O que sabemos do empreendedor brasileiro? Quem ele é? Por onde ele anda? Como se alimenta? A e.Bricks numa parceria com a Startupi fez uma pesquisa em outubro de 2013 para traçar o perfil (mais abrangente que o das perguntas acima) do empreendedor digital brasileiro. No levantamento, 342 empreendedores foram ouvidos. Alguns dados apontados foram comparados com uma pesquisa realizada no final de 2011 mostrando, por exemplo, que a burocracia brasileira continua sendo uma das maiores dificuldades dos empresários mesmo dois anos depois (39% dos entrevistados).
A ideia geral era retratar quais são os maiores obstáculos para esse empreendedor e o que mais lhe impulsiona. Além do questionário online, 10 empreendedores foram escolhidos aleatoriamente entre os inscritos do Prêmio RBS de Empreendedorismo e Inovação para entrevistas com maior profundidade.
A maior parte dos empreendedores digitais é composta por homens (83%) entre 25 e 40 anos (67%). Quase a totalidade dos entrevistados busca qualificação (99%) de alguma forma, seja pela internet, treinamento, fóruns e grande parte tem nível superior completo (82%).
A pesquisa aponta também que 83% dos empreendedores financiam o negócio com capital próprio. Os fundadores da KaBum!, loja de e-commerce focada na venda de produtos de informática, eletrônicos e instrumentos musicais, são um exemplo disso. Os irmãos Leandro e Thiago Ramos (foto acima) iniciaram a empresa em 2003 com pouco mais de R$ 2.000 e até hoje continuam com capital próprio. “Nascemos assim e apresentamos ótimos resultados assim”, diz Leandro.
“Já recebemos proposta de investimento e sentamos para conversar com investidores, mas não é só dinheiro que conta para ter um parceiro no negócio, tem que agregar mais que um aporte e até hoje não encontramos um investidor com esse perfil”, conclui o fundador. Hoje a KaBum! tem cerca de 120 mil clientes mensais e mais de 2 milhões de clientes ativos (que compram sempre no site). Leandro também mostra uma outra tendência da pesquisa: a de não buscar investidor, o caso de 51% dos entrevistados.
A falta de interesse nos investidores também resulta em problemas financeiros. Uma boa parte dos entrevistados (45%) aponta como maior dificuldade a falta de recursos, sendo que 73% dos empreendedores nunca nem apresentaram seus projetos a um investidor externo, que poderia resultar numa entrada de dinheiro.
Para escolher o ramo de negócios, 73% tiveram como motivação trabalhar com o que gostavam. É o caso de Marcio Waldman, diretor-presidente da loja de e-commerce PetLove, que começou alinhada com sua clínica veterinária. “Abri a loja porque queria dar uma alavancada sem sair da área que eu gostava. Em 2005 faturei o mesmo com a loja e com a clínica e decidi que era a hora de me dedicar exclusivamente ao PetLove”, afirma o empreendedor.
Outro dado relevante é que a maior parte dos empreendedores estão na parte mais ao sul do país: em São Paulo (43%) e no Sul (21%). David Abuhab, sócio e gerente de marketing da VejoaoVivo é de Joinville (Santa Catarina) e diz que sente que criou-se um ecossistema para o negócio voltado para a tecnologia na região. “As faculdades da região começaram a preparar pessoas para a área de tecnologia e as grandes empresas do ramo acabam vindo para cá porque sabem que vão encontrar mão-de-obra qualificada para suas empresas”, explica.