Ontem no prédio da Intel, em São Paulo, estavam os 10 finalistas do Desafio Intel concorrendo na etapa brasileira do concurso. As startups, criadas por estudantes (seja de graduação, mestrado ou doutorado), passaram a manhã toda apresentando os seus negócios para, no fim, serem avaliadas por um júri especializado da empresa.
Ao chamar cada um dos participantes para ganhar uma placa de participação, os responsáveis se esqueceram de chamar a Bliive que, por acaso, foi a grande vencedora do dia. Com muito bom-humor, Zeh Fernandes, cofundador da startup, foi receber o prêmio pela rede social de economia colaborativa.
A Bliive (não confundir a pronúncia com Believe) é uma rede de troca de tempo. Você pode oferecer, por exemplo, uma hora de aula de espanhol e receber um crédito chamado “TimeMoney”. Cada moeda dessas pode ser trocada por uma hora de qualquer outro tipo de serviço que alguém oferecer.
“A gente quer usar o talento das pessoas e deixar que todas as atividades sejam iguais. Por isso a gente usa a hora como medida – não existe nenhuma mais valiosa que outra. Tem gente que oferece até uma hora de ombro amigo”, explica Fernandes.
A plataforma surgiu em 2013 e até então eles já conquistaram 30 mil usuários, que vieram de forma orgânica, segundo Fernandes. “Nós já ganhamos alguns prêmios, o que nos deu exposição na mídia, onde a maioria nos conheceu”, conta.
Futuro
Os quatro sócios (Zeh Fernandes, Lorrana Scarpioni, Murilo Mafra e Roberto Pompeu) criaram a plataforma sem receber investimentos, e por isso a construíram levando seus empregos paralelamente. No último mês o cenário mudou quando eles foram selecionados pelo Sirius Program, do Departamento de Investimento e Trade do Reino Unido, que levou três dos sócios a montarem um escritório na Escócia e tocar a Bliive de lá.
Zeh Fernandes, que ficou no Brasil, passará um tempo no Vale do Silício, custeado pela Intel. Agora que ele ganhou a etapa brasileira, participará do YouNoodleCamp, onde frequentará cursos com professores de Stanford.
E os próximos passos? Escalar, é claro! “Apesar de já termos ganhado prêmios e estarmos participando do Sirius, ainda procuramos um investidor para nos ajudar a aumentar nossa base de usuários para pode fazer a diferença. Nós já sabemos que as pessoas gostam do que fazemos”, diz Fernandes.
Antes disso, a Bliive está validando alguns modelos de negócios. Um deles é um grupo “premium” para organizações que querem trazer a economia colaborativa para dentro de seu ambiente. Ela paga uma mensalidade e ganha um grupo dentro do Bliive.
Além disso, eles incentivam o encontro off-line para as pessoas trocarem e se ajudarem nos serviços. Normalmente, a Bliive sugere lugares (como bares, cafés, etc) para as pessoas se encontrarem. Agora, alguns donos dos estabelecimentos também podem pagar para aparecer nas sugestões.
E a barreira de entrada? “A confiança. Não é fácil criar algo em que as pessoas confiem, e a Bliive já tem um branding consolidado. Temos todo o sistema funcionando bem, o que nos deixa na frente de qualquer um que tente copiar”, explica Fernandes.
Desafiados pela Intel
Além da viagem ao Vale do Silício para participar do YouNoddleCamp, a Bliive representará o Brasil no Desafio Intel. Agora ela irá concorrer com outros países da América Latina por uma vaga no Intel Global Challenge, competição mundial de empreendedorismo realizada em conjunto com a Universidade de Berkeley, onde poderá disputar por até US$ 100 mil em prêmios.
Mas, mais do que promover um concurso, a Intel busca fomentar e um ecossistema colaborativo com o programa. Segundo Fernanda Sato, gerente de educação da Intel Brasil, o projeto evoluiu junto com o ecossistema.
