Enviei umas perguntas pro Herval Freire, que está no Chile participando do programa de incubação com o projeto Novelo. Ontem postei fotos do dia-a-dia, mas a curiosidade não esgotou.
Perguntei: qual é a diferença entre fazer do jeito que vocês estavam fazendo, e fazer em outro país, dentro de um programa tão badalado? É realmente “tudo isso”? E por que o nome do projeto selecionado no site do programa é a BlooBox mesmo, e você resolveu trocar? Aliás, foi você mais quem? E os outros brasileiros? Vocês viraram uma irmandade? Ou é tudo junto misturado?
As respostas:
Cara, sendo bem resumido, a experiência é um negócio único. Mesmo se chegassem pra mim amanhã e dissessem “ok, não temos os 40 mil, o dinheiro acabou” eu ficaria aqui os 6 meses. Acho que o principal ponto forte do SUP é a equipe: todos os “funcionários públicos” do governo envolvidos no projeto estão ali dando 110% de si, do pessoal do financeiro (que trabalha 16 horas por dia pra tentar manter a grana entrando direitinho) a nossa “mãezona” do RH, que pega na mão pra resolver tudo (nunca vi um processo de visto tão facilitado).
Sem falar na equipe de mídia, que fica empurrando você pra aparecer nos jornais, na tv, em conferências, em palestras (dei uma palestra aberta ao público semana passada – veja slides), pegam você no corredor pra gravar entrevista rápida, dirigem video-pitches… enfim, uma energia inédita pra mim. Eles também estao fazendo o possível para facilitar nosso acesso aos “homens do dinheiro”, convidando investidores a visitar as empresas e nos convidando a eventos da “alta roda” – inclusive cafés da manhã com ministros e coisas desse nível.
Basicamente é um grande “balaio”, com gente do mundo todo trabalhando “junto mas separado” (vim com minha esposa/sócia, Michelle Veronese). A energia desse negócio é um bicho que eu nunca vi igual: mais de 100 empresas (muitas com mais de 1 pessoa), a grande maioria colaborando entre si com o que pode (de indicar clientes a ensinar juridiquês ou programação). Tomamos café da manhã com indianos, almoçamos com Harvard/Wharton dropouts, jantamos com portugueses e vamos pra balada com irlandeses, russos e koreanos. Intercâmbio maior que esse não existe 🙂
Nem tudo são flores
O programa não é perfeito: os 40k sao na forma de reembolso, logo muita gente foi pega com as calças na mao, achando que ia chegar e receber um checão assinado. O espaço de trabalho tambem está sendo um problema, ja que chegaram mais de 150 pessoas para um espaço que mal cabem 80 (um andar do prédio onde fica a bolsa, o instituto de patentes e o gabinete do presidente). Os problemas vāo sendo resolvidos aos poucos, mas não dá pra negar que eles existam (e irritam os mais “cheios de não-me-toque” – aliás, IMHO estes nāo deveriam sequer estar aqui).
Quanto aos outros brazileiros, tem o time do Zuggi (3 pessoas), Capsdoc (só veio um) e Jobconvo (ex resume-hunter) – no fim das contas, são tantas pessoas diferentes que nem dá nem é saudável “virar uma irmandade”. Todo mundo fala “espanglês” entre si e pronto!
Quanto a nós, a BlooBox foi selecionada, mas recebemos uma proposta de compra da empresa pouco tempo depois. Como era um projeto bastante cash intensive e já tinhamos um outro andando em paralelo (o Novelo), resolvemos apostar no “plano B”. E tem dado certo até demais: já estamos com mais de 700 usuários, crescendo 10% ao dia e com um mercadão a dominar pela frente… 😉