Uma série de investidores participaram de um painel na Campus Party sobre o que os investidores observam e esperam das abordagens dos empreendedores, quando estes os procuram para pedir investimento para suas startups.
Falaram várias coisas que achei interessantes e diferentes das já tradicionais frases “apostamos mais no jockey do que no cavalo” e “é melhor uma equipe ótima com um plano mais ou menos do que uma equipe mais ou menos com um plano ótimo”.
Anotei algumas dessas colocações; leia abaixo.
VENTURE CAPITALISTS
Anderson Thees, sócio-fundador da Redpoint e.ventures (RPEV):
“Recebemos projetos pelo site e avaliamos, mas se alguma pessoa em que confiamos nos liga e diz para prestar atenção em alguma startup, isso acaba sendo importante e, querendo ou não, é como se houvessem duas filas diferentes de projetos a serem analisados. Sendo sincero, a maioria dos negócios em que investimos chegou por meio de recomendação de pessoas, mas a gente olha tudo e responde, são em média uns 40 projetos por semana para mim e outros tantos para meu sócio analisarmos. E não precisa ser um plano de negócio, pode ser um sumário executivo (que só fica bom se for derivado de um plano de negócio)”.
“Conseguir uma avaliação alta da empresa e conseguir bastante dinheiro na primeira rodada não é necessariamente bom. O empreendedor pode acabar se decepcionando mais à frente se precisar de mais capital, pois se você receber seed muito grande, vai ser mais difícil conseguir Série A, e se pegar série A grande, fica difícil pegar série B. Tem que ver se a startup quer percorrer esta etapa do trajeto, ou a sequência completa típica dos investimentos”.
Ted Rogers, sócio-fundador da Arpex Capital:
“Tem uma frase de um venture capitalist que eu gosto: bons negócios não encontram você; você encontra bons negócios. Não adianta a gente ficar esperando que o empreendedor traga a melhor oportunidade. E sempre é uma questão de relacionamento entre um investidor e um empreendedor, até que aconteça o investimento um ano depois, ou até dois anos depois. Invest in lines, not dots. É importante você ser reconhecido como empreendedor no mercado”.
“É muito difícil fazer o trabalho das aceleradoras, então é justo que elas tomem participação, não concordo com empreendedores que reclamam disso. E se elas fazem aumentar o valor da empresa, isso também é bom. Mas não gosto muito de buscar negócios em um Demo Day de aceleradoras, porque as startups estão lá pedindo dinheiro e vai ter vários fundos interessados, e isso faz as expectativas subirem demais. Então eu vou, eu gosto de ir a Demo Days, mas muitas vezes, para ver startups, eu vou nas aceleradoras”.
“Não gosto de dizer não para um empreendedor. Gosto de dar um feedback com respeito e honesto. Não acho suficiente dizer que não tenho interesse agora. Quero falar um pouco por que não”.
INVESTIDORES ANJOS
Maria Rita Bueno, diretora na Anjos do Brasil:
“Sempre levamos para as reuniões da Anjos alguns negócios que foram indicados, mas também sempre levamos negócios que as pessoas submeteram pelo site, pois sempre tem algo bom”.
“Recebemos muitos projetos crus e incipientes, então ajudamos com mentoria para que o empreendedor trabalhe mais antes de chegar uma hora boa para buscar o investimento”.
Fernando Campos (Lab22, Devise Investimentos, Gávea Angels):
“Nós gerenciamos pessoas, não apenas dinheiro”.
“Há muitas empresas com potencial enorme mas que chegam no final de uma aceleração ainda sem receita nenhuma, faturando zero reais”.