Apenas em São Paulo, de acordo com o sindicato que regula o setor, existem aproximadamente 200 mil mensageiros que trabalham diretamente no transporte de bens e documentos pelas ruas da cidade. Na iminência das novas regulamentações para o exercício da função, que entram em vigor no final deste ano, a Loggi iniciou sua operação na segunda quinzena de outubro.
Com o objetivo de auxiliar a profissionalização deste setor, a startup espera deixar o mercado mais transparente e vantajoso financeiramente para os parceiros, assim como oferecer uma solução de menor custo para seus clientes. A fim de iniciar seus trabalhos, a Loggi conta com o aporte de R$ 2 milhões feitos por dez investidores-anjo, entre eles Kees Koolen, COO da Über e chairman da Booking.com, e Nicolas Gautier, da Bolt Ventures.
O motivo para criação de uma empresa que foque na reparação da logística urbana da capital paulista, de acordo com Fabien Mendez, CEO da Loggi, está no gargalo existente neste mercado. “O serviço de courier encontra alguns entraves que impedem o próprio crescimento, entretanto, a Lei 12.009/09, que prevê sua normalização, deve amparar especialmente as questões de segurança e padronização dos profissionais. A partir deste cenário, existe um grande potencial a ser explorado por empresas em diferentes frentes, como a Loggi, que prega por uma solução simples, que agilize o dia-a-dia de nossos clientes”, enaltece o executivo.
O maior ativo da startup, segundo Mendez, é oferecer uma experiência que permita o perduro na relação tanto com clientes, como com os parceiros entregadores. Para isso, a plataforma online foi construída com uma tecnologia minimalista e de fácil usabilidade, isto é, sem complicações ou burocracias. Com apenas dois cliques, é possível solicitar um mensageiro, independente da complexicidade da rota de entrega. Ao mesmo tempo, utilizando o aplicativo feito para smartphones Android, o entregador aceita ou declina o pedido facilmente. “Nosso algoritmo triangula as demandas e ofertas, calculando automaticamente tempo estimado e custo de serviço. Desta maneira, reduzimos ao máximo todo o processo, agilizando a chegada e entrega das mercadorias”, explica.
Como exemplo prático, o CEO esclarece um percurso entre a Avenida Paulista e o Itaim Bibi, pontos recorrentes no trabalho de motofrete, diferenciando o modelo atual e o proposto pela Loggi. “A realidade atual prevê o estabelecimento de um sistema composto por pontos geográfico, isto é, o valor é cobrado a partir da distância percorrida. Entre os dois pontos citados, uma corrida sai por volta de R$ 30. Deste dinheiro, apenas 40% vai para o bolso do entregador, enquanto o resto fica com a empresa intermediadora. Utilizando a mesma amostra, com a Loggi, o mensageiro consegue reter uma margem aproximada a 80% do valor da corrida”, explica Mendez.
Plataforma
A Loggi funciona de maneira intuitiva. Para chamar um mensageiro, basta instruir todos os pontos da rota de entrega, indicando as respectivas observações, como pegar o pedido com uma pessoa específica, ou entregar a encomenda a partir de certo horário. A plataforma informa então o valor total da operação, o tempo estimado e a distância a ser percorrida. Como diferencial, a plataforma disponibiliza pagamento automático, feito por cartão de crédito ou boleto bancário.
Após a retirada da mercadoria no ponto inicial, o cliente consegue acompanhar pelo site o trajeto do mensageiro em tempo real, calculando o tempo para conclusão do percurso. A qualquer momento, a Loggi oferece histórico descritivo com relatórios mostrando dias, horários, os nomes envolvidos na entrega e os valores. Desta maneira, o usuário consegue controlar e organizar seus pedidos.
Mensageiros
A criação de toda a estrutura Loggi foi pensada para oferecer disponibilizar um serviço que proporcione melhor gestão de tempo do profissional e aumento de sua renda direta. Por não contar com um intermediário para administrar os pedidos, trabalho feito pelo próprio mensageiro a partir de seu smartphone, o percentual que fica com o profissional de entrega sobe aproximadamente de 40% para 80% do valor da corrida(que, para o cliente, não aumenta).
A fim de criar um ambiente sustentável, onde questões tecnológicas interfiram na produtividade do trabalho, a empresa oferece um kit contendo carregador de telefone para motocicletas, assim como um suporte para alocar o aparelho ao veículo.
Trajetória dos fundadores
Conversei com Fabien, que contextualizou para mim. “Sou francês, economista, me formei em finanças. Ainda jovem trabalhei em bancos de investimento em Paris e em Londres, depois vim para o Brasil trabalhar em um banco, aí que me mordeu aquela mosca de querer empreender. Ajudei a co-fundar a GoJames, como uma tropicalização da Über, mas aí tivemos umas dificuldades e eu resolvi sair e fundar a Loggi. Queremos trazer mais agilidade, eficiência e transparência ao dia-a-dia das empresas e de todas pessoas que usam serviços de motoboy. Fazemos a intermediação, botamos umas funcionalidades de gestão, e cobramos uma comissão de cada entrega. Por enquanto, estamos oferecendo em São Paulo”.
Também conversei com Arthur, o CTO. Se o perfil de Fabien é diferente, ouça então sobre as andanças de Arthur.