“O Desafio Intel surgiu há 9 anos, quando mal se falava em startup. O programa nasceu como uma parceria com a FGV e nem focávamos em tecnologia. Começamos a olhar para a parte de tecnologia ano passado, quando percebemos que o Desafio Intel Brasil já havia se tornado autossustentável”, diz.
O foco sempre é na colaboração, algo que pudemos sentir enquanto assistíamos o evento. “O objetivo da Intel é educacional. Nós queremos fomentar o empreendedorismo, algo que ainda não acontece nas universidades. Entendemos que ao promover a cultura empreendedora estamos ajudando o jovem não só para o mercado de trabalho, mas também a gerar empregos”, completa Fernanda. “A exposição que o desafio proporciona para os projetos ajuda muito a conquistar investimentos para as empresas”, comenta.
Os outros finalistas
Haviam várias outras startups interessantes concorrendo também. Curiosamente, muitas delas eram focadas em hardware. “Esse ano o público foi um pouco diferente do ano passado, parece que as pessoas realmente estão mais voltadas a isso”, comenta Fernanda Sato.
Conheça quais foram os outros 9 finalistas que concorreram:
Adoleta
Plataforma para smartphones, tablets e web, desenvolvida para realizar o monitoramento integrado de saúde de crianças de 0-5 anos de idade, permitindo que pediatras e famílias realizem o cuidado infantil através da introdução de dados relevantes de forma rápida e intuitiva. O sistema integra paciente, médico e saúde.
AIT®
AIT® é uma plataforma multifuncional que oferece soluções para coleta, processamento e análise de informações, mostrando a direção do mercado está seguindo. A plataforma foi desenvolvida especialmente para o mercado agrícola.
Antares – Tecnologia de aprendizado
Antares é uma plataforma desenvolvida para ser aplicada no ambiente de ensino-aprendizagem, tornando o currículo mais atrativo para crianças e adolescentes. Sua base são os jogos lúdicos com storylines, desenvolvidos especialmente para capturar e prender atenção do estudante, reforçando o conteúdo das lições através de laços afetivos que serão criados no processo de entretenimento.
ATAR Technologies
O ATAR Ring é uma tecnologia vestível desenvolvida para integrar funções cotidianas em um único dispositivo: abrir as portas, intercâmbiar cartões de visita, desbloquear smartphones etc. O anel utiliza a tecnologia de NFC e comunica-se com quase todo o hardware no mercado, o que torna possível ser seu personal-ID. Paralelo, existe um app para smartphones para gerir as funções do vestível.
BonsTreinos
BonsTreinos é uma plataforma digital sobre fitness, cujo conteúdo é gerado pelo usuário. O aplicativo é desenvolvido para web e mídias social. Frequentadores de academias, profissionais do fitness e fisiculturistas podem compartilhar ideias sobre treinamento físico e é possível acompanhar o progresso e avaliação corporal, ajudando a realizar metas.
Cherub
Plataforma educacional de código aberto, desenvolvida para smartphones e tablets, onde qualquer usuário pode ensinar ou aprender conteúdo da ciência, humanidades e artes. O foco são as crianças do ensino fundamental e jovens do ensino médio.
INFOZIT
Hub de pessoas, tecnologia e serviços – como artigos, fóruns, oportunidades de emprego, qualificação – que promove um ambiente colaborativo para a criação de novas oportunidades no mercado de consumidores de tecnologia, profissionais de software e infra-estrutura.
Kist Company
Solução integrada para streaming de vídeo em alta definição, que compreende um software que usa plataforma YouTube e hardware (câmera e placa ARM embarcada). O objetivo da solução é trazer uma nova experiência em livestreaming, tornando as transmissões mais fáceis.
Project Robot
R1T1 é um Robô de telepresença que permite que os usuários se conectem sem a necessidade de compartilhamento do mesmo espaço físico.