*Por Caio Bretones
O setor financeiro brasileiro tem se atentado cada vez mais à importância de investir em tecnologia. Não à toa, os bancos estimam ter investido R$ 47,4 bilhões em tecnologia no decorrer de 2024, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024. Para se ter uma ideia do significado desse investimento, ele dobrou em um período de oito anos; passando de R$ 19,1 bilhões, em 2015, para R$ 39 bilhões, em 2023 – uma alta de 104%.
Na reta final de 2024, é hora de fazermos um balanço do que avançou nos últimos meses e o que tem potencial para seguir trazendo benefícios em 2025.
Especialistas da consultoria KPMG avaliaram o momento único vivido pelo setor financeiro neste ano e apontaram como algumas tecnologias, como a inteligência artificial generativa (GenAI), trouxeram oportunidades e transformações para o mercado. Como temos acompanhado, as inovações estão em rápida evolução. Se tratando de finanças, elas têm papel fundamental na transformação de processos e aprimoramento de produtividade, além de melhora de eficiência e desempenho.
Difícil falar de inovação sem lembrar dos processos de transformação digital. É por meio dele que as novas tecnologias podem impulsionar verdadeiramente mudanças nos modelos de negócios do setor financeiro. De acordo com dados do KPMG Global Tech Report 2023, a maioria dos executivos de serviços financeiros considera que seus negócios alcançaram desempenhos melhores e lucratividade nos últimos dois anos graças à transformação digital.
O Brasil conquistou um lugar de destaque como um dos países mais avançados na transformação digital das instituições financeiras. O sucesso do Pix é prova disso, e 2025 promete seguir a receita com o lançamento oficial do Drex e a entrada em vigor da estrutura definitiva de governança do Open Finance pelo Banco Central (BC).
Tokenização e criptomoedas
Em 2024, o BC estabeleceu a tokenização e as criptomoedas como áreas prioritárias para a regulamentação. Os temas realmente avançaram e têm o próximo ano inteiro pela frente para possibilitar ainda mais a democratização ao acesso a investimentos em diferentes áreas, como agronegócios e energia renovável. Após o bitcoin alcançar sua marca recorde (US$ 100 mil), os investidores estão ansiosos para acompanhar os próximos preços que o ativo digital pode chegar em 2025.
O enigma da IA
O caso da inteligência artificial merece um destaque à parte. Tendência há alguns anos, foi em 2024 que parece que o tema cruzou barreiras e chegou a diversos públicos. Não é mais assunto de especialistas em TI: ela está, literalmente, na palma das nossas mãos via aplicativo de mensagens, por exemplo. No setor financeiro, as empresas já fazem ótimo uso da tecnologia de formas variadas, como otimizar operações, criar recomendações personalizadas e melhorar a experiência do cliente. Porém, o setor ainda está buscando entender como, principalmente a GenAI, pode ajudar os negócios efetivamente. Sempre
relevante recomendar que haja cautela neste processo, levando em consideração que modelos tendenciosos tomam decisões tendenciosas.
Cibersegurança
Tamanha digitalização do setor financeiro exige uma cibersegurança que acompanhe os avanços. Proteção de dados e segurança da informação devem ser prioridade nas instituições. De acordo com estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 50% dos bancos possuem um profissional de cibersegurança alocado em squads em 2024, no entanto, 79% das instituições enfrentam dificuldade para encontrar profissionais qualificados na área. Temos, então, um campo de oportunidades para o setor em 2025.
Acredito ser válido destacar que inovações por si só não fazem milagre. As companhias e instituições financeiras precisam articular e ter claro quais são seus objetivos. Isso inclui questões comerciais, como experiência do cliente e lançamento de produtos e soluções. A tecnologia tem um potencial imensurável, porém, faz parte do papel de todos do setor planejar etapas, investimentos e metas. E, sobretudo, pessoas. Que 2025 seja um ano não unicamente de fomento à inovação, mas também de resultados para todos: os negócios e os clientes.
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