparação entre marcas. Já o fã possui um vínculo muito forte com o que ele ama e acredita. E é fundamental transformar qualquer cliente em fã. “O ser humano é um animal sentimental, ele necessita criar vínculos emocionais”, defende Dickinson.
Esse poder de criar vínculos e engajar é o que diferencia os peixes dos tubarões neste grande oceano que é o mundo dos negócios. “É importante lembrar que os tubarões sempre vão comer os peixes menores, porque é isso que eles precisam fazer para sobreviver”, destaca.
Para conquistar essa sobrevivência, ele acredita que é necessário agregar valor, com base em três fundamentos: criatividade, imaginação e observação. Estres pilares são profundamente conectados e interdependentes. Tudo começa com a curiosidade, que leva diretamente à observação, que unida à imaginação, encaminha à verdadeira criatividade.
Case Iron Maiden
A Donzela (como é conhecida a banda pelos fãs) é um ótimo exemplo prático de tudo o que Dickinson disse. “Nós ganhamos muito pouco dinheiro gravando discos. Mas por que continuamos a compor então? Não é pelo lucro, é para gerar mais fãs”, explica.
E a tática funciona. Ele e seus companheiros não estão nem um pouco preocupados com “crise na indústria fonográfica”, pirataria nem nada. Todos os anos as turnês do Iron Maiden na América do Sul aumentam em 20% seu público.
Ao invés de ver seus fãs como inimigos, Bruce Dickinson entende seu valor de seus fãs e defende que o ser humano é um ser social e que, por isso, paga para ir a um show e ver o artista junto com seus amigos.
“Se um dia as gravadoras entenderem isso e pararem de tratar seu público como clientes para tratá-los como fãs, a perspectiva muda”, diz. E é também com esse ponto de vista que Bruce e companhia aproveitam a marca Iron Maiden para desenvolver outros produtos, como uma marca de cerveja própria.