A Imagine Cup, competição mundial de tecnologia para estudantes que teve sua final em junho no Egito, premiou em primeiro lugar na categoria Design a equipe Willburn, de Bauru, interior paulista. Mas calmaí, caro leitor interessado em tecnologia, inovação, negócios e nobres causas do desenvolvimento: o trabalho deles não é eye-candy! Os caras foram considerados os melhores do mundo este ano por fazerem uma plataforma que usa os gestos das pessoas para fins educacionais. Chama-se Cheops (como a mais intacta das 7 maravilhas do mundo) e é uma multitouch application for assistance in literacy. Não entendeu? Então veja um vídeo, telas e uma entrevista!
Quem – Eles estudam juntos na Unesp Bauru, onde trabalham juntos no Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada. Foi lá que desenvolveram o Cheops, uma… coisa que parece complicada mas funciona brincando e deve servir como uma luva para acelerar o processo de alfabetização em escolas de qualquer país.
Henrique Perticarati, Alexandre Nacari, João Franco, Thiago Fabre, Bianca Bertoni e Pedro Cavalca. Estes são os nomes dos realizadores. Henrique e Alexandre são focados em experiência do usuário e design de interação, constituíram a equipe Willburn e inscreveram o Cheops na categoria Interface Design.
Os outros colegas dedicam-se à programação, formaram a equipe OpenLab e inscreveram o mesmo projeto na categoria Embedded development, ficando colocados entre os 12 melhores projetos. “As duas equipes participaram da copa de forma colaborativa. O projeto foi desenvolvido em parceria e a divisão ocorreu apenas para a participação nas duas categorias”, explica Alexandre.
A ideia – O tema desta edição da Imagine Cup foi “Imagine um mundo em que a tecnologia ajuda a resolver os problemas mais difíceis do mundo”, tomando como base as metas de desenvolvimento do milênio. “Acreditamos que a resolução dos problemas educacionais é o melhor caminho para alcançar um desenvolvimento global. Por isso, desenvolvemos o Laboratório Móvel Colaborativo para Alfabetização (MC2L), rodando a interface Cheops”, explica Henrique.
A solução – Cheops é uma interface gráfica presencial, projetada sobre uma superfície com 4 áreas laterais e uma central, previamente calibradas em uma webcam. Em cima dessa superfície, que pode ser uma simples mesa, estudantes movimentam pequenas pirâmides, chamadas modifiers, para interagirem com o conteúdo previamente configurado pelo professor. O conteúdo interativo da Cheops consiste em letras. Com simples movimentos das pirâmides, os alunos conseguem movê-las e formar palavras e frases.
O aspecto envolvente e lúdico da manipulação é o apelo da interface para facilitar a alfabetização, especialmente porque a experiência acontece em grupo. A interface pode funcionar em diversos idiomas e o professor pode configurar e salvar diversos tipos de atividades. Uma tipografia específica para ajudar a alfabetização de crianças disléxicas foi adotada: a Sarakanda, desenvolvida por Alejandro Valdez Sanabria. Veja no vídeo o funcionamento da Cheops.
Tecnologia – Software utilizado para desenvolvimento da Cheops: Microsoft Expression Design, Microsoft Expression Blend, Microsoft Expression Encode, Windows Presentation Foundation, .Net Framework 3.5, Adobe Flash, Adobe After Effects, Adobe Illustrator, Windows Movie Maker 2.1.
O futuro – “Desde a concepção do projeto, já tínhamos interesse em levá-lo adiante, independente do resultado da Imagine Cup. A concepção do projeto prevê implementação em escolas, de modo que os equipamentos necessários sejam recursos acessíveis, como uma webcam, um computador convencional e um projetor multimídia. Pela capacidade de vários alunos usarem o mesmo equipamento ao mesmo tempo, o investimento final sai relativamente barato”, revela Alexandre. A equipe agora dedica-se a viabilizar a implantação do Cheops – querem encontrar um financiamento, por exemplo, ou outra forma de investimento.