Fizemos uma sessão de perguntas e respostas com o pessoal da SEED, lá de Minas Gerais, sobre o meio empreendedor, desafios, planos e perspectivas da entidade e sobre as startups. E olha o que eles nos contaram: desde a abertura do edital (sobre o qual eu falei aqui), mais de 600 inscrições de 15 diferentes nacionalidades foram submetidas. Se você ainda não se inscreveu, a dica é fazê-lo agora, já que o prazo expira em 17 de outubro (quinta-feira da semana que vem).
Vale lembrar que o SEED-MG já disse que os moldes são bem parecidos com o programa Startup Chile. A ideia é financiar não somente empresas, mas também pessoas físicas com ideias boas que estão precisando de dinheiro para criar um protótipo do produto.
De qualquer maneira, o papo abaixo é com os gestores do SEED – sim, as respostas foram escritas em várias mãos; nossa sessão é longa, mas é uma dissecação sobre o que esse programa do governo mineiro quer (e vem fazendo) para fomentar o empreendedorismo por aquelas bandas de San Pedro Valley e no país todo.
Vamos começar pelo edital que está em aberto: existem pontos que não constam nesta reportagem que vocês gostariam de agregar? Alguma novidade? Pode ser uma exclusiva também (risos).
Estamos à procura de pessoas capazes de fazer coisas extraordinárias. Sendo assim, grande parte do foco da seleção dos projetos está na avaliação do potencial de cada membro da equipe. Buscamos cérebros, motivação, paixão e complementariedade. Acreditamos que uma boa equipe, com complementariedade e vontade de fazer as coisas acontecerem, é capaz de levar qualquer ideia ao sucesso. Além disso, buscamos pessoas que estão dispostas a enriquecer o nosso ecossistema com uma visão única e criativa, e com conexões capazes de nos ajudar a construir uma grande rede de inovação.
Outro ponto que vale ressaltar é que não buscamos apenas startups do setor de TICs, mas empreendedores de todas as áreas, desde que sua ideia de negócio seja repetível e escalável rapidamente. Queremos fomentar o desenvolvimento econômico como um todo, pensando em todos os nichos de mercado. Então aqui, ideias de todas as áreas são valorizadas e muito bem vindas!
Além disso, o SEED possui características únicas dentre os programas de aceleração semelhantes no país; são eles o apoio diretamente à pessoa física, bolsa para os empreendedores (survival money), e a não obrigatoriedade de constituir a empresa acelerada no estado de Minas Gerais.
A iniciativa privada criou o Acelera MGTI e o SEED está sob o guarda-chuva do governo. Por que essa dissociação? Por que não unificar as iniciativas?
As duas iniciativas buscam o mesmo objetivo, que é o de acelerarem startups. Porém, partimos de dois pontos diferentes. O foco do SEED são startups em fase de ideia (além de ser focado na pessoa física e não no CNPJ) já o Acelera MGTI busca startups com projetos em fase de comercialização.
As duas iniciativas estão super alinhadas, e estamos em contato constante com a Fumsoft e o Felipe Byrro – COO da Acelera MGTI. Acreditamos que essas duas iniciativas tem capacidade para revolucionar o cenário em Minas Gerais e acreditamos que a janela de oportunidades que ambas estão abrindo está cada dia maior. Minas Gerais está fazendo o possível, e já pensando no impossível, para se tornar o estado mais empreendedor do Brasil!
O que Minas Gerais representa, atualmente, para as startups brasileiras? E aonde o Estado quer chegar?
Minas Gerais, como disse Roi Carthy do TechCrunch, detém o ecossistema brasileiro mais desenvolvido quando se fala de colaboração e interação entre startups. Não é à toa que o San Pedro Valley já foi notícia em vários veículos de comunicação, incluindo TechCrunch, The Next Web, The Economist e Startupi!!
