Fui no evento de mentoring do Desafio Brasil 2009, que reuniu investidores e empreendedores na FGV em São Paulo nos dias 4 e 5 de setembro. Anotei uma série de dicas dos especialistas.
Uns acreditam que o segredo do sucesso está na ideia do produto, outros dizem que está no plano de negócios. Para ajudar a tornar realidade o sonho da empresa própria, existem os angel investors, que gostam de ganhar dinheiro ajudando novos empreendedores a firmarem seus negócios. Nos Estados Unidos, existem milhares deles e centenas de clubes de investimentos de capital de risco.
No Brasil, sabe-se de 4 associações de investidores anjos. O que eles fazem? O que eles querem? Se fosse só emprestar dinheiro, estariam apostando na Bolsa de Valores. E você, o que quer? Veja alguns caminhos possíveis para a sua startup se dar bem com um investidor.
Evento concentrou experiências e indicou caminhos para quem busca investidor
O Mentoring do Desafio Brasil 2009, patrocinado pela Intel e pelo escritório Derraik Advogados, reuniu investidores anjos de quatro estados brasileiros, empreendedores que já participaram do desafio e participantes da competição de startups. A programação aconteceu sexta-feira e sábado, 4 e 5 de setembro, no auditório da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
Nas palavras de Cláudio Furtado, professor da GV, “o que ouvimos aqui é necessário gravar e ouvir todos os dias, pois é um conteúdo que não pode ser transmitido em um curso de quatro anos. É o caldo de diversas experiências de sucesso”. Além disso, acrescentou: “o investidor é anjo mas gosta de dinheiro. Quem quer investimento para startup precisa ter o foco em ser rico, não em ser rei – porque rei quer ser o dono da palavra”.
Gian Carlo Martinelli, coordenador do Desafio Brasil para o GVCepe e empreendedor, resume o espírito tanto da competição como da atuação dos investidores anjos: “bota-se dinheiro mais em pessoas, não tanto em empresas e ideias. No evento, buscamos investimentos excelentes, mas também empreendedores excelentes”. Confira as palavras de quem tem o dinheiro e o conhecimento para fazer os melhores empreendedores alcançarem sucesso:
- Ernesto Weber, Gávea Angels: “angel investor é uma expressão que nasceu na Broadway. Mas o investidor anjo não dá só o aporte financeiro; o mais importante é o capital humano, o networking e a expertise. A associação é de investidores, não de investimentos. Não há um fundo que invista, mas sim os investidores individuais. Investimos no jockey, não no cavalo. Nossos anjos querem ter uma participação razoável, ao menos de 30%, para ter voz, mas jamais controle, pois a empresa depende do empreendedor. Caso quiséssemos pouca participação, investiríamos baixo na bolsa para ter liquidez”;
- Fábio Belotti, São Paulo Anjos: “procuramos projetos de qualidade, mas não apenas para ajudar. Não apenas queremos que vocês passem pelo Desafio, mas que ao final possam apresentar um projeto com qualidade. A gente oferece gestão e dinheiro e o empreendedor precisa avaliar se é isso que ele precisa, que ele quer. Tem que assimilar o conhecimento dos investidores; se não puder, então não é o caminho”;
- Camilo Telles, Bahia Angels: “o investido também precisa avaliar e escolher o investidor, porque vai precisar contar com ele por uns 8 anos. A área de vendas é extremamente importante, mas geralmente só se fica falando de gestão por aí. Identificamos nas equipes as pessoas que tem um perfil mais propício, e tudo se aprende. Procuramos expertise técnico-operacional e carisma para aglutinar isso. Temos investidores para projetos de IT e engenharia, e procuramos de química e biotecnologia”;
- Marcelo Cazado, Floripa Angels: “nos EUA é bem comum os anjos ficarem na gestão dos negócios e se associarem a fundos de investimento. Se estiverem inseridos em incubadoras de ponta, a probabilidade de sucesso aumenta muito. Pólos de referência, como o Vale do Silício, nascem em cidades mídias ou pequenas. É para lá que as pessoas vão para abrir suas empresas, depois chegam os centros de ensino. Antigamente só se fazia turismo no Vale do Silício. Floripa ainda é conhecida como um grande resort, mas a receita de negócios é quatro vezes maiores do que a de turismo. Há todo um ambiente propício, bastante gente pensando nos negócios”;
- Ricardo Arantes, Intel Capital: “não acho que existe um perfil padrão de pessoas, para serem empreendedores. Características negativas seriam não aceitar críticas, inércia. O empreendedor precisa ver sinais do mercado, ouvir os outros e ser ágil para ir manobrando. A gente busca inovação em vários formatos: tecnologia, processos, modelos de negócios. Nós apostamos em pessoas. O processo de análise é um processo de conhecimento. Aliado a isso tudo é o management. O management tem que ficar tentando, até encontrar aquilo que vai funcionar, crescer e escalar. Comparando com norte-americano, o brasileiro pensa pequeno”;
- Rodrigo Menezes, Derraik Advogados: “o investidor quer se proteger de que a pessoa que criou o projeto não venda outra parte adiante. O idealizador do projeto também tem que avaliar se quer ficar tanto tempo preso ao compromisso com o angel. Os dois lados precisam e querem valorizar e proteger seus ativos. Algumas observações básicas: 1) saibam escolher muito bem os sócios que vocês querem terá 2) ponham tudo no papel desde o início; 3) não briguem; 4) problema trabalhista é um passivo muito grande”.
A próxima etapa do Desafio Brasil acontece em outubro. Confira as empresas participantes.