Nem um mês após surpreender o mundo inteiro com uma das maiores aquisições da história, quando comprou o WhatsApp por US$ 19 bilhões, o Facebook comprou por US$ 2 bilhões a Oculus VR, fabricante do acessório de realidade virtual Oculus Rift.
A maior parte da compra será realizada em ações. Apenas US$ 400 milhões serão em dinheiro, o restante será em 23,1 milhões de papéis do Facebook, atualmente avaliados em US$ 69,35.
O acessório, que foi viabilizado no Kickstarter, transporta as pessoas para uma imersão virtual e foi muito utilizado para o mundo gamer. Segundo o próprio Zuckerberg: “Quando coloca o Oculus, você entra em um mundo completamente imersivo gerado por um computador, como um game ou uma cena de filme ou um lugar muito distante. O incrível desta tecnologia é que você realmente se sente presente em outro lugar com outras pessoas. Pessoas que testaram, dizem que é algo diferente de tudo o que eles já viram em suas vidas”.
Zuckerberg está certo. Eu já testei o Oculus Rift e, pessoalmente, posso dizer que é uma das tecnologias mais incríveis que já conheci, e acredito que uma das mais disruptivas. Mas, ainda assim fica a pergunta: por que o Facebook está investindo tanta grana em um acessório que é tão ligado ao mundo dos games?
O CEO do Facebook comenta que ele não quer abortar a área dos videogames. “Games imersivos serão o primeiro passo, e a Oculus já tem grandes planos nessa área, que não serão alterados e nós pretendemos acelerar. O Rift foi muito antecipado pela comunidade gamer e há muito interesse em desenvolver para essa plataforma”. Até aqui, tudo bem. Zuckerberg ainda garante que a empresa continuará a operar independente do Facebook (discurso praticado em quase todas as aquisições da companhia).
No entanto, os planos mais ambiciosos de Zuckerberg são relatados na sequência: “Isso [o potencial para games] é só o começo. Imagine-se sentar ao lado de uma quadra para assistir esportes, estudar em uma classe cheia de alunos e professores de todos os lugares do mundo ou consultar um médico rosto a rosto, apenas colocando óculos em seu rosto, na sua casa mesmo”, escreve.
O fundador do Facebook vê o Oculus Rift não só como um incrível acessório gamer, mas principalmente como uma poderosa ferramenta de comunicação. “Ao se sentir presente de verdade, você pode compartilhar espaços e experiências com as pessoas em sua vida. Imagine dividir não apenas ,momentos com seus amigos online, mas experiências e aventuras completas”, escreve. Agora sim, começamos a ver um discurso que, de fato, se alinha com o da rede social.
“Realidade virtual já foi um sonho de ficção científica. Mas a internet também já foi um sonho, e aqui estamos com computadores e smartphones. O futuro está vindo e temos a chance de construí-lo juntos. Eu mal posso esperar para começar a trabalhar com toda a equipe da Oculus para trazer esse futuro para o mundo, e abrir novos mundos para todos nós”, escreve o empolgado Zuckerberg.
Vale ressaltar que a aquisição faz muito sentido também para a Oculus VR. Após receber US$ 2,4 milhões no Kickstarter, a empresa continuou a crescer e a chamar a atenção de investidores, que chegaram a colocar mais US$ 91 milhões no negócio. Ano a ano, a Oculus trabalhava muito para melhorar a tecnologia. Na CES deste ano, diversos jornalistas fizeram relatos muito positivos e até mesmo inesperados elogiando a tecnologia. No entanto, ela ainda não estava pronta para o lançamento.
E nas últimas semanas, a corrida para a Oculus começou. A Sony revelou ao mundo que também estava trabalhando no PlayStation VR, um concorrente direto do Oculus Rift. E a recepção do produto da japonesa também foi um tanto quanto positivo.
Ter como concorrente uma empresa como a Sony, que além de tudo ainda é dona da gigantesca marca PlayStation é uma pressão que não deve ser muito agradável. Agora, sob o guarda-chuva do Facebook, deverá ser muito mais fácil enfrentá-la. A batalha por mais esse campo do futuro está apenas começando.