O nosso ecossistema está cada dia mais rico, mas ainda é preciso criar oportunidades para reter as mentes brilhantes que saem das várias universidades federais do Estado e também apoiar os diversos empreendedores que querem desenvolver nossa economia com projetos inovadores mas não sabem como fazê-lo. Visto isso, o governador de Minas, junto com seu Escritório de Prioridades Estratégicas, percebeu a importância de criar um programa que acelerasse o processo de desenvolvimento não só da cena belo-horizontina, mas também de outras regiões do Estado, por meio da disseminação de uma cultura de inovação e da troca de conhecimento com empreendedores de outros locais do país e do mundo. O SEED colocará Minas Gerais entre os principais hubs de inovação, e transformará o estado no berço do empreendedorismo tecnológico da América Latina.
Qual o papel do SEED dentro deste contexto?
O papel do SEED é facilitar e acelerar o processo de evolução deste ecossistema que hoje já é bastante dinâmico. O SEED foi construído a várias mãos, com intensa troca de opiniões com diversos agentes do ecossistema mineiro.
Neste processo de troca, percebeu-se um gap entre o empreendedor com uma boa ideia e aquele pronto para sentar numa mesa de negociação com investidores. A maior reclamação era o nível de imaturidade e inexperiência com que estes empreendedores se lançavam ao mercado em busca de recursos para desenvolverem suas ideias. É exatamente para cobrir este gap que o SEED nasceu. Queremos apoiar no processo de amadurecimento destes empreendedores e suas ideias, dando a eles todo o instrumental metodológico, financeiro e de rede, para que ele saiba como tirar sua ideia do papel e transformá-la em um negócio atraente para o mercado e que chame atenção dos investidores.
Acreditamos que os empreendedores são os grandes responsáveis pela revolução cultural e econômica, e portanto o SEED dará todo o apoio para que suas startups se tornem “The Next Big Thing”. O Estado de Minas Gerais está de abraços abertos para o mundo! Venham fazer parte desta história e vivenciar uma oportunidade única em suas vidas!
Eu gostaria que vocês explicassem o foco e os princípios ideológicos e filosóficos do SEED.
O SEED tem como alvo tornar Minas Gerais o maior hub de empreendedorismo tecnológico na América Latina, e para isso é necessário criarmos casos de sucesso que inspirem as pessoas a: compartilharem ideias, assumirem riscos, pensar globalmente e a empreender cada vez mais.
Este é o mindset que o SEED quer deixar como legado em Minas. Diferentemente de outros projetos governamentais de aceleração, a metodologia utilizada pelo SEED – a Lean/LaunchPad criada por Steve Blank – foca no sucesso das startups. Acreditamos que sem o sucesso das startups e dos empreendedores não conseguiremos atingir os nossos objetivos.
Quais os grandes trunfos obtidos pelo SEED até então?
O SEED é um programa inédito no Brasil. Para conseguirmos dar subvenção financeira para pessoa física e de qualquer lugar do mundo, foi necessário aprovarmos uma lei na Assembleia de Minas Gerais. Este foi o primeiro grande trunfo obtido.
Depois disso, a cada mês, veio um desafio e uma conquista diferente. Entre elas, conseguimos simplificar o processo de concessão de visto para estrangeiros do programa, conseguimos colocar o programa na The Economist, e mais recentemente, desde quando as inscrições foram abertas, até então contamos com mais de 600 inscrições de 15 diferentes nacionalidades. São ótimos números para um processo de aceleração recém-lançado! Estamos muito felizes e temos ótimas expectativas para o que está por vir! 🙂
Falem um pouco sobre as metas do SEED para este e os próximos anos.
O SEED é um programa arrojado, assim como suas metas. Queremos colocar Minas Gerais no mapa da inovação, juntamente com grandes ecossistemas, e estarmos no próximo Startup Ecosystem Report. Além disso, queremos atrair e criar mais fundos de investimentos, incentivar o surgimento de outras aceleradoras de negócios, e crescer o número de estudantes universitários que queiram empreender e continuar em Minas.
Buscamos também números palpáveis, como criação de empregos, investimentos em startups e soluções que geram negócios; e por último e mais importante, cultivar a cultura empreendedora e colaborativa no estado.