Nos últimos dias 4, 5 e 6 de novembro eu estive em Austin, no Texas, como adviser do time Janus, da UFMG, para a final global da competição de ideias inovadoras Idea to Product Global. O Janus conseguiu esta vaga após ganhar a final latino-americana da competição em São Paulo, no I2P Latin America, organizado pelo FGVcenn.
Em Austin, o resultado não foi diferente: disputando com escolas de peso como a University of Florida (EUA), RWTH Aachen University (Alemanha), Kennesaw State University (EUA), University of Leuven (Bélgica) e Stockholm School of Entrepreneurship (Suécia) o time alcançou o primeiro lugar global.
A tecnologia do Janus é um produto que permite separar o óleo da água. Parece estranho, alguém vai falar. Óleo e água são imiscíveis. Na verdade, quando o petróleo é extraído das reservas ele vem em uma mistura homogênea (emulsão) de óleo e água e precisa ser separado. Hoje a indústria petrolífera utiliza um produto químico chamado demulsificante para realizar esta separação em um mercado que envolve, mundialmente, US$ 40 bilhões e US$ 2,5 bilhões apenas no Brasil. O Janus tem a capacidade de realizar esta separação por um processo que envolve a combinação de nano tubos de carbono e nano partículas magnéticas.
Depois de depositadas na emulsão estas partículas separam o óleo da água através de uma simples atração magnética. Este produto tem a capacidade de baratear em até 80% os custos com demulsificantes, que podem representar 5% no preço final da gasolina. O processo também reduz de 12 horas para aproximadamente 2 horas a separação das substâncias. O produto tem a proteção de três patentes internacionais.
O time é composto pelos alunos Aluir Dias Purceno, Aline Silva, Raquel Mambrini e Ana Carvalho, sob a orientação acadêmica do professor Rochel Monteiro Lago, do Departamento de Química da UFMG e coordenação empresarial de Euler Santos, que tem estudado a tecnologia ao longo de oito anos.
O time trouxe o troféu de primeiro lugar (uma estrela, que representa a independência republicana do estado do Texas – the Lone Star State), US$ 10 mil em dinheiro e vários cartões de empresas, incubadoras e investidores interessados na tecnologia. Os próximos passos do Janus são ter uma planta piloto e realizar testes em escala industrial.
O desempenho do Janus, este ano, e do Nanoita, no ano passado, na mesma competição, mostram que o Brasil tem um grande potencial de atravessar o gap entre as invenções que estão sendo desenvolvidas nos laboratórios e a inovação, transformando pesquisas em produtos que efetivamente terão utilidade para a sociedade e irão gerar riquezas para o país, para seus inventores e para suas escolas (quando as pesquisas são vinculadas a universidades). Pessoas inteligentes nós temos. O que nós precisamos é de mais gente (empresas, universidades e governos) que acredite nisto.
P.S.: O vídeo da apresentação da sessão de feedback do Janus está no site do I2P Global no link http://bit.ly/janus_i2